terça-feira, 31 de agosto de 2010

Incoerências matinais

Eu não sei mais estar apaixonada. Não mais. Não desta forma. Não.
Não quero, sabe?
Passei o dia ontem em choque com a descoberta. De ressaca.
No trabalho, na cama, com fome.
Sem comer.
Você não tinha o direito de invadir tudo desta forma, incomodar as pessoas, quebrar meus silêncios e muros.
Quero que você engasgue e morra. Engulo em seco. Fico molhada.
Quero que tudo isso vá embora e hoje mesmo vou no terreiro porque só pode ser macumba- penso. Ou mau-olhado que arrepia e faz com que eu me benza esquisito e sem fé. Não acredito nessas coisas nem em você nem em mim.
E você não vem, não vem, não vem.
Me cala a boca com teus beijos. Beija meus pés.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Foda-se.com.br

Eu chego em casa, depois de dois dias fora e sem acesso a net e as mensagens dramáticas tem que ser minha culpa, claro.

“Não sei porque você acha que te fiz mal. Não quero mais você no meu orkut, msm, caralho de asa.”

Fui deletada. Não me importo.

Sim, eu me importo.

Mas o que me importa é a vitimização antes, durante e depois. Como mantra digo: Foda-se, foda-se, foda-se. Não falei nada demais. Mas sempre falo demais. Ou de menos. Devia ter mandado tomar no cú ou calar a boca de ódio.

Ela foi filha da puta e sempre o foi. Mas eu fico com a fama e o silêncio. Ódio. Ódio. Eu tenho. E não segurei. Não sou sabida e queria dar-lhe uma porrada. Muitas. Fiz pouco.

Não adianta, amiga, dizer que fiz errado. Não atenderei seus telefonemas nem os de mais ninguém, não quero saber que fiz merda. Porque eu fiz pouco. Muito pouco para tanto drama. Devia ter falado a verdade. Talvez bastasse.

Não é o que fazem comigo?

Basta!

Eu devia ter batido nela com força. Nojenta. Porque certos ódios tem sua razão de ser. Talvez eu odeie as mulheres, talvez eu odeie você e a mim. Talvezes demais, não acha? Eu sou isso e essa. Bom que saibamos. Bom que eu saiba.

Foda-se.com.br

Mesmo assim...



Beautiful

Você pode depender incertamente
Conte pra fora e depois ponha o peso pra dentro de novo
Você pode ter certeza que chegou no fim
E ainda assim você não sente

(você sabe sobre tudo)

Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você é
Sim, você é

Você pode ignorar o que você se tornou
Coloca-lo pra fora e ve-lo morrer de novo
Você pode sempre estar lá pra quem é seu amigo
E ainda assim você não sente

(você sabe sobre tudo)

Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você é
Sim, você é

Os pensamentos mais intimos serão compreendidos e.....
Você pode ter tudo o que precisa

Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você sabe que você é linda?
Você é
Sim, você é.


... eu amo você.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Destruída

Alguém anotou a placa do caminhão?

Vejam

Ok, podem me chamar de mórbida, mas esse clip (?) é muito. Perfeito, e muito, muito... muito o quê?? Hã?
Vejam... Vejam...
E sim , é veneno...

Amanheceu, ora pois...

Só mais um conselho, aumenta tudo.

AM-DM

ANTES DA MENSAGEM

"E vira só uma ilusão nessa madrugada".

São seis da manhã, pelo amor de dadá, ninguém que tem uma vida equilibrada está ainda acordada. Mas eu estou. E sim, daqui a pouco vou trabalhar...

DEPOIS DA MENSAGEM

Daqui a pouco estarei na frente de doze pessoas e terei que estar sóbria. Não estarei. Eu vou apresentar um projeto. É sério. Mesmo.

Torço para que ninguém note (como muitas amigas minhas não notaram) que estou completamente bêbada. Sim, pareceria auto-sabotagem se eu não soubesse da tal reunião escutando kiko e checando e-mails. Agora. Quantas horas faltam?

Lí o que escrevi agora e me pareci bem (coloquei todos os acentos e tals). Mas a verdade é que teclo as letras uma por uma e uso corretor (esse texto foi escrito em meia hora porque não quero enfrentar um chuveiro gelado e adoro adiar tragédias)...

Nossa Senhora do babado forte, rogai por mim....

(Eu sou muito boa em português, né não? Mesmo beba?)

Simples

Eu nunca quis você. Normal. Devia saber desde sempre que todas as minhas paixões enlouquecedoras começaram assim.

Nós sempre fomos mais ou menos amigos. Vez ou outra trabalhamos juntos. Eventos e amizades em comum. Convivemos com as mesmas pessoas, ora bolas. Fazemos parte da mesma tribo. Conversamos os mesmos assuntos.

Mas você tem namorada. Simples. Nunca te olhei...

...mentira...

Mas hoje éramos seis, e ela não estava, quatro artistas e mulheres tirando a roupa para você e uma outra fazendo produção, espalhando cartas de tarô sob nossos corpos.

Nú é foda.

As fotos lindas, lindas, e eu querendo que você contasse como viu aquilo. Eu nunca estava na posição certa, eu estava sempre rindo errado, eu era a pessoa com a cara no travesseiro. Era eu que espalhei tudo aquilo?

Então volto ao meu desejo de musa. Quando você desceu, para levar todo o mundo em casa eu te convidei. Volta.

Mensagem dúbia? Dorme comigo, era o que eu queria dizer. Voce aceitaria se eu fosse clara?

Vez ou outra trabalhamos juntos. Eventos e amizades em comum. Convivemos com as mesmas pessoas, ora bolas. Fazemos parte da mesma tribo. Conversamos os mesmos assuntos....

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Tem, mas tá faltando...

Estou numa correria infernal. Chegando em casa dez da noite todo dia, trabalhando ainda por mais umas quatro horas depois disso.

A mala no meio do quarto ainda por ser desarrumada e eu no meio de uma briga de cachorro grande. Não tem nem como não saber meu lado. É da amiga mestra que estamos falando. Mexeu com ela, mexeu comigo.

Apesar de, sem perspectiva de grana. Lisa, lisinha da Silva Xavier. Recebendo propostas de viagens para Natal e para Ouro Preto, tudo mês que vem. Ai, se sesse...

E enquanto isso na sala de justiça minha produção artística pessoal estagnada e eu tendo que entregar meu projeto de conclusão sobre daqui a três meses.

Tem também carência e brotoeja. Roupa suja e pilhas de livros a serem lidos. Novidades para serem contadas e saudades para serem assassinadas.

Tempo? Tem, mas tá faltando.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Para a Borboleta



E como assim, você é tão linda... e tão amada... e tão amiga.

Tens que ser musa.

Tens...

Então, para você que é PB e mesmo assim, tão, tão completamente colorida, amiga... Finja que foi escrito para você. Por mim. Por todos que a conhecem. Pelos que deveriam.

“Sonhar em Casablanca e se perder no labirinto de outra história...”

Porque os filmes nunca serão demais, baby.

Amo-te. Saibas.

Há um porto?

Quando cheguei na minha cidade, a primeira coisa que notei foi a extrema sujeira e as indelicadezas cotidianas, no ônibus, no meu prédio, na minha vida. Coisas que antes me passavam desapercebidas pelo costume do estar. Mas vinda de Mossoró, cidade absurdamente limpa e de Canoa Quebrada, lugar absolutamente sorridente e amoroso, tudo aqui, à primeira vista me pareceu mau-humorado e repleto de falta de higiene e cuidados. Aos poucos os resquícios da minha zona de conforto e os reconhecimentos vários, como o situar-me em certas esquinas e lugares, conseguiram me apaziguar.

Joguei a mala na sala, tirei a roupa de viagem e tentei dormir.

Sonhei que meu ex-marido me ameaçava com facas e dramas. Acordei chorando e tive que tomar banho e ir trabalhar. Fui competente e todos me acharam sorridente e bem-disposta e bronzeada. Não deixa de ser verdade. Canoa Quebrada me encheu de energias boas, mas aqui, agora, parece-me que falta algo. Uma espécie esquisita de saudade do futuro.

Como um algo que reconheci lá em pequenos gestos, em pequenos detalhes, que farão com que aqui, eu só aproveite a energia reposta até poder retornar.

