sábado, 31 de julho de 2010

Saber eu sei.

O filho da puta dos infernos, antigo menino abusado, agora é meu amiguinho. Ligou dia desses: Vai ver a lua. Eu fui. Posso dormir contigo hoje? Não, prezado rapaz.
Ctrl+Alt+Del.
Enfim, ele tá pegando uma amiga minha. Saímos ontem. Eu, amiga, outra amiga e um amigo dele. Antes eu tomei coragem e liguei pro querido. Conto dos planos para a noite. Chamo, vem. Doente. Vou não. Te ligo amanhã? Claro, baby (suspiro!).
Show na universidade. Quem? Quem? O querido. Ouxe, não tavas às portas da morte? É, foi o amigo que me trouxe. E aponta. Tô alí, aponto também. Danço. E danço. E danço. Ele não chega junto. Não encomprida olhos para mim.
Vamos embora? Me chamam. Chamo também. Não, não vou.
Chegamos no meu apartamento. Eu sem querido. Meu quarto cedido. Jogo tarô para um estudante de direito de vinte e três anos. Ainda vinho. Ainda cigarro. Ele pega na minha perna. Sobe a mão. Eu tiro a mão. Ele insiste. Tapete.
Depois, eu. Sozinha. Um computador na minha frente. E-mail para o filósofo: porque você não me quer? Eu quero. Mensagem para o celular de querido: não entendi nada. porque?
Acordei . Quatro da tarde. Duas cartas ao lado da minha cama. Torre. Nove de espadas. Ressaca do caralho. É, destino, é isso mesmo, tudo desmoronado e pensamentos que me angustiam. Valeu, filho da puta.
Mas a culpa é minha de ser assim tão. Tão. Não sou uma mulher para ser levada á sério, não mereço, penso. Ainda bem?
Ligo pro amiguinho. Você não sabe beber, ele afirma. Saber eu sei. Bônus de natal? Enfia no cú.

Amor

Porque isso, essa porra é amor. Quero o tempo inteiro. Quem não quer?
Quem?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A cor

Essa é uma música para ser escutada e doída e sangrada e gargalhada e sentida com pele e nervos à flor. Não necessariamente nesta ordem. Como sempre, aí do lado.

A cor do desejo
Ney Matogrosso

A tua boca anda oca

Da minha língua
da minha língua
A minha língua anda à míngua
Sem tua boca
sem tua boca

Exatos são os teus olhos que invadem

E me revelam teu coração
Exata é a cor do teu deserto
A dor do teu deserto
Exatos são teus beijos que me acertam
E a ti revelam meu coração
Exata é a cor do teu desejo
A dor do teu desejo


Para mim a cor do desejo é muita.

Azul-claro para dias de sol morninho, apesar do céu sem nuvens e para sorrisos safados trocados na praia, entre cervejas e amigos.
Azul-caneta, manchado nos dedos da mão, ao escrever cartas que jamais serão enviadas.
Amarelo nos amanheceres com café-da-manhã e beijo leve de dentes escovados e roupa vestida e maquiagem feita.
Verde por causa dos cheiros de jardim e da vontade de colher flores e dançar nua.
Cinza para os que não consigo.
Rosa para os que descarto.
Branco para os que me deixam cega.
Negro quando é preciso, de tanto, apagar as luzes para esquecer onde se está.

Vermelho com você, meu homem.

