domingo, 17 de julho de 2011

Escova de dentes

Meu computador agora deu para me dar problemas. O pitoquinho que alimenta a bateria quando pitocado nesse meu espécime velhinho e amado, companheiro de tantas lidas, recusa-se a cumprir sua função única. Logo agora que resolvi organizar os meus escritos e ver no que dá. O mais provável é que dê em nada.
O nada por enquanto são vinte páginas estruturadas como um romance, destes com enredo, começo, meio, fim e poxa, vejam só, alguns momentinhos até que bem sacados. Mas o lance é que nessa tentativa, acabei por admitir minha recusa em assumir um compromisso à sério com minha namoradinha de infância, essa tal literatura.
Tem também por esses dias, corrido Leminski na veia. Inclusive uma frase dele foi escolhida para ser minha próxima tatuagem. Cara legal o Leminski, não esqueceu que arte é marcada à ferro e fogo na gente e que criar é um compromisso pra vida inteira. Um dia eu aceito. Ou então apenas admito que essa escova de dente já mora no meu banheiro há muito tempo e junto os trapinhos de vez.
Chuva e frio. Por aqui tem rolado um inverno astral, como disse a amiga E. Um inverno Leminskiano, quase curitibano, acrescento. A nota dissonante vem do barulho dos jambos, que ameaçam em sua fúria nordestina caírem sobre nossas cabeças.
Não saio de casa e insisto em saudades tolas. Mas as estações se sucedem, eu sei. E tenho andado, enrolada em lençóis, aconchegando-me aos pouquinhos com uma vontade estranha de voltar a amar.

sábado, 16 de julho de 2011

Fotonovela


Queria entender nós dois. Não que haja mais nós dois, claro que não. Ainda não foi desta vez que enlouqueci . Não de todo.
Nem nós falamos, eu sei. Mas é que dia desses fui ler aqueles papéis velhos e tinha uma poesia escrita há tantos anos... Era triste. A poesia, nossa história.
Ainda é.
Então ainda há, dá para entender? Nós dois?
Outra coisa, seu nome estava salvo no antigo chip do celular. E agora eu olho para você como contato. Ironia, ironia.
Resolvo dramatizar como mocinha de fotonovela, com caras e bocas. Mas sem final feliz.

Inverno, cerveja e amizade antiga.

Amiga-esposa,

Amiga E.,


e eu.

O mundo é bão, Sebastião!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mais retalhos (2)

1- Eu (toda trabalhada no verniz da intelectualidade citando Caio): -"Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo"
A amiga-esposa: -E é o Amaury Júnior, é?

2- Eu para um homem-purpurina: -Faz um elogio para minha amiga!
Um homem purpurina para minha amiga E.: - Quero envelhecer como você!
Amiga: -...

3- Amiga E.:- Poxa, essa semana com vocês foi tão legal. Escutei tanta conversa interessante, tô com uma vontade de voltar a ler como eu lia antes. Ó, parei também com minha preocupação excessiva com as coisas do corpo, nem silicone mais eu quero botar... (pausa dramática)... agora quero é fazer um lifting facial.

4- Não tenho certeza, mas hipoteticamente é do Oscar Wilde, dúvidas à parte, é isso mesmo:
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

5- Saudades da borboleta e da amiga-esposa.

6- Sim, passa das quatro da manhã.
Sim, eu não consigo dormir.
Não, eu não quero falar sobre isso.

Mais retalhos

1- Aí a pessoa tá sem cigarro, de madrugada, quando um lembrança salvadora aflora: menina, ganhasse do amigo phyno aquele fumo de enrolar francês. Procura aqui, cata acolá e encontra o dito-cujo em alguma gaveta.
Agora se até na época de mil-e-brinco-hippie-rogai-por-nós, quando fumei drogas (mas não traguei,viu?), eu não sabia enrolar unzinho, imagine o nível dos meu cigarretes artesanais nesta nossa contemporaneidade abençoada. E todas fuma os extratos bancários.
2- Churrasco marcado, convitinho fofinho no FB, todos os amigos animados, piscina inflável infantil solicitada, banho de mangueira festejado. Aí a pessoa que vos escreve lembra que vai viajar n-o-d-i-a-e-m-q-u-e-s-t-ã-o. Comentários dosamygos após o aviso indesejado de cancelamento com a justa explicação: só podia ser a S.
Pois é queridos e queridas, tão achando ruim, comprem um passat.
3- Tava na casa da amiga dia desses e escuto um música na televisão. Gostei da voz da sujeita, gostei da letra. Então apelo pro santo google e desde então tenho escutado sem cansar...
Novela das seis também é cultura, tão vendo?
E tem gente que canta assim sem saber, meu momento...