Novamente estrangeira. Novamente...

Até quando?

" Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro? Deve haver um porto. "

Caio Fernando Abreu

E vale a música...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Canoa Quebrada III


E eu que não acreditava em paraíso...

Nós chegando. Lindas, serelepes e glamourosas.

Pés na areia e sim, aqui é meu lugar. Na beira deste mar enterrei meu coração.

Depois do vinho, sessão de fotos. Essa é sim, nós somos cults.

Noite. Noite. Noite.

Dia. Dia.

Dia.

Noite. Dia. Dia. Noite.

Noite.

Noite.

Noite.

E meu corpo coube direitinho na mão dele, minha pele era exata e a dele tinha cheiro de mar.

Sei não... só sei que foi assim...
E quem quiser que conte outra...

Ela contou um pouco mais aqui e aqui.

domingo, 22 de agosto de 2010

Canoa Quebrada II

O mundo é bão, Sebastião!

Filosofia de vida

Este é um texto difícil de começar, talvez pela quantidade de acontecimentos ou de tempo ou de sentimentos que ele deve tratar. Nunca dois dias renderam tanto de todas estas coisas. Além de risos e frases memoráveis e piadas internas.

Então vou começar contando que Borboleta é a partir de hoje, e até que eu consiga pagar a fortuna que devo, dona do meu corpo. Qualquer coisa, rapazes, podem mandar e-mail para ela, que me agencia e discute valores e/ou quaisquer outros detalhes contratuais.

Depois desse aviso necessário, conto que cheguei em Mossoró às duas da manhã da Sexta. Vinho gelado e uma amiga sorridente me esperavam. Fomos dormir amanhecendo, depois de colocar em dia as fofocas. Mais tarde, depois do almoço e de deixar o Samu, o borboleto-mirim (que é um fofo) na rodoviária para visitar o pai, prontas para cair na perdição e na gandaia e promiscuidade, L., amiga gaúcha da Borboleta vem nos buscar.

Aqui, um parágrafo especial para falar dessa criatura do Sul. L. é divertida, abusada, inteligente e foi indispensável para garantir as gargalhadas constantes que preencheram essa viagem do começo ao fim. Além de dirigir bem e rápido o que nos fez chegar em Canoa Quebrada vivas e ligeirinho e maquiar divinamente, o que garantiu beleza e glamour durante as duas noites que lá passamos.

Descobrimos nossa pousada e que abusada que nós somos, ela tinha um terraço com vista para o mar e um barzinho logo embaixo do nosso quarto, onde o dono nos tratou como rainhas. Finalmente descobri minhas almas gêmeas praieiras, pessoas que concordam com minha filosofia de vida que consiste em sentar num barzinho, tomar cerveja, comer frituras e só dar uns mergulhos para fazer xixí e garantir o cabelo sexy-beach. Nada dessas caminhadas exaustivas e sem sentido, esportes radicais ou tentativa de queimar calorias de qualquer espécie.

Anoitece, o bar fecha, mas nos continuamos bebendo (desta vez vinho) no nosso terraço. Banhinho necessário, roupinhas fofas, maquiagem em ordem, nos encaminhamos para Broadway. Sim, queridos e queridas, a rua principal em Canoa Quebrada chama-se como aquela avenida famosa. Jantamos, bebemos, bebemos mais, mais um pouco, jogamos sinuca. Então, eu que já tava bem trabalhada na embriaguez tento assassinar a maquininha de tiro ao alvo. Não consegui, resolvo deixar minhas companheiras e circular pela rua, entro em lugares estranhos com gente esquisita e decreto internamente a falta de homens interessantes.

Resolvemos voltar para a pousada que ninguém tinha pegado ninguém e já era tarde.

Ao descer a ladeira que nos conduzia ao conforto, encontro uma figura bem simpática que se chamava Jura e morava num castelo. Sério. Foi no terraço deste castelo que o escutamos tocar violão e que eu o batizei de Totó, porque não estávamos mais no Kansas.

Nos despedimos de Totó, o princípo, e chegamos na pousada. Eu querendo porque querendo ir para um tal lual. Quando bati na porta pedindo as meninas que se encontravam dentro do quarto para abrirem para mim que o trinco tinha sumido, notei que a situação não permitia que eu continuasse minha incursão na noite de canoa Quebrada. Fomos dormir bêbadas e decididas a nunca mais passar fome, tal qual Escarlet. (continua...)

sábado, 21 de agosto de 2010

Canoa Quebrada I


A noite me chama, eu tenho que ir pra rua. Segue foto e um abraço.
Um dia eu volto quem sabe...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quase não dói.


Amores e amoras, estou tomando vinho em Canoa Quebrada com Borboleta e L. no nosso terraço particular com vista para o mar e a lua. Logo mais iremos flanar por aí. Mas deixo de presentes para vocês o que estamos escutando agora. Ismália, o primeiro dos muitos presentes e surpresas desta viagem. O mundo é bão, Sebastião.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Egos e paus e eu tô chegando.

Ontem soube de um show que ia rolar no Centro. Toda trabalhada no Black e no delineador consigo arrastar a amiga mestra e F., querida que está morando em São Paulo e veio ministrar uma palestra sobre arte conceitual por essas bandas, além de nos ajudar no nosso projeto de forma geral, ampla e escrava. Foi quase um milagre conseguir fazê-las sair de casa. Mas eu sou insistente. Eu sou chata. Eu sou crí-crí.

Chegamos cedo no bar em que ia acontecer o tal show. Lá a garrafa de cerveja era virada num copo enorme, de acordo com os donos para permitir a liberdade do cliente circular livremente. Então tá. Para mim, o resultado era a ilusão de beber num copo americano e não 600 ml inteiros. Obviamente, embriaguei-me.

Mas antes disso rimos muito, falamos (claro!) de arte, colocamos as fofocas em dia e eu tentei bravamente rebater com argumentos convincentes o cansaço das amigas com a noite e as pessoas desta cidade. Só que num ponto elas têm razão. Aqui onde eu moro parece que ser antipático te dá automaticamente um atestado de cult. Não gosto nem de antipáticos nem de cults (que pronuncio como cú mesmo). Ódio mortal e eterno. Inveja, dirão alguns. Vá se fuder, respondo eu.

Vejam bem, amiga mestra é uma reconhecida artista contemporânea das bandas de Brasília, F. uma estudiosa do assunto das mais brilhantes. Ajudaram e ajudam grande parte da galera que está iniciando sua trajetória artística aqui na cidade. Podiam ser uns porres e se revestir do manto de superioridade que a experiência deu-lhes o direito de usar. Mas não. Elas são simples, legais, abertas e sorridentes. Aí vem neguinho que montou uma exposição mixuruca, tem um zine ou toca numa banda alternativa qualquer se achando no direito de fingir que não conhece e empinar o nariz? Custa muito ser delicado? Tentar articular uma conversa agradável? Dar dois beijinhos? Controlei a vontade de mandar uma boa meia dúzia ir dar meia hora de suas bundas metidas. Mas deixei para lá e me concentrei em quem vale a minha pena.

Num certo momento da noite elas tentaram me convencer a não viajar. Eu quase caio na esparrela da culpa. Porque quando programei minha ida para Mossoró, eu tinha esquecido que esse final de semana era uma das etapas de um projeto que articulamos junto com outra universidade. Blá blá blá, wisckas sachê e chegava hoje para dar uma palestra nesse evento um cara que eu TINHA que conhecer. Aí me toquei. Elas queriam-me como guia turística e divertida. Raparigas. Perguntei se ele ia casar comigo ou pelo menos elas garantiriam uma noite de sexo selvagem e ardente com o tal artista-estudioso fodão. Não? Então eu vou viajar de todo jeito, baby. Mas elas são insistentes. Elas são chatas. Elas são crí-crí. Me contam do programa Sobrevivi! do Discovery onde uma pessoa tinha sido engolida por um hipopótamo. Como assim, Bial? Elas rogam praga. Juram que eu encontrarei um hipopótamo que me engolirá no mar de Canoa Quebrada. Não cedo e bato no plástico vermelho três vezes.