Tanto mais

Então era.
Fazem sete anos que há negativas. Não sei se por falta de desejo. Eu nunca o sei. Dele. Talvez ambos saibamos demais de outras coisas, enfim...
Então dia desses (há seis anos) enlouqueci e minha fantasia recorrente era com um certo livro meu que tinha sumido. Sonhava noites a fio com esse tal livro. O amigo que sempre me negou beijo, pouco depois também foi embora. Nos reencontramos algumas outras vezes. Eu o fiz cantar num karaokê antes de virar uma velha casada e chata. Nunca mais nos vimos.
Como nunca consegui dizer que eu o amava tanto? Que sempre o quis na minha cama. Sempre. Talvez porque ele não me quisesse, viesse essa vontade, pensava e não falava. Sou volúvel e má, eu sei. Mas não era só isso, acreditem, era um arrepio de reconhecimento do que vai te lascar na vida. Ele me lascaria, eu sei. Ah, mas como eu queria...
Então eu o reencontro hoje numa festa que nem queria ir. Amanhã ele volta para Brasília, só saiu essa noite aqui na cidade. Ele tá casado e feliz. Não ligou porque veio para ficar com a filha. Mentira, sei que nem meu telefone ele tem.
Ele me olha. Eu quero. Ele me desvenda e eu desmorono como sempre com sua voz. Eu quero beijar aquela boca de maldade. Porque ele é mau. Sempre foi. Ou bom demais para mim.
Tomo cerveja em excesso e resolvo perguntar:
-Tal livro meu está com você?
- Claro, você me deu com dedicatória e tudo o mais. Você me deu de presente o tal livro, S.
- Eu simplesmente não posso ter feito isso, você não entende.
- Sim, mas você fez.
Então decido. Hoje eu vou convidá-lo para minha cama. Tomo um gole de cerveja e olho do lado. Ele sumiu. Eu tenho que ir embora senão não tenho como voltar para casa. Mas sei que novamente ele não me quer, que outro motivo para ter desaparecido?
Então porque esperar?
Em casa sozinha.
E decido, o destino é um filho da puta escroto que tirar onda da minha cara. Não podia ter me deixado sem pensar que podia haver tanto mais?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O tal do conto erótico


Lembram que dia desses eu estava tentando escrever um conto erótico? Pois bem, espero que não fiquem chateados de colocá-lo por essas bandas, mas quero saber de meus três leitores, o que acham do meu futuro como libertina literária. Ei-lo, pois.




Chuva


Querido M.
Espero que esteja tudo bem com sua terceira esposa (ou é a quarta?). Como é mesmo o nome dela? E os filhos todos, como vão?
Resolvi te escrever, porque ainda nos lembro. Muito. Deve ser por causa do excesso de vinho e uísque barato dos últimos longos anos e a proximidade dos quarenta. Ou porque tenho trepado muito pouco ultimamente. Este seria, entre risos, seu veredito final, tenho certeza.
Enfim, essas lembranças são principalmente sobre sua delicadeza e insistência em certos carinhos tão seus. Daqueles do tipo que depois de algum tempo sendo feitos, me deixavam pronta para enfrentar banheiros em bares cheios ou ruas escuras em locais ermos . Carinhos que até hoje se por acaso repetidos em meu corpo por outro alguém, me levam de volta ao tempo de nós dois.
Por exemplo, quando mesmo entre amigos e cervejas, pegavas minha mão, e exploravas em círculos minha palma, com um língua lenta e morna e molhada e tesa. Eu gostava de ver seus olhos abertos, divididos entre me fitar de soslaio e prestar atenção à conversa das pessoas na mesa que estivéssemos.
A resposta da minha mão, quando me era devolvida, longos minutos depois, era pegar no teu pau por cima do jeans sujo que estivesses usando. E ele sempre estava duro, como se com tua língua tivesses lido que meu futuro próximo era foder contigo noite adentro.
Gostava também quando com tua unha comprida de violonista coçavas engraçado por trás do meu joelho, um sinal de que logo depois, irias com uma leve pressão de dedos apertando minha coxa até enfiar teu dedo na minha boceta molhada. As calcinhas foram abolidas, os vestidos se tornaram meu uniforme na nossa batalha diária. Alguém chegou a vencê-la, querido?
Encontrei a Ana dia desses num boteco aqui na cidade louca, e ela me lembrou que foi você que me fez beijá-la a primeira vez. Disso eu não lembrava, mas ainda sinto o gosto do riso que te acompanhava quando eu acordava em nossa cama e puta da vida, expulsava a mulher que por acaso estivesse conosco. E então, quando eu voltava para o quarto e começava a quebrar coisas, você me derrubava no chão e prendia minhas mãos e sufocava meus gritos com um beijo agressivo e antes de se meter entre minhas pernas com brutalidade, comentava que eu havia adorado cada momento com a tal desconhecida. Eu sempre acreditava em você. E gozava. E gozava. E gozava.
Enfim, lembro principalmente quando você correu atrás de mim numa rua alagada, no meio de uma chuva infernal, quando decidi que aquele estado de eterna ânsia e desejo só poderia acabar nos matando. Lembro quando eu finalmente cansei e sentei naquele banco de praça e você estava lá logo depois, e me obrigou a sentar no seu colo e me comeu agarrando meus seios com força e puxando meus cabelos com raiva. E quando me sabias preste a gozar, me empurrou para longe de ti e de volta à minha decisão. E me deixaste sozinha.
Desde então, nunca mais parou de chover, querido.
Daqui a três dias estarei de volta à nossa cidade, e marquei com alguns de nossos velhos amigos no mesmo velho local. Se puderes aparecer, te prometo minha mão em cima da mesa, novamente à espera de tua língua. Irás?
P.

