domingo, 8 de agosto de 2010

Niilista

Oito da matina e eu de olho vermelho de pseudo-insônia. É que tenho trocado dias por noites e vice-versa.
Resolvo respeitar a trilha sonora da vida e não ouso escutar meu Chico nem minha Nina nestas horas que dediquei à esperar o tempo passar. Madrugada ao som de cachorros uivando, bêbados que passaram gritando obcenidades delirantes, carros guinchando em freios. Muito silêncio também. Cinzeiro cheio, cama e coração vazios.
Há uma hora atrás, o cantarolar exaltado de alguma vizinha de muita fé, deixando-me entender apenas as palavras Jesus e perdão no seu estranho e musical despertar. Sinto uma onda de ternura que só me invade porque invento-a como personagem de uma triste história em que ela perde o grande amor da sua vida e enlouquece. Ela desafina.
Penso em ir para a Igreja, acompanhar minha criação, afinal hoje é Domingo. Lembro que não acredito mais nas instituições de forma geral. Niilista, como diria uma amiga. Uma pena, eu completo. Ah, mas como eu queria acreditar que tudo vai acabar bem.
O cheiro de gás é insistente e toma conta do apartamento. Me dá dor-de-cabeça.
Tenho que lembrar de pedir a alguém para resolver esse problema.
Tenho que pagar as contas.
Tenho que dormir.
Estava escrevendo sobre o que mesmo?

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