Rimos mais, chega mais gente conhecida, vão embora outros conhecidos e amiga mestra e F. resolvem também fazê-lo. Eu fico. Encho o saco de mais alguns, tomo mais umas cervejas e volto para casa com C., que além de linda de marré descer (everebody loves C.) é uma outra artista brilhante e seu ficante lindinho. Uns fofos. Aguentaram bravamente minhas piadas bêbadas e sem-graça até me jogarem na frente do meu prédio.

Acordei meio assim, meio assado. Abusada. Achando que a vida é apenas uma ressaca após a outra com cachaças divertidas e outras nem tanto no meio. Mas sei que a que esvoaça salvará minha alma descrente desse mundo onde os egos são maiores que os paus. Amém.

Tô chegando, baby!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Detalhes

Não sei onde lí, mas sei que. Um post sobre coisas que ninguém sabia sobre aquela que escrevia. Na época pensei no porque de alguém se interessar por esses detalhes.

Aí conheci a Borboleta, amor da minha vida, comecei a “namorar” o Fred (que já me abandonou), me encantei com ele e ela e ela, rí muito com esse aqui. E tantos outros e outras que tem lugar garantido no meu coração e na minha vida. No final das contas, é como se um círculo pequeno, porém fiel de amigos queridos tivesse se formado. Mas apesar do carinho que sinto, é gente que não convive comigo, não sabe de mim nem eu sei deles além do que escrevemos. É muito? É pouco? Não sei dizer...

Mas enfim, este post é para vocês. Pequenas coisas que gostaria de contar e que gostaria (também não sei bem porque) de saber.

- Eu já tive um bar.

- Nunca aceito panfletos na rua. Nunca.

- Sou filha única.

- Só pinto as unhas de vermelho. E as rôo.

- Odeio filme de terror. Tapo os olhos em cenas de violência e sinto junto quando vejo alguém passando ridículo na TV.

- Nos últimos dois meses só liguei a televisão duas vezes.

- Cozinho bem, sei costurar e faço crochê. Enfim, sou uma mulher prendada.

- Quando eu estou ficando bêbada começo a jogar o cabelo de uma lado para outro.

- Jogo sinuca muito mal. Mas jogo sempre que posso.

- Fumo muito. Hollywood, o sucesso. Baixaria, eu sei. Desde os quinze anos.

- Teve uma época em que eu só usava roupas escuras.

- Já tive cinqüenta e seis quilos, já tive setenta e seis quilos.

- Tenho cinco tatuagens, uma delas bem grande nas costas.

- Todos os cachorros que já tive eram batizados com nomes de pintores famosos.

- Tenho mania de arrumar as coisas que ficam em cima da mesa de bar de forma milimetricamente equilibrada, sou quase uma bebum obsessiva- compulsiva.

- Escrevo também num blog erótico.

- Não gosto de forró, música sertaneja nem pagode.

- Eu danço de olhos fechados.

- Eu já cursei Letras e Turismo e abandonei ambos.

- Fui gerente de vendas durante muitos anos da minha vida. E só andava de salto alto.

- Eu fui uma criança tímida. E uma pré-adolescente viciada em romances de banca de revista.

Bom, é isso. Acho que basta. E vocês, o que me contam?

E a música é essa.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu sou um poodle

O sonho

A realidade

Eu sou um poodle. Porque eu mereço e meu pai é Murphy. Trabalho como uma escrava a manhã inteira e decido ir correndo na hora do almoço ao salão pintar o cabelo e fazer as unhas. Até aí tudo bem, mas folheando revistas alienantes cismei que um determinado corte ficaria muito bem em mim. Eu devia ter imaginado que não, já que a mulher que me inspirou loucuras capilares era loura, ou seja, tinha genes superiores aos meus. Mas eu tinha que dar a fatídica ordem:- Corta. E claro que a rapariga sádica munida de tesoura tinha que obedecer e matar meus cachinhos. E navalhar minha sobrancelha. E não me digam que eu deveria tê-la mandado parar, ela estava armada, afinal de contas. Olho no espelho, engulo o choro que já sou uma mocinha, tiro o dinheiro da carteira com unhas vermelhas e saio falando sozinha, xingando todos os salões de beleza do universo.

Aula. Discussão feia com um bando de machistas nojentos. Uma colega me faz de longe um sinal para pentear o cabelo. Berro ainda mais alto impropérios contra os porcos chauvinistas que nos obrigam a obedecer os ditames da moda e dos padrões de beleza em nome da perpetuação da espécie.

Final da tarde eu chego na casa da amiga mestra. Reunião para acertar os últimos detalhes de um projeto. Tentam me consolar e dizem que meu visual está assim... anos oitenta. Faço cara de poucos amigos e mudo de assunto. Sugerem que eu adie minha viagem. Ah, mas nem morta, baby. Resolvo voltar para casa que a exaustão e o ódio já tomam conta do meu ser.

Pego o ônibus com uma mala que pego emprestada com a amiga mestra. Ônibus errado. Ando quase vinte minutos até chegar ao fiteiro perto de casa e implorar por quatro latinhas de cerveja. Resmungo sobre como o mundo é cruel e como odeio tesouras e motoristas e projetos e peso. A sujeita que ensacola minhas cervejas diz que o importante é que eu esteja com saúde e viva.

Tá porra, eu sei! Mas eu sou um poodle. E deixa eu resmungar que eu tô pagando.

Sol

Café, anti-depressivo, pedreiros barulhentos, banho frio, telefonemas de pressa, cabelo preso, brinco comprido, sandália baixa, esvaziar cinzeiros, colocar lixo para fora, atraso, rua, perdi o óculos escuros, sol, sol, sol.

- Bom-dia para você também.

domingo, 15 de agosto de 2010

Dia do solteiro

Ser solteira é poder usar más
caras que vão te deixar horrorosa (para logo depois ficar linda) sem ninguém para te chamar de satã e fazer o sinal da cruz.

Eu tinha postado alguns textos que serviriam como uma espécie de prévia para comemoração do dia do solteiro, que é hoje. Prometi que eles seriam diários e não cumpri já que me deu preguiça e tal e coisa e coisa e tal.

Mas enfim, eis que o dia chegou e eu estava pensando a respeito enquanto cedia ao pecado da vaidade na frente do espelho com uma pinça e olhos cheio de lágrimas.

Dizem que as pessoas casadas vivem mais. Eu acredito. Mas não tão intensamente.

Não sou a favor de libelos, e com certeza não faria questão de abrir mão da liberdade que tenho hoje em prol de uma relação bacana. Não faço da solteirice uma bandeira, mas que ela é muito divertida... ah... isso é.

Sinto isso quando saio às três da manhã e vou na conveniência comprar cigarros e um vinho sem dar satisfações à ninguém. Quando me dou ao direito de ler até tarde ou escutar músicas que só eu gosto no último volume. Quando escolho a saia mais curta, a bebida mais forte, o caminho mais longo e o beijo mais demorado.

Claro que tem medo e carência e por vezes eu trocaria meu reino por um cafuné, mas independente disso, sim, hoje eu tenho muito o que comemorar. Vamos nessa?

Nós vamos invadir sua praia

Acordei hoje com vontade de praia. Amiga Leãozinho teve que ir resolver problemas de rupturas afetivas e não pode me acompanhar. Mas no nosso telefonema matinal garantiu que iria para Mossoró/Canoa quebrada comigo próximo final de semana. Desisto da praia e vou tomar café-da-manhã na padaria. Ah, os prazeres simples do Domingo!

Ligo para o amigo amado querendo saber onde ele está. Viajando à trabalho. Volta Sexta. Digo que não estarei aqui e conto dos meus planos. Coincidência das coincidências, ele afirma que estará semana que vem por perto das bandas da Borboleta, em Cuité, então marcamos de encontramo-nos em Mossoró e seguirmos todos juntos para quebrar a canoa de acordo com a programação feita pela que esvoaça.

Amiga, este post é um aviso: Nós vamos invadir sua praia! Quem mandou resolver amar uma pessoa como eu? Da próxima vez faça amizade com o povo do Sul, que é fino, chique e conveniente.

sábado, 14 de agosto de 2010

Mensagem para R.