Dezesseis

“Ontem eu vi tudo acabado, meu céu desastrado, medo, solidão, ciúme...
Hoje eu contei as estrelas e a vida parece um filme...”
Ok, sei que devo parecer uma caso clássico de pessoa maníaca-depressiva. Talvez seja. Enfim...
Mas hoje eu tenho sim, dezesseis anos. E vontade de enfeitar cabelo com guirlandas de flores e sair dançando nua pela casa.
“Ah, eu ei de ser, terei de ser, serei feliz...”

terça-feira, 27 de julho de 2010

Roubado para fins medicinais.



Obrigada, Rafa, por salvar meu dia.

Levanto a mão.



“Em que você fica pensando enquanto vê uma paciente se desestruturar na sua frente?”

Muitas vezes durante minhas sessões de terapia enxergava meu desespero no silêncio que se seguia à uma crise convulsiva de choro, diante de João Carlos. Sim, meu terapeuta chama-se João Carlos. Uma sensação parecida me tomou essa manhã, quando vi a ausência total de comentários diante do meu surto-descontrol de ontem. Porque realmente, porra, como comentar sobre o desespero e o medo?
Eu mesma, diante de um texto daqueles, fecharia blog com um clique rápido de mouse e pensaria duas vezes antes de voltar lá novamente. E essa vontade, eu a tenho agora, não nego. A tentação de apagar aquilo como se fosse mesmo simples assim. Mas tem alguma coisa mudando novamente dentro de mim, que simplesmente me impede de desviar os olhos de tanta raiva, de tanta mágoa, de tanta coisa que fingi alegremente e achando que seria de forma gratuita, não estar aqui dentro. Mas está. Principalmente essa bosta de sensação de impotência diante das atitudes alheias que me machucaram. Das que machucam.
Vejam só que novidade, descobri que não posso simplesmente controlar tudo. Grande merda de descoberta, não? Que imbecil não sabe disso? Levanto a mão. Eu.
Ontem, que já era hoje, dormi pouco, correndo atrás dos meus pensamentos como um cachorro atrás do próprio rabo. Previ rotas de fuga, desenvolvi estratégias de evasão, tudo em vão. Porque tem como fugir de nós mesmos sem acabar por virar uma invenção de gente, algo apenas levemente semelhante a um ser humano de verdade?
Assumo ter achado que seria simples estar de volta aqui, retornar como de uma viagem breve à esta mulher que decide seus caminhos sozinha. Que enfrenta tudo com coragem. Achei mesmo que seria indolor e sem grandes dificuldades. Ah, que boba que eu fui.
Porque a vida não vem com manual de instruções e num dia qualquer você se flagra num momento em que simplesmente não sabe o que fazer.
E o que aconteceu para desencadear tudo isso, porra?

Estou apaixonada pelo impacto da vida, por um tiro certeiro e bem mirado, pelo arrebatamento provocado pelo descuido das minhas defesas.”
Divã- Martha Medeiros

Lies



Mentiras

Acho que é tempo de desistirmos
E descobrir o que está nos impedindo
De respirar facilmente e conversar direito
O caminho é claro se você está preparado agora
O voluntário está se acalmando
E tirando um tempo para salvar a si mesmo

As pequenas fendas eles escalaram
E antes de você saber que é muito tarde
Para fazer círculos e dizer mentiras
Você se move rápido demais para mim
E eu não consigo acompanhar você
Talvez se você diminuisse o passo pra mim
Eu pudesse ver que você só está dizendo
Mentiras, mentiras, mentiras
Nos separando com suas
Mentiras, mentiras, mentiras
Quando você vai aprender?

