Ontem soube de um show que ia rolar no Centro. Toda trabalhada no Black e no delineador consigo arrastar a amiga mestra e F., querida que está morando em São Paulo e veio ministrar uma palestra sobre arte conceitual por essas bandas, além de nos ajudar no nosso projeto de forma geral, ampla e escrava. Foi quase um milagre conseguir fazê-las sair de casa. Mas eu sou insistente. Eu sou chata. Eu sou crí-crí.
Chegamos cedo no bar em que ia acontecer o tal show. Lá a garrafa de cerveja era virada num copo enorme, de acordo com os donos para permitir a liberdade do cliente circular livremente. Então tá. Para mim, o resultado era a ilusão de beber num copo americano e não 600 ml inteiros. Obviamente, embriaguei-me.
Mas antes disso rimos muito, falamos (claro!) de arte, colocamos as fofocas em dia e eu tentei bravamente rebater com argumentos convincentes o cansaço das amigas com a noite e as pessoas desta cidade. Só que num ponto elas têm razão. Aqui onde eu moro parece que ser antipático te dá automaticamente um atestado de cult. Não gosto nem de antipáticos nem de cults (que pronuncio como cú mesmo). Ódio mortal e eterno. Inveja, dirão alguns. Vá se fuder, respondo eu.
Vejam bem, amiga mestra é uma reconhecida artista contemporânea das bandas de Brasília, F. uma estudiosa do assunto das mais brilhantes. Ajudaram e ajudam grande parte da galera que está iniciando sua trajetória artística aqui na cidade. Podiam ser uns porres e se revestir do manto de superioridade que a experiência deu-lhes o direito de usar. Mas não. Elas são simples, legais, abertas e sorridentes. Aí vem neguinho que montou uma exposição mixuruca, tem um zine ou toca numa banda alternativa qualquer se achando no direito de fingir que não conhece e empinar o nariz? Custa muito ser delicado? Tentar articular uma conversa agradável? Dar dois beijinhos? Controlei a vontade de mandar uma boa meia dúzia ir dar meia hora de suas bundas metidas. Mas deixei para lá e me concentrei em quem vale a minha pena.
Num certo momento da noite elas tentaram me convencer a não viajar. Eu quase caio na esparrela da culpa. Porque quando programei minha ida para Mossoró, eu tinha esquecido que esse final de semana era uma das etapas de um projeto que articulamos junto com outra universidade. Blá blá blá, wisckas sachê e chegava hoje para dar uma palestra nesse evento um cara que eu TINHA que conhecer. Aí me toquei. Elas queriam-me como guia turística e divertida. Raparigas. Perguntei se ele ia casar comigo ou pelo menos elas garantiriam uma noite de sexo selvagem e ardente com o tal artista-estudioso fodão. Não? Então eu vou viajar de todo jeito, baby. Mas elas são insistentes. Elas são chatas. Elas são crí-crí. Me contam do programa Sobrevivi! do Discovery onde uma pessoa tinha sido engolida por um hipopótamo. Como assim, Bial? Elas rogam praga. Juram que eu encontrarei um hipopótamo que me engolirá no mar de Canoa Quebrada. Não cedo e bato no plástico vermelho três vezes.
Rimos mais, chega mais gente conhecida, vão embora outros conhecidos e amiga mestra e F. resolvem também fazê-lo. Eu fico. Encho o saco de mais alguns, tomo mais umas cervejas e volto para casa com C., que além de linda de marré descer (everebody loves C.) é uma outra artista brilhante e seu ficante lindinho. Uns fofos. Aguentaram bravamente minhas piadas bêbadas e sem-graça até me jogarem na frente do meu prédio.
Acordei meio assim, meio assado. Abusada. Achando que a vida é apenas uma ressaca após a outra com cachaças divertidas e outras nem tanto no meio. Mas sei que a que esvoaça salvará minha alma descrente desse mundo onde os egos são maiores que os paus. Amém.
Tô chegando, baby!
Um comentário:
Ainda bem que voce resistiu bravamente. Eu não sei se resistiria se você não viesse. Sinto saudade de começar a rir e beber dez da manhã. E, só pra voce saber e o povo do frio sentir um tantinho de inveja, nós passaremos duas noites em Canoa que farra pouca é bobagem. Quem sabe a gente fica mesmo, vou levar umas burudangas pra gente vender...
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