Minha linda, minha flor, meu xuxú, que saudades!!!
Soube da casa pelo amigo amado. Fico feliz que tenham conseguido e imagino o trabalho que deve estar dando. Casa é fogo! Mas sei que lá plantarão amores e felicidade. Torço para.
Também eu fico com raiva dos meus vacilos, mas acredito que faz parte do processo. Quebrar a cara vem no pacote no final das contas, não?
Jure que quando nos encontrarmos você não vai brigar comigo. Jure! Jurou? Então que tal pegarmos uma praia amanhã? Meu telefone é xxxx-xxxx. Aguardo seu contato. Só não te ligo hoje porque meus 10 royal de bônus diários já se foram. Sou pobre, mas sou limpinha.
Tenho encontrado seu irmão vez ou outra e ele me disse que vocês mal estão se falando. Porque? Aconteceu algo?
E você e D., como estão as coisas (nunca fale do blog para ele, viu?!)?
Claro que sinto falta de W., da segurança e do amor garantido, mas eu tinha que sobreviver. Nossa relação nunca foi equilibrada, você mais do que ninguém sabe disso. Sei que essa dor e esse vazio vão passar, mas até lá tenho tentado me controlar para não voltar correndo e pedir penico. Implorar que ele me aceite de volta.
É duro estar sozinha.
No final das contas, agradeço não termos tido filhos. Ia ser bem pior, imagino.
Falando em filhos, beijos em J. Como ele está? Aborrecente?
Amo você. Sabes, não?
S.


P.S: Oxalá
Madredeus
Composição: Pedro Ayres Magalhães

Oxalá, me passe a dôr de cabeça, oxalá
Oxalá, o passo não me esmoreça;

Oxalá, o Carnaval aconteça,oxalá,
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, eu não ande sem cuidado,
Oxalá eu não passe um mau bocado;
Oxalá, eu não faça tudo à pressa,
Oxalá, meu Futuro aconteça
Oxalá, que a vida me corra bem, oxalá
Oxalá, que a tua vida também;

Oxalá, o Carnaval aconteça, oxalá
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, o tempo passe, hora a hora,
Oxalá, que ninguém se vá embora,
Oxalá,se aproxime o Carnaval,
Oxalá, tudo corra, menos mal


Alho

Cara, caramba, cara, caraó. Lembrei agora quando fui na cozinha pegar meu pacote de Negresco. O ator tava com o pé enfaixado. E eu com minhas manias macumbísticas queria porque queria enfiar um dente de alho dentro da enfaixação. Vejam bem, senhoras e senhores, eu praticamente o ameaçei com a faca que tinha servido para cortar o tal dente de alho. Quem não fugiria?
E sim, eu desisti de ir trabalhar. Porque hoje é Sábado.
Obrigada pela atenção.
Sem mais no momento.

Ele não quer. Simples assim.

As vezes alguém escreve algo que você queria ter escrito. Hoje aconteceu comigo. Roubei daqui. Vão lá, vão lá.

"nota fundamental de esclarecimento
Porque parece estar havendo alguma espécie de confusão no meidicampo: Não é que o cara não escreve pra você porque ele está ocupado, viajando, cuidando da fazendinha feicibúnquis, doente, com muito trabalho, com os meninos no final de semana. Ele não escreve pra você porque ele não quer."
Obrigada por lembrar, Fal. Levou um tempinho, mas eu aprendi. É verdade mesmo. Não ligou porque não quis ligar. Não enviou e-mail porque não quis enviar. Não mandou SMS porque não quis mandar.Quanto tempo você leva pra ligar, enviar um e-mail ou SMS só pra dizer "e aí, tudo bem? nossa, tô trabalhando demais/ minha mãe tá doente/ meu cachorro morreu. assim que as coisas melhorarem eu te ligo"?
Eu levo menos de cinco minutos. Então é assim que funciona. Ele não tá a fim de você. Mesmo. Das poucas vezes em que quis que ficasse claro e reiniciei o contato depois de um sumiço, a única coisa que ganhei foi um menino sem graça que não sabia como dizer que pra ele não ia rolar mais. Então agora o máximo que eu faço é pedir pra uma amiga:-Pesquisa aí rapidinho pela Internet, só pra ver se não morreu.

Pensamentos profundos

Menina, a lista de cães é grande e a ressaca maior ainda. Ontem saí da reunião e fui encontrar amiga E. no Centro para tomarmos uma cervejinha. Chegam Financial-man e um amigo Português. Conversamos, rimos e eu boazinha que sou o perdôo pelas merdas passadas. Resolvemos ir para o bar ao lado da universidade.
Para quê?
Numa mesa ao lado da nossa, juntos, homem-carcará, homem-teflon e ex-namoradinho. Em outra o filósofo. Chega o menino-cozinheiro que nunca mencionei aqui, mas que já rendeu outras histórias.
(Intervalo para um pensamento profundo: O inferno é cheio de cão!)
Financial-man vai embora. Comento com amiga E. que o amigo Português dele muito me interessou. Bebo para esquecer os “probremas”. Bebo um pouco mais. Chega amiga A., seu menininho e Demo-gay. Dou em cima de Demo que é gay. Mais bebida. Chamo o menino-cozinheiro para vir para casa conosco. Ele recusa. Como já dizia a sábia Iza, um dia eles desistem de mim de vez.
(Intervalo para um pensamento profundo: Minha hora chegou? Desistiram de mim?)
Já devidamente alcoolizada que os “probremas” eram muitos e estavam todos presentes, resolvo ir para casa sem lenço, sem documento e sem o menino-cozinheiro. Paramos antes no posto para comprar o vinho do último suspiro.
Quem eu encontro? O ator que fez da minha cama palco dia desses. O que eu faço? Resolvo aceitar o convite para ir com ele e o amigo para uma festa nãoseionde. Essa seria a hora que minhas amigas tentariam intervir e me enfiariam dentro do carro, mas elas sabem que não adianta. Nunca tentam. Infelizmente.
Blitz. Bafômetro. Ex-marido no carro da frente.
(Intervalo para um pensamento profundo: O inferno é cheio de cão!)
Não fomos para tal festa, conseguimos de alguma forma nos livrar da multa e da poliça e viemos para minha casa. Amiga E. dormindo. Eu escuto música com o ator e seu amigo. O ator resolve ir embora sem nem me dar um beijinho que seja.
(Intervalo para um pensamento profundo: Minha hora chegou? Desistiram de mim?)
E com licença que vou trabalhar agora. Tenho uma reunião daqui a pouco. Ah, o filósofo estará presente.
(Intervalo para um pensamento profundo: O inferno é cheio de cão!)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Suspiro de Agosto

Não tenho preconceitos com o mês de Agosto, gosto inclusive dos ventos que parecem assobiar assombrados nesse final de Inverno. Mas estamos tão acostumados a temer os cachorros loucos que dizem habitar esses trinta dias, que hoje acordei quase assustada com o calendário.
Quem me conhece sabe que por trás da fachada de independência e ironia, sou uma romântica. E uma crédula. Me entristece ver o que tenho perdido ou escondido para tentar sobreviver nesse mundo cheio de sentimentos e atitudes cortantes. Visto armaduras e cavo fossos ao meu redor, tento me afastar da dor que podem me causar. Fico assim, cada vez mais distante da pessoa que realmente sou. Neste mês e em todos os outros é esse meu fantasma, minha assombração, meu mau-agouro.
Tenho sentido falta de carinhos e redes balançando e de cortar milimetricamente tomates para molhos amorosos e vermelhinhos. Tenho encompridado olhos para delicadezas e afagos e cafunés. Tenho suspirado por mãos nas costas e beijos atrás da orelha ou risadas cúmplices.
E ontem, fui reler as coisas que tenho escrito e como me pareceu óbvio o processo de reconstrução de mim mesma. Dor seguida de anestesias seguida de carência e saudade. Já falei que também sou previsível?
Daqui a pouco tenho uma reunião onde assuntos chatinhos serão discutidos. Semana que vem tenho muito trabalho acumulado para colocar em dia. Então hoje meu sal grosso é pensar que no próximo final-de-semana me fartarei em mimos e amizade lá em Canoa Quebrada. Onde poderei reunir novamente a energia desperdiçada em sobreviver.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Coisas estranhas


Liga a amiga E. agorinha:
- Tás fazendo o que?- ela pergunta.
- Lendo Eu dou para idiotas. Vem para cá?
- Nada, vou dormir.
- Menina, que noite a de ontem, né?
- Pois é, o policial-boy deixou um grande beijo para você quando eu fui abrir o portão para ele hoje de manhã.
- Foi, é? Cara estranho...
- É, eu escutei. E amiga, só pessoalmente para eu te contar coisas estranhas...
Medos, muitos medos...
Mas para contrabalançar, eu sou uma mulher com uma alimentação saudável e equilibrada. A singela fotinho acima, tirada hoje assim que voltei da minha aquisição de suprimentos comprova.
It´s my life, senhoras e senhores.