As pequenas fendas eles escalaram
E antes de você saber que é muito tarde
Para fazer círculos e dizer mentiras
Você se move rápido demais para mim
E eu não consigo acompanhar você
Talvez se você diminuisse o passo pra mim
Eu pudesse ver que você só está dizendo
Mentiras, mentiras, mentiras
Nos separando com suas
Mentiras, mentiras, mentiras
Quando você vai aprender?

Então plante o pensamento e veja ele crescer
Sopre-o e deixe ele ir

.............................................................................................

Então é isso, Once novamente por aqui. Para mim, essa (no vídeo acima) é a cena e a música mais bonita do filme, todo ele cheio de lindas cenas e músicas.

...

...

...

Talvez porque nada é tão triste quanto um fim, exista tanto temor frente aos recomeços. Sim, eu tenho medo, morro de medo, assumo. Não quero mais essa dor que rasga tudo que você demorou tanto tempo para costurar e então vestir coração e aquecer a alma.

Não quero tudo dilacerado. Não sei mais como...

Não quero ver todos os meus jardins pessoais devastados por pragas que não sei como tratar. E ver tudo que era verde e broto e promessa, murchando até fenescer...

E me flagro quase chorando, porque essa ternura que insiste em estar aqui, em mim, todo o tempo, me pega de surpresa sussurrando encantamentos e cantigas de consolo. Viro as costas e ela me persegue pela casa, entranha-se em cheiros que trazem lembranças de tempos tão felizes.

Não quero. E digo não e não e não. Mando-a embora, mas ela se recusa. Ela fica. E hoje não tem vinho nem outra anestesia para fingir que ela é apenas mais um fantasma inconveniente.

.......................................................................................

E de Glen Hansard, que estrelou junto com Markéta Irglová o filme, um trecho da música Song for Someone (Uma canção para alguém). Por hoje, tá aí do lado.

"Eu espero que ela seja a mesma
E espero que ela possa sobreviver a isso de novo

E se todos formos de alguem?
E se todos nascemos para alguem?
Quando esse alguem virá
E colocará as coisas nos seus lugares?"

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ainda doente

Juntei o resto das forças que me sobravam, levantei, entrei no chuveiro e fui para o aniversário de uma amiga. Churrasco, cerveja e boa conversa. Eram já sete da noite e o meu celular toca. Com quinze dias de atraso, mas o rapaz de uma certa noite, ressurge das cinzas. Trinta minutos depois do telefonema, foi nos encontrar num bar para a qual tínhamos migrado depois de tanta carne.
Confesso-me impressionada. Porque o grupo que eu estava é muito legal, mas bom... digamos que amiga leãozinho e seu comparsa-namorado ocupam o primeiro lugar na fila dos sarcásticos de plantão. E não é que menos de dez minutos depois de chegar, o rapaz já entabulava conversas sem fim e levava todas as brincadeiras dos bêbados da mesa (incluo-me aqui) numa boa? Ganhou o primeiro beijo da noite. E meu respeito. E acesso aos meus lençóis e endredon e a acordar ao meu lado hoje.
E aqui faço uma pausa, para falar de uma coisa que cansa minha beleza e que entre amigas chamo de intimidade “fake”. Quando as pessoas não se conhecem direito, passam a noite juntas e amanhecem fingindo-se recém-casadas. Mesmo que nenhum dos envolvidos nesse teatro, esteja sequer pensado na hipótese de ver novamente o outro depois daquilo. Então normalmente, prefiro acordar sozinha, a ter que enfrentar isso. Não tenho mais idade para fingimentos e sou grossa feito papel de enrolar prego pela manhã. Assumo.
Mas o tal rapaz, como na primeira vez, se comportou tão bem. Foi tão delicado no seu acordar e na sua saída, sem melosidades desnecessárias ou fazendo coisas que me deixassem de mais pé atrás do que normalmente sou, que me conquistou.
Gostei de sua atitude de homem, de chegar junto, de ligar, sem joguinhos e sem promessas. Gostei dele ter ido, quando disse que ia (o que aqui nessa cidade parece difícil para a maioria das pessoas, não é, borboleta amada?) e de ter chegado tão rápido depois de afirmá-lo. Também gostei de notar, quando fui olhar o histórico das chamadas do número que salvei como dele, notar que o rapaz já tinha me ligado final de semana passado e eu não atendera nem retornara. Então, apesar da minha religião não permitir, enviei uma mensagem bem meiguinha.
Porque debaixo de tanta grosseria e mágoa e ironia, ainda bate um coração romântico e bonzinho.
Mas relevem um pouco tanta fofura, que eu ainda estou doente.
E neste caso, namorado, o jogo com as palavras é até óbvio, não?