"...Quando eu era estrela
Era inteira na mentira que eu dizia
Ser o que não era,
Convencia, dentro da minha ilusão
Quando eu fui nada,
Faltou nada, tudo pronto pra escrever..."


4- Também no FB, Chicuta proíbe as gordinhas de se esconderem atras das amigas magras quando forem tirar fotos. Guardo mágoa no coração para com essas pessoas vis que entregam nossos segredos mais secretos.
Hunf!
5- E faltou luz mais uma vez. Miró, o cachorro-mutação-genética aqui de casa uiva pro nada. Chove. Há trovões, amores, há trovões. Mamis dorme. Mamis ronca. Suspiro e concluo: Eu nunca mais assisto filme de terror.

De chuva, palavrões e retalhos floridos

Não dormi noite passada, meus fios. Nadinha. Porque eu abri meu e-mail já perto de amanhecer e tava lá: amanhã (que era ontem) esteja em tal lugar para receber tal grana e resolver tal coisa. Cataplof e ai, meus sais. Se eu dormisse não levantava nem a pau na hora marcada. Então tome ver filminho até amanhecer. E. dormindo e não quis incomodar que sou uma boa amiga, né? Então assisto o Discurso do Rei. Sem som. Não recomendo.
Depois café e mais café e saída no estilo "coelhinho da páscoa", olhos vermelhos e tals. Oculos escuros à postos e... chove chuva, chove sem parar... suspiro, mando meus cumprimentos à Murphy e enfrento poças d´água, tempestades, raios, trovões e ônibus lotado. Chego lá e quedêquitéria? Ninguém. Celular descarregado, claro que sim. Mais palavrões em tecla mute.
Resolvo vir para casa. Chuva, poças d´água, raios, trovões e ônibus lotado. Chego tremendo por baixo da blusa fininha e ligo pralguém. "Mas você não viu no e-mail que coisinha trabalha no setor cgdkihfnksjdjbsjb e não no gghsbdchbdshbvh. Não, não ví, porram.
Resolvo esquecer o mundo e me afundo na cama.
Acordei quase agora. Tava coberta com o endredon da Mamis, que é um sonho de retalhos floridos e azuis e é sinal que o inverno chegou aqui em casa.
Voltei a acreditar que o mundo pode ser bom. Em qualquer estação.

sábado, 9 de julho de 2011

Escreva Lola, escreva!

Sempre leio o blog dela e nem sei porque ele não está aí ao lado, entre meus preferidos. A questão é que dentre muitos posts que me fizeram pensar e mudar paradigmas, além de sempre renderem excelentes motes para discussões entre minhas amigas, esse texto (e que nem foi escrito por ela), me tocou sobremaneira. Então o coloco aqui para vocês. Porque eu queria ter escrito algo assim, faço dela as minhas palavras...

"Marcela é advogada em Uberaba, MG, e não se conforma que existam mulheres machistas. Como ela me disse por email: “Não apenas as mais velhas ou as que tiveram menos acesso aos estudos, mas as minhas colegas juristas, as jovens que estudaram em boas escolas, mas continuam reproduzindo o machismo. Sei que somos doutrinadas pelo machismo desde criança, mas eu não consigo entender o motivo pelo qual tantas mulheres olham para as outras como as 'putas', as que 'merecem apanha', as 'golpistas'. Outra coisa muito desgastante para mim são as mulheres que têm vergonha do feminismo, que acham que é coisa de 'mulher-macho', de mulher não-feminina. Por isso escrevi esse texto. Não para culpar as mulhers pela violência doméstica, mas para tentar fazer com que elas vejam que não existem 'categorias' de mulheres, que estamos todas no mesmo barco e que precisamos nos apoiar, precisamos nos apropriar de nossos desejos e de nossa individualidade. Precisamos reagir.” Dá pra discordar dela? Fiquem com seu guest post panfletário.