Imprensadinha

Ontem mortinha de sono Xavier e amiga E. chega aqui em casa. Dois amigos dela logo depois com muitas cervejas e uma garrafa de Sapupara (Cururú-stop para os íntimos).
Varanda, risos e a gente resolve brincar de imprensadinha. Motivo para virar copos de cana e lavar com a cerveja. Minhas boas intenções foram para o beleléu- penso. Tento manter o ar blasé quando a certa altura da noite eles perguntam:
- A gente pode guardar as nossas armas em cima da estante da sala?
Eles eram policiais. Não gosto dessa gente. Não gosto de armas. Mas resolvi confraternizar com o inimigo e relevar meus preconceitos. Até a terceira cerveja quando discorro sobre a corrupção que assola a nossa polícia. Mas eu sou volúvel e má e não tenho princípios nem dignidade. Então na sétima cerveja já estava concordando com a pena de morte. Na décima eu dancei forró. Na décima quinta eu fui para cama com um deles.
Acordei ressacada e tentando me convencer que sou adulta, vacinada, independente e usei camisinha, então não tinha do que me arrepender.
Me arrependi.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Concepção

Resolvi que já estava na hora de ser uma mulher responsável. Então por esses dias tenho trabalhado muito, estudado horrores e tentando me comportar. Ontem até três da manhã fiquei trabalhando na edição de um vídeo para uma exposição em Brasília. Fiquei tão orgulhosa com o resultado, que hoje ao assisti-lo finalmente pronto e redondinho na casa da amiga-mestra, chorei feito uma criança. Não só pelo esforço que o tal vídeo demandou, mas também porque ele usa como argumento as cartas que meu pai escreveu para minha mãe antes de abandonar papel e caneta e nós duas.
Engraçado que durante o trabalho propriamente dito o meu foco era puramente estético, distanciado, seco.
Como explicar o milagre? Uma amiga disse-me uma vez que fazer arte é carregar um filho não-desejado. Mas só até o colocarem junto à você. Aí só o que te toma é um amor grandioso e uma felicidade plena. Nunca tive filhos, mas acho linda, linda, essa descrição. Porque eu acredito no alívio depois da dor, eu continuo a conceber. Que essa capacidade nunca se perca de mim, peço humilde ao divino.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Murphy é meu pai II

Lembram do vazamento de gás? Pois é, acabou. O gás também. Sem cheiro, pero sem café.Em menos de quinze dias.
Briguei com uma amiga.
E ainda não são oito horas da manhã.
Fui olhar meu horóscopo e lá diz que hoje é o dia mais baixo da minha mandala astrológica. Alguém pelo amor de dadá sabe o que isso significa? Mata? Morde?
Medos, muitos medos...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Murphy é meu pai

Saio para pagar as contas. Cadê dinheiro que ninguém viu? Não depositaram minha grana. Volto para casa puta e devedora e ligo para trazerem o garrafão de água mineral que tinha acabado. Duas horas depois ligo de novo. Cadê, porra? A Senhora mora mesmo no 304? Caralho, dei o número do apartamento errado. Agora só à noite. Tô doida?
Boto uma blusa de manga porque está friozinho e mal saio de casa o sol abre-se num esplendor infernal. Calor. Assisto aula tombando de sono. Aguento firme á base de café.
Saio mais cedo e vou no cara que me faz crer nos poderes da alopatia pesada pegar receitinhas milagrosas para mim e para a amiga-mestra. Foi rapidinho, pensei. Ufa!
Chego na farmácia e a balconista: Ouxe, essa receita é de Junho. Nosso dotôzinho tinha escrito a data errada. Espero mais uma hora até ele desocupar e refazê-las.
Preocupada que estava com stress da amiga-mestra, resolvo voltar na universidade para entregar as receitinhas milagrosas da bichinha. Desço do ônibus e o sol se vai e a chuva resolve encanivetar-se na hora que o sinal abre, e antes que eu conseguisse atravessar a rua.
Ensopada, chego na sala que amiga-mestra dá aula e abro a porta. Quem tá do lado da porta e pega no meu braço? O filósofo filho-da-puta que me deu um fora dia desses, todo se enrisonhando pro meu lado. Largo a receita na mão dele e me mando.
Voltando para parada de ônibus, encontro um colega. Começamos a conversar e eu achando que ele tava me olhando com uma cara estranha. Chego no trabalho e a reunião tinha sido adiada. Puta que os pariu. Vou no banheiro e meu sutiã preto de bolinha branca grita por baixo da blusa verde-clara molhada. Entendo os olhares estranhos do colega e quase penso em ficar trancada no banheiro para sempre.
Mas sou Brasileira e não desisto nunca. Me arrasto até em casa. Chuva ainda. Abro o portão e uma menina me encara e pergunta:
- A senhora mora aqui?
Vontade de dizer, não porra, eu sou uma assaltante que tem a chave dessa merda! Mas eu sou fina, luxo e glamour e confirmo. Pra quê?
- É porque eu sou do censo, posso subir com a Senhora e fazer umas perguntas?
Não, não pode. Eu não vou pegar uma pneumonia por causa do IBGE. Ela diz que volta à noite.
Tiro a roupa molhada e olho uma das três latinha de cerveja que estão na geladeira. Decido tomá-la ao invés do ansiolítico e ir dormir. A infeliz tá congelada. Todas elas estão.
E a menina do Censo que se entenda com o cara da água mineral porque eu vou dormir sem cerveja mesmo e não abro a porta para mais ninguém que eu to é com medo.

Matemática

Vejam como a matemática pode ser útil. Ou desesperadora.
Oito horas de sono, acordei às onze da noite, dezesseis horas que “enquanto seres humanos” conseguimos nos manter acordados sem cambalear e cair de cara no chão. Beleza! Dá para manter minhas atividades normais até às três da tarde de hoje. Estarei no meio de uma sala de aula. Oh! Virgem de Guadalupe, rogai por mim!
Cedinho tenho que sair para pagar contas. Minha casa parece que foi atacada pelo monstro do vinho. Meu lençol está ruebro, assim como o chão do quarto e da sala. A pia está cheia e a geladeira está vazia. Faxina e compras, pois, depois. Tenho que justificar as minhas faltas no trabalho à noite. Ah, e tem a porra do cheiro de gás que invadiu o apartamento. Talvez eu possa usar uma intoxicação como desculpa às minhas faltas, quem sabe...
Fudida é meu segundo nome.
E eu não sei não me cuidar, ora bolas. Foda-se. Li em algum lugar que quando você sai de uma relação séria, volta a ter a idade mental e emocional de quando a começou. Estou com vinte aninhos, apenas, não me exijam maturidade.
E viva a matemática e as teorias que justificam irresponsabilidades. Amém!

domingo, 8 de agosto de 2010

Com Xico Sá eu caso.


Amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobres moços, neste panfleto testosteronizado. Sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.

Destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem ai para a nossa carta aberta, recortem e colem nas geladeiras , tirem uma cópia e preguem no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira, deixem esta crônica grudada na tv, mas não antes do futebol, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance deles.

Amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. Amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por ai. Horrores ao nosso respeito. O pior é que elas estão cobertas de razão como umas Marias Antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.

Cabróns, estamos sendo tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.

Prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. A maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. O que é isso companheiros? Fugir à melhor das lutas? Nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte.Ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. O que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar seqüência à historia?!

Amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. Nos enganamos. Erramos feio. Em muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noite, ora direis, ouvir estrelas!

Por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? Ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.

Sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com laços afetivos. Primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de ser um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós. Enquanto permanecermos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” –“eu tô cafuso”, como dizia Didi Mocó!-, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. Afinal de contas para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?

Amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. Amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí acima.

Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. Falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade.