Temos Lei Maria da Penha, temos Constituição Cidadã, temos Delegacia de Mulheres, temos a Lei do Divórcio, temos o direito ao grito, mas, como já disse Drummond: "As leis não bastam. Os lírios não nascem das leis." E é por isso que, infelizmente, ainda temos que lidar com a avassaladora realidade da violência doméstica: ainda silenciosa, ainda abafada, ainda cruel, ainda absurda, ainda escandalosamente real.
Mas, o que vou dizer agora, gostaria de não precisar dizer: "Mulheres, se vocês continuarem alimentando o machismo, se continuarem culpando as vítimas e desculpando os agressores, a violência doméstica nunca vai ter fim. Nunca!"
A violência contra a mulher RESISTE e insiste em continuar existindo, ainda que nos garantam que "homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta Constituição". E é por isso que o feminismo ainda é necessário.
O agressor é sempre covarde: só perde a voz quando as mulheres se cansam de alimentar ilusões e viram a mesa.
Então, mulheres, por favor: Virem a mesa!
Neste momento, em algum lugar do mundo, uma menina é adestrada (sutilmente ou com brutalidade) para renegar seus direitos, sua sexualidade, seus desejos, seus sonhos e sua individualidade. É ensinada a se sentir inferior. Aprende a olhar para as outras mulheres como concorrentes, inimigas perigosas que querem tomar seu homem e que aguardam a primeira oportunidade para, Evas ardilosas que são, darem o golpe da maçã, o golpe da barriga, o golpe do baú, o golpe.... E a menina, em algum lugar do mundo, neste exato momento, aprende a não confiar em mulheres. Aprende a não confiar em si mesma.
Neste momento, em algum lugar do mundo, uma mulher reproduz e alimenta ideias machistas, na ânsia de ser valorizada pelos "senhores" e de ser considerada especial, "mulher honesta", "moça de família", "mulher para casar", mulher que não precisa apanhar. Mas não tem como uma mulher odiar as "outras" mulheres sem se odiar também... Não tem como uma "pura" crucificar as "impuras" e achar que algumas até merecem apanhar, sem correr o risco de, um dia, ser a "puta da vez". E, não se enganem: agressor nenhum precisa de motivo para bater, humilhar, estuprar, matar...E, não se iludam: qualquer uma pode ser a "puta da vez".Tem até um poema do José Paulo Paes que se encaixa nisso:

A torneira seca.
Mas, pior: a falta de sede.

A luz apagada.
Mas, pior: o gosto do escuro.

A porta fechada.
Mas, pior: a chave por dentro.

Neste momento, em algum lugar do mundo, uma mulher agredida se cala e se curva e se ajoelha e aceita e se submete e se culpa, porque acreditou na ilusão de que, na ausência de um homem, ela nem é GENTE.Mas, neste momento, em algum lugar do mundo, uma mulher agredida ACORDA e simplesmente se vê: é um ser humano! E está viva, e é livre, e é plena. E ela deixa de se submeter e reage e pede ajuda e exerce o seu direito ao grito e grita e acha pouco o afago mínimo que recebe quando se curva e, então, se levanta e luta e exige direitos iguais e exige homens que respeitem os direitos iguais e só quer estar com homens que saibam que ela é tão PESSOA quanto eles e descobre a felicidade de viver sem amarras e sem ser vítima e sem ser escrava e quer dividir essa alegria interminável e deseja que todas as mulheres do mundo saibam que são GENTE e... E esta é a beleza do feminismo: ser a semente da ideia subversiva de que somos pessoas inteiras, somos senhoras de nós mesmas. Solteiras, casadas, médicas, costureiras, advogadas, empregadas domésticas, professoras, donas de casa, doutoras, estudantes, analfabetas, negras, pardas, brancas, amarelas, gordas, magras, idosas, jovens, heterossexuais, lésbicas, putas ou freiras -- nós TODAS somos donas dos nossos corpos e dos nossos destinos. As conquistas são lentas, a semente demoraaaaaaaaaaaaa para germinar, mas quando ela brota... ah, quando ela brota! Nunca mais a gente para de florescer."

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Verdade

Sabe, eu devo estar bonita assim, meu cabelo cai no meu rosto e eu tenho aquela cara de quem é agradável de se levar para cama.
Mas eu odeio. Odeio. ODEIO.
Eu nunca achei que eu pudesse odiar, porque eu sou todas essas coisas que fazem as pessoas me xingarem de sei lá o quê, mas nunca me importou. Eu sou realmente uma boa pessoa, quem quer brigar comigo nem se convence. Eu sempre sou agradável. Sempre. Mesmo. Porque eu ando com quem eu amo e com quem me saca. O resto... foda-se... até ontem.
Porque você sempre ria e me apoiava nos meus palavrões...
Você era tão importante que cheguei a achar que a culpa era minha, de alguma forma. Não é. Nunca foi. Você me agride porque você quer minha liberdade. Ela, minha liberdade, me impede de mandar você...
Falar palavrão é feio, não é?
Morro de ódio em silêncio então e grito escondido no banheiro... e choro e odeio.
Amanhã... educada, como sempre...
Você não perdeu minha .... Você perdeu é minha verdade....

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Descrição

Eu escolheria para ele um nome menos comum, principalmente porque ele fala prazer em te conhecer baixinho e também sobre deuses e mitologia. Observa fixamente tela e olhos. Anda como um felino, languidamente e no entanto, ele é surpreendentemente estável e forte. O seu parentesco com os gatos de rua, é que nada parece que vai assustá-lo ou tirar seu equilíbrio.
Ele é o homem mais sensual que eu conheci na minha vida. E não, não aconteceu nada, nem acontecerá. Mas ele daria um puta dum personagem.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Do amor

E a música é... duas notas, maestro...


Do amor
Tulipa Ruiz

O meu amor sai de trem por aí
e vai vagando degavar para ver quem chegou
O meu amor corre devagar, anda no seu tempo
que passa de vez em vento
Como uma história que inventa o seu fim
quero inventar um você para mim
Vai ser melhor quando te conhecer

Olho no olho
e flor no jardim
Flor, amor
Vento devagar
vem, vai, vem mais

Sem comentários











Eu mereço! (44564548787809)

Quer saber mais sobre você? Tarô? Búzios? Horóscopo Personare? Nananinanão, basta ver como vieram parar no seu blog. Isso revela sua personalidade real, seu íntimo e âmago do mais âmago do seu ser..
Não, eu não editei, só peguei as últimas frases que buscaram para chegarem aqui nesse muquifo. Estão em ordem. Juro pelos deusi!

ta foda esse sentimentos. Tá, num tá?

sentimento eu te amo. Eu sabia que um dia isso ia acontecer. Eu também! Quem é você? Qual teu telefone? Liga pra eu!

pq eu sou tao loser. Rá! Papai Murphy anda dando muitas escapulidas por aí, brother!

"Para onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tami, para. Hã? Como assim? Que drogas tú fumou? Ou fui eu? Quando?

meu amigo me olha de um jeito estranho. Os meus também, querida(o), os meus também...

Poças

Eu tô chata, assumo e não sumo, fico é enchendo o saco de todo mundo com minhas picuinhas e blábláblás. Queria, como disse a Lú que tudo fosse ficção. Ah, se sesse...
Saí na quarta, show de Gil, né meus negos? Eu tinha que ir.
Então fui.
Tava lá, toda fina de camarote vip e bota de cano alto, toda luxo, glamour e poesia. Olho para baixo, pro populacho de rasteirinha e quem vejo? Quem? Ele, o cão-mór dos infernos.
Contei à amiga, revoltada: "Fia, foi só ele me ver que começou a beijar uma dona." E ela me arrasando: "Fia, ele continuou beijando a dona porque não significou nada te ver." Quem precisa de inimigos, não é?
Aí eu saio beba de uísque, que era de graça e pobre é uma desgraça e catapluf. De cara numa poça de lama. Sério! cara.numa.poça.de.lama.
E para completar fico escutando merdas de gentes sobre ser rebelde, maldito, não querer se acomodar. Mentira! Balela!
Quer ganhar grana, ter a esposinha e ficar bancando o inconformado.
Pois eu afirmo, cansei de ser sexy. Quero mais não. Quero cachorro, gato, papagaio e um jabuti. Quero um casal de filhos e roseiras. Farei chá para visitas. Usarei bobes e só treparei em dias santos e feriados com meu digníssimo esposo. Me manterei limpa e rezarei o treço e as poças de lama serão um passado que esquecerei. Dos cães dos infernos eu me despeço e vou...
Rá!
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