Niilista

Oito da matina e eu de olho vermelho de pseudo-insônia. É que tenho trocado dias por noites e vice-versa.
Resolvo respeitar a trilha sonora da vida e não ouso escutar meu Chico nem minha Nina nestas horas que dediquei à esperar o tempo passar. Madrugada ao som de cachorros uivando, bêbados que passaram gritando obcenidades delirantes, carros guinchando em freios. Muito silêncio também. Cinzeiro cheio, cama e coração vazios.
Há uma hora atrás, o cantarolar exaltado de alguma vizinha de muita fé, deixando-me entender apenas as palavras Jesus e perdão no seu estranho e musical despertar. Sinto uma onda de ternura que só me invade porque invento-a como personagem de uma triste história em que ela perde o grande amor da sua vida e enlouquece. Ela desafina.
Penso em ir para a Igreja, acompanhar minha criação, afinal hoje é Domingo. Lembro que não acredito mais nas instituições de forma geral. Niilista, como diria uma amiga. Uma pena, eu completo. Ah, mas como eu queria acreditar que tudo vai acabar bem.
O cheiro de gás é insistente e toma conta do apartamento. Me dá dor-de-cabeça.
Tenho que lembrar de pedir a alguém para resolver esse problema.
Tenho que pagar as contas.
Tenho que dormir.
Estava escrevendo sobre o que mesmo?

Piada

Encontrei um ex-amor dia desses. Na época em que ficamos juntos eu tinha um blog (qualquer dia tomo coragem e coloco o endereço aqui) que ele visitava sempre. Por isso comentei que tinha voltado a escrever. Acho que até dei o endereço daqui.
Ele me sai com a piada abaixo:
Numa pesquisa para saber a capacidade do organismo em aguentar alcool, pesquisadores utilizaram-se de um fofo ratinho. Deram a primeira dose e o ratinho manteve-se sóbrio. A segunda e ele cambaleou um pouco, a terceira, a quarta.
Na quinta dose o ratinho começou a escrever um blog confessional.

Um dia desses

Uma amiga minha dia desses me contou de um cara que ligou para a garota e marcou um segundo encontro. E um terceiro. E outros. Me disse que ele também mandava flores, abria a porta do carro e gostava de sexo (e com mulheres!). De literatura. De bons filmes. E ele era bonito e tinha um emprego decente.
Eram três da manhã, e eu tinha levado dois foras num mesmo final-de-semana e estava bêbada, isso provavelmente contribuiu para que em alto e bom som, eu afirmasse sobre a história:
- Lenda urbana!

Imatura

Ontem eu fiquei bêbada. Muito, mas muito, muito bêbada.
Comecei no chopp às sete da noite num shopping, com minha comadre e um amigo dela. A comadre foi embora, e continuamos, eu e o amigo dela nossa peregrinação etílica num boteco onde encontramos amiga A. e seus colegas de trabalho. Três horas depois nos despedimos de todos e seguimos os três em busca do menininho de A. Fomos para o bar perto da universidade. Fui convidada a cantar. Desafinei. Cantei baixo. Passei vergonha. Bebemos mais. Deixamos o amigo da comadre em casa e paramos num posto onde compramos duas garrafas de vinho e várias carteiras de cigarro. Viemos para minha casa e continuamos a beber.
Abri meu e-mail, taça na mão e o ex-marido tinha mandado uma mensagem seca, grossa e relativa à dinheiro.
Desabei.
Gritei muito.
Ódio. Raiva. Mágoa. Tudo veio à tona.
Respondi com grosseria ao tal e-mail. A amiga A., compreensiva e delicada que é me obrigou a sair da frente do computador e ver filme com ela e seu menininho.
Passei o dia hoje arrasada. Na cama. Vomitando no banheiro. Na cama. Vomitando no banheiro. Bebida mais explosões emocionais sempre cobram um alto preço.
Só agora é que tive coragem de verificar novamente minhas mensagens, a resposta do ex-marido ao meu desabafo bêbado e mal-escrito já estava lá. Entre outras coisas fui chamada de imatura, irresponsável, inconsequente e ingrata. Ele deve saber do que está falando.
Eu, só o que sei é que nada dói tanto quanto o final de um grande amor.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Boba

Quando descobri Sex and the city eu tinha vinte e nove anos. Tinha sido educada para acreditar que o casamento era a realização de toda mulher. Que não se falava de sexo. Que era errado querer estar com minhas amigas ao invés de lavar cuecas. Eu estava me separando nesta época. Pode não parecer sério, mas era sim.
Para vocês terem uma idéia, passei quase dois anos sem visitar a minha avó amada porque não conseguiria suportar seu olhar de pena (ou seja lá o que viesse de seu coração) e suas palavras por não ter conseguido manter minha relação.
Não, não foi nenhuma grande revolução. Esta já tinha acontecido em mim quando li Jorge Amado. Mas foi bom e agradável saber que certas coisas que eu pensava e não falava eram escancaradas nesta minissérie. Digamos que era uma pausa para tomar água no meio da batalha.
Muitas coisas aconteceram desde então. E hoje, aos trinta e cinco anos e quatro meses, ganhei da minha mãe o DVD pirata do segundo filme.
Já tinha lido muitas críticas sobre o filme e estava com medo de assisti-lo, confesso. Mas gostei. Ponto.
Claro que é o filme é superficial, mas nem sempre temos que travestirmo-nos de Simones para falar do feminino. E ele está lá sim. Em toda sua grandeza, medo, ridículo e superficialidade.
Claro que é uma comédia romântica boba. Claro. Mas como não rir quando Samantha (minha personagem preferida) dá escândalos com camisinhas e decotes no meio de um mercado árabe? Óbvio que a cena seguinte, das mulheres mostrando-se primeiramente tradicionais em seus trajes e ao tirá-los mostrarem estar vestidas com roupas de grife, significa à grosso modo que somos no fundo, todas nós, umas bobas que só se importam com moda e futilidade.
Mas não é só isso. Nada é tão simples. Nem tão complicado que não se possa rir de.
Talvez eu seja mesmo uma boba, mas eu realmente acho que toda mulher devia ver essa minissérie ridícula (todas as temporadas) com as amigas, depois ver o primeiro filme. E depois o segundo.
É, eu sou boba mesmo. Mas sei que Samantha acaba o filme fazendo sexo e não lavando cuecas. Ainda há esperança no mundo.

Do divino

Sim, eu queria falar com Ele.
Tarô, meditação, bruxaria, psicologia, metafísica, trabalho, tempo.
Evangélica, católica, apostólica, romana, grega, brasileira.
Yoga, I-ching, choros convulsivos, joelhos no chão, cara na parede, remédio controlado.
Nada, nada, nada.
Então é assim tão simples? Aqui? Dentro de mim?
Ainda não, baby. Não, não, não.
Deixo de pensar. E querer.
Um dia eu serei. E estarei.
E você?

Manual de sobrevivência para solteiras que moram sozinhas (Parte II)

2. Depois da garrafa de vinho (ou: Sim, você está bêbada e vai se arrepender depois!)

Queridas, nossa epopéia rumo ao dia do(a) solteiro(a) continua.
Ok, você conseguiu abrir a tal garrafa de vinho sozinha, viu o tal filme, conversou no MSN, cansou do tal livro. Se a tal garrafa de vinho já está vazia e ainda são dez da noite, amiga... CUIDADO!!!
Não ceda às tentações, porque essa é a hora que você vai olhar a agenda do celular, e claro você escolherá nela alguém para trazer a próxima garrafa (afinal de contas, você acha que ainda não está bêbada (Sim, você está!!!). Claro que o escolhido para trazer a tal garrafa de vinho será um ex- alguma coisa seu e claro que você não quer nada, só um bom papo e o vinho...
Saiba, fofa, não queria te dizer, mas você vai se fuder. Começa daí. Primeiro você vai ficar puta de qualquer modo. Se ele atender (o escolhido, não o vinho) e concordar em vir e trazer a tal garrafa, você vai achar que ele (o cara, não o vinho) te julga muito fácil e vai mandá-lo à puta que los pariu. Se ele não atender, você vai insistir mais quinze vezes, afinal quem esse filho da puta pensa que é? (Você só queria um amigo que te trouxesse mais vinho, porra!). Se ele atender e mandar você à merda, sinto dizer, baby, mas é para lá que você vai.
Então delete. Todos (TODOS MESMO!) os números de telefone que apresentem algum risco. Amigo gay, pode?- Você se perguntará. Só se nunca tiver transado com mulher alguma, senão saiba, você vai tentar convencê-lo a voltar a jogar no time que te interessa. Colega de trabalho, pode?- Você se perguntará ainda. Respondo com outra pergunta: É vesgo, manca, tem fama de ruim de cama e curte forró? Não? Então não pode.
Pode parecer trágico, baby, mas não é. Certas leis são imutáveis e essa especificamente que trata de mulher solteira morando sozinha + garrafa de vinho + celular com créditos disponíveis é sempre igual à ressaca psicológica. Sempre! Sérios estudos científicos comprovam. Portanto, não tente correr riscos. Vá por mim.
Ah, mas ainda tem MSN, né?
Fica para o próximo post, ok?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Hoje escutei Nina

Para o ator.
Para todos os outros.
Para a esposa.
Para quem importa. Sabes.

Porque prometia...

Be my husband : http://www.youtube.com/watch?v=XwhV69f3Ej0

"Se você me prometer que será meu homem
Eu vou te amar do meu melhor jeito, yeah."


...Porque doeu tudo e mesmo assim...

Do What You Gotta Do: http://www.youtube.com/watch?v=2jQC6L5Z108

"Faça o que tiver que fazer
Volte pra me ver quando puder
Cara, eu entendo que deve ser
Meio difícil amar uma mulher como eu
Eu não te culpo por querer ser livre."

...foi mágico...

I Put a Spell on You: http://www.youtube.com/watch?v=8Y99tXNxV5s

"Eu coloquei um feitiço em você
Por que voce é meu."


...arrepiou alma e coração...

Don't Let Me Be Misunderstood: http://www.youtube.com/watch?v=9ckv6-yhnIY

"baby, você me entende agora?
De vez em quando eu sinto uma pequena loucura.
Mas você não conhece um ser vivo capaz de ser um anjo.
Quando as coisas saem erradas eu me sinto péssimo."

...E porque foi livre e lindo.

Feeling Good: http://www.youtube.com/watch?v=CJA69C6SlRk

"Oh a liberdade é minha
E eu sei como me sinto..."


...mas era droga pesada e me fazia ver cores onde havia menos...

Lilac Wine: http://www.youtube.com/watch?v=kye7WTc5NIY

"Embaixo de uma árvore lilás
Eu fiz vinho da árvore lilás
Pus meu coração nessa receita
Isso me faz ver o que quero ver…"

E porque eu o sabia leve e efêmero, e mesmo assim, quando se foi me deixou tão triste e tão sozinha...

Little Girl Blue: http://www.youtube.com/watch?v=Y8yIpH_VI50

"A única coisa com que sempre poderá contar
São as gotas de chuva."

... hoje escutei Nina e pensei em você.

Porque eu sei...

Você quer o meu amor

Então pegue tudo

Você deseja ver tudo sair

Leve tudo

Venha agora

Mostre-me como

Você leva tudo


Você quer minha luva

Você está encantado?

Você quer vê-la escorregar e

Ver se cai

Oh nós sabemos

É o seu show

Então pegue tudo

(...)

Em Nine (o filme)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Manual de sobrevivência para solteiras que moram sozinhas (Parte I)

Bom, estava eu navegando pelos mares tranqüilos da internet, quando algo me chamou a atenção: O dia do solteiro. Sim, prezados e prezadas, essa data comemorativa existe e é dia quinze desse mês.
Passo pois, a pensar nos presentes que deveriam ser dados aos encalhadinhos e encalhadinhas como eu, e claro elaborei uma lista que (novamente claro!), acabou dando numa espécie de manual para mulheres solteiras (e que moram só).
Porque o negócio é que assim como existem muitas vantagens em se estar sem um homem-para-chamar-de-seu-mesmo-que-seja-eu, digamos que também existem pequenos inconvenientes.
Então a fim de ajudá-las à serelelepes e confiantes, comemorarem esse dia como se deve, eis que surge uma série de posts especiais que irão até a tal data propriamente dita. Sigam as minhas preciosas dicas e sejam felizes.

Manual de sobrevivência para solteiras que moram sozinhas (Parte I)

1. De como abrir uma garrafa de vinho (ou a rolha pode ser sua amiga)
Esse complexo tópico é também nossa primeira dica de presente para pedir às amigas e amigos casados e/ou enamorados dia 15 de agosto, porque claro, que você se aproveitará desta linda comemoração para incomodá-los bastante, lembrando-os dos bons tempos em que vocês saiam juntos e se embriagavam sem hora para voltar e sem satisfação para dar.
Pois bem, continuando. Se você mora só, provavelmente já descobriu as delícias de um bom vinho (ou ruim e barato mesmo) na hora de ver um filminho, conversar no MSN ou ler um livro. Vinho, minhas queridas, é a única bebida que se pode tomar só num dia de semana, sem o risco de parecer uma alcoólatra desesperada, aprendam. E fino, é chique, é luxo e glamour. E a garrafa desse precioso líquido ainda serve para guardar água na geladeira depois de esvaziada.
Só que essa bebida dos deuses, como já citado vem em garrafas, que por sua vez são devidamente arrolhadas e essas rolhas que as arrolham, apesar de serem ótimas para serem colecionadas (fica a dica!) são uma grande merda na hora de saírem.
Peça, pois aos amigos um saca-rolhas ninja modelo não-farei-esforço-jamais. Mas se você é como eu, pobrinha e com amigos digamos, econômicos e só dispõe na sua casa de um saca-rolha daquela loja de R$ 1,99, não se desespere. Para tudo há solução e a minha é essa.
Vá até a bancada de inox da sua cozinha, enfie o saca-rolha onde deve, depois enfie a garrafa dentro da cuba de forma que só seu pescoço (o da garrafa) fique de fora, apontado para você. Enrole a garrafa com um pano de prato exatamente ente o pescoço e o resto do corpo (o da garrafa) de forma que o fofinho do tecido apóie gentilmente o seu peso (o da garrafa). Finja que é o saca-rolha é o cabelo daquela rapariga que ficou com seu ex-namorado e puxe.
Não funcionou? Peça ao seu vizinho gostoso para abrir para você.
(continua)

Amigos

Eu sei que já passou o dia do amigo. E que comecei a contar nos dedos e vi que os meus não são tantos quanto pensava. Mas são bons. Não divido, não empresto, não alugo.
Não sou antipática, muito pelo contrário, puxo conversa em fila de banheiro, convido para ir na minha casa, empresto livros. Todo dono de bar, garçonete, fiteiro e caixa de mercadinho do meu bairro me trata com intimidade. De alguns outros bairros também. Chamam pelo nome. Contam da vida. Na universidade faço piadas, rio de mim mesma e coleciono acenos. Quase uma miss. É, eu conheço muita gente, mas amizade, amizade mesmo, descobri nos dedos, hoje, que tenho poucas.
Pensei sobre isso porque pensei sobre mim, sobre minha história e lembrei de pessoas na minha terra natal que amo muito. Será que gente que se vê apenas uma vez por ano, apesar de se conhecerem há séculos e nunca se telefonam, mesmo com tanto amor, podem se considerar amigas? Ainda?
Amizade então é mais que casamento? Não acaba? Mentira. É quase igual. Acaba. Desgasta. Consome. Exige. As pessoas envolvidas podem não se reconhecer mais, não quererem mais as mesmas coisas ou nutrirem o mesmo sentimento.
Claro que jamais apresentaria à alguém essas pessoas como "Fulana, minha colega". Mas mesmo com o título de amiga, a sensação de proximidade estará lá? Aquele reconhecer-se como parte da história, da vida, do presente e principalmente do futuro do outro? Tenho minhas dúvidas.
Pareço pouco fiel. Pois é.
Quer saber como os soube hoje? Fiz uma lista de convidados para meu aniversário (que está muito, muito longe). Como se ele fosse acontecer daqui a quinze dias. Só para dez pessoas. Todos pagando suas partes. Há tempo para todos se programarem caso precisem viajar (a não ser que estejam na Itália, esposa! Aí eu perdôo.).
Quem com certeza absoluta iria? Para mim é isso. Não há grandes dramas, justificativas ou embromação. Simples assim. Tá ocupado demais para aparecer? Não me sinto mais tão bem com ela/ele? Porra, mas eu sempre pago? Não é meu amigo.
Eu não me despeço fácil. Sou persistente nas e com as pessoas que acredito. Mas quando digo não, é não. Uma grande (ex) amiga, dessas de andar sempre junto, simplesmente nem consta mais da minha atual agenda do celular.
Outra ligo quase todos os dias, há vários anos.
Para meus amigos eu me mostro. Rio e choro. Eu perdôo, eles me perdoam. Eles estão o tempo inteiro, mesmo que na minha menção de seus nomes ou do bom e velho: “Uma amiga minha disse...” à conhecidos, à garçonete ao fiteiro e ao caixa do mercadinho.
Na verdade virei uma pessoa comunicativa porque era muito, muito quietinha quando criança e ninguém falava comigo. Eu não tinha amigos e os queria. Muitos. Milhares. Aos montes. Hoje quero cortar excessos. Quero o simples. Quero o bom. Quero o real.
Sim, e só para matar a curiosidade alheia, o meu número de amigos é igual à dos pecados capitais.

Ilha

Eu já morei numa ilha. Tinha dezoito anos e todos as coisas pareciam possíveis. Eu era bonita. Era magra. Era professora. Era jovem. Mudei muito desde então.
Quando saímos de casa pela primeira vez o mundo e suas possibilidades nos parecem enormes, não é? Não sei porquê fui me enfiar mo meio dum pedaço de terra cercado de mar e distâncias por todos os lados.
Mentira, eu sei sim. Era uma chance de beleza. E afinal de contas, o lugar era um importante roteiro turístico para gente do mundo todo. Porque não? Pensei.
Só que o mundo acabava por não me visitar-me ali, onde eu ia enlouquecendo aos poucos.Continente só de seis em seis meses. Não existia a internet. A comunidade era muito fechada, trabalhar com ela exigia cabeça baixa e não relacionar-se com os de fora. Obedeci a essa lei não-oficial, porém clara.
Lembro que brincava de musa para o divino, num percurso comprido, de horas, por praias desertas e rochas. Deixava a canga voar ao sabor do vento, imaginando como devia estar bonita naquela cena, imaginava roteiros onde homens lindos e de olhos de mar me veriam e se apaixonariam perdidamente. Falava sozinha.
Também lia muito. Bebia muito vinho. Trabalhava em excesso.
Então um dia, depois de um ano e muitos meses, minha mãe foi me visitar. Quando decidiu dar por encerrada sua estadia, larguei tudo e voltei com ela.
Vez por outra, me flagro pensando o que teria acontecido seu eu tivesse ficado, casado com o nativo que namorei por uns tempos. Também sonho muito com esse lugar. Nos meus sonhos apareço tanto muito jovem, há tantos anos atrás, como retornando agora. Dizem que a ilha está muito diferente. Talvez por isso, neles aparecem lugares que nunca conheci, mas sei que não estão lá.
A questão é que tenho sentido a mesma ansiedade que me fez querer ir embora da ilha. Aqui. Agora. Como se essa segunda cidade que escolhi depois da minha, anos depois, estivesse diminuída. Sabe quando voltamos para uma casa que julgávamos enorme quando éramos crianças e tudo parece menor, menos grandioso? Talvez isso aqui me bastasse quando eu estava casada, em dia com as contas e com o tempo.
Hoje? Não sei... não sei...
Aos dezoito anos aquela ilha também me parecia muito, muito pequena. Será que se eu voltasse lá agora ocorreria o efeito contrário? Tudo estaria agigantado?
Porque hoje eu sei, a ilha sou eu.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amor das minhas vidas

Esse tal cara foi o primeiro amor da vida da amiga leãozinho.
Ontem ela me olhou e disse:
- Tua cara, S.
- Eu sei.- Respondo.
Senhoras e senhores, ontem eu (re)conheci o amor das minhas vidas.
Mas é claro que ele não me quis.

Nunca mais lembro

Alguma vez eu já disse por aqui que nunca mais bebo? Juro. Juro. Desta vez é sério.
Ontem, chovendo horrores e eu mentalizando: Eu amo Nando Reis, Eu amo Nando Reis. Aí fui. Era show do cara. Não lembro bem como, sei que acabei com um casal gay maravilhoso e uma menina amiga deles no pé-sujo amado depois de. Sei que um cara que faz teatro fez da minha cama palco no final da noite. E sei que fiz muita, muita confusão antes disso. Com um cara que tava acompanhado e sua menininha. Sei também que vi o que me era querido com outra menininha. Não sei mais de nada.
A cabeça está estourando e os pedreiros filhos da puta não ajudam em nada na minha ressaca. Não tem ovos na geladeira para jogar. Enfim...
Ligo para amiga leãozinho e pergunto: Eu tava trágica? Não, fofa, tava engraçada, ela responde. Zenzualizando. Dançando horrores.
Mas ela foi embora cedo demais. Não posso responder pelo depois de. Medos. Medos. Se alguém bater em mim no meio da rua, eu devo ter feito por merecer.
Alguma vez eu já disse por aqui que nunca mais bebo? Juro. Juro. Desta vez é sério.
Mas sei também que...


Pra Você Guardei o Amor
Nando Reis

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim
vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar
Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar
Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar
Achei
Vendo em você
E explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar
Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir
Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar
(...)

domingo, 1 de agosto de 2010

Não espere

Gosto dela. Mesmo. Quer falar mal? Fique à vontade. Tá aí do lado.

Me adora
Pitty

Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei:?
Só não desonre o meu nome
Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que o seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome

Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome

Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber

Pessoas que valem

Sou sim, uma mulher orgulhosa. E fiquei envergonhada quando recebi um e-mail que esclarecia falta e má-vontade. Resposta do filósofo. E quando não recebi um certo telefonema. Do que me era querido.
Mas o amigo amado me liga. Quero te ver. Saudades suadas. Como negar? Fui. Dançamos horrores e encontrei muitos cães, que o inferno aqui é pouco para tanto. Apesar do amor que me contagia quando estou com R. (o amigo amado), não, eu não estava bem.
Chego em casa e depois de conversar com a amiga que no MSN tenta me colocar para cima, mergulho na anestesia de um livro imbecil. Continuo me sentindo uma merda. Uma enorme e grande bosta flutuando num mar de desprezo alheio.
Para piorar, lembro o ex-marido ligando e gritando, assim que nos separamos. E afirmando que qualquer homem que se aproximasse de mim só iria querer saber de sexo. Lembro que eu disse: Amém. Cuidado com o que pedes, já dizia vovó. Mulher sábia, que Deus a tenha.
Durmo quase onze da manhã. Mastigando auto-comiseração como chiclete.
E estou embaixo dos lençóis, às quatro da tarde, quando o socorro na forma de mãe chega. Me traz flores do seu jardim, que observo agora enquanto escrevo. Sento na varanda e conto meus dramas. Falo do cansaço e do medo de que afinal as pessoas estejam certas e eu errada. Que eu tenha mesmo que mudar, conter, parar, diminuir, para me enquadrar.
Ela lembra-me que nem os quinze anos que passei casada conseguiram fazê-lo, nem os falatórios que acompanharam-me durante minha adolescência rebelde. Agora? Ela pergunta. Talvez eu esteja ficando velha, eu afirmo. Ela diagnostica fome e me obriga a sair de casa. Sopa na cafeteria que é da esposa . Amor.
Já estou contando das coisas pequeninas que me fizeram bem. Um e-mail delicado do namorado. As risadas de ontem, com o amigo amado, quando o enxergo na fila do caixa. Não morre mais. Corremos para os braços um do outro. Ele fala de ontem e de quando um antigo amor meu, amigo nosso em comum, lhe perguntou o que existia entre nós. Ele ri quando conta-me da sua afirmação de amor apaixonado por minha pessoa. Gargalho. Amo. Muito.
O apresento à minha mãe e eles se conversam, até que ele se vai com seus miojos em sacolas e filho nos braços.
Minha mãe me olha e diz:- Por essas pessoas, S., se sofre. São essas pessoas, S., que valem amor.
Mulher sábia.
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