domingo, 25 de julho de 2010

Chá

Gostaria muitíssimo de saber, prezado rapaz, o que temes em mim?
Não, não vale xingar agora, estou doente e pouquinha, portanto seja carinhoso e me traga um chá.
Amém.

sábado, 24 de julho de 2010

Não corra!

Bom, a menina (?!) do vídeo aí do lado é phoda. Sexy, instigante, poética. E linda, porque ela não é obrigada. Faz música para o antes, o durante e o depois.
Recomendo muito.
Querendo saber mais ...
Como já citado aqui: Ouça... E “lembre-se que a profundidade é a maior das alturas"...

Rápido Quanto Puder
Fiona Apple

"Eu deixo a fera quieta por pouco tempo
Não sei como viver sem minha mão na sua garganta
Brigo com ele agora e sempre
Oh, meu bem, é tão doce, você acha que sabe quão louca,
Quão louca eu sou.
Você diz que não se assusta facilmente e que não irá.
Mas eu sei que sim
E rezo para que isso aconteça.

Rápido quanto puder, meu bem,
Corra, livre-se de mim.
Rápido quanto puder.
Posso até ser suave na sua mão
Mas em breve estarei faminta por uma briga
E não deixarei você ganhar
Minha linda boca irá modular as frases
Que irão dizimar sua fé na humanidade
Então se você me pegar tentando encontrar um caminho para o seu coração
Ou por debaixo da sua pele

Rápido quanto puder, amor
meu bem, me arraste para fora, livre-se,
Rápido quanto puder.
Rápido quanto puder, amor
Meu bem, me arraste para fora, livre-se,
Rápido quanto puder.(...)"

Doença

Estou doente. O corpo dói, a cabeça parece que vai explodir, sinto calafrios e a garganta fechou. Gripe das pesadas. E ressaca. Das grandes.
Ontem depois de dedicar horas à faxina do apartamento fui com a amiga E. para um barzinho no Centro. Show massa, tudo muito divertido, tudo muito legal, mas o corpo já dava mostras de um cansaço estranho. A mente também. Só pode, não encontro outra desculpa além dessa, para o fato de ter recebido aquele homem no meu apartamento e na minha cama. Nos meu pensamentos. De novo.
Atchim.
Merda!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Jumper

“Pular de precipício em precipício, ossos do ofício...”
Talvez tenha sido a conversa, já que hoje fui para uma exposição com três mulheres com no mínimo com dez anos a mais que eu. Uma delas é a amiga-mestra e só há conforto em sua presença.
Vinho durante a exposição e eu recomendo os bares do depois.
No primeiro, a música não era legal, no segundo havia tristeza demais. E eu sem saber.
Quanto me deram vinte e cinco anos, ví a ironia em olhos que se achavam tão mais sábios que os meus. Alegria demais, diagnosticou a amiga-mestra. E eu quase calando.
Então enxergo um amigo numa mesa ao lado. Levanto animada e ele mesmo acompanhado, me abraça com força. Pouco tempo depois, tendo se despedido da sua nova paixão, senta na nossa mesa. E elas me olhando novamente.
Peço para o amigo me deixar em casa. Depois de concordar, o que faz com que minhas acompanhantes se desobriguem de mim, tomamos mais uma cerveja e conversamos e rimos. Muito.
Eu sei que havia desejo. Porque além de tudo, de todo o proibido que sempre nos cercou (e isso é outra história), eu estava linda. E sei que ele tem entrado vez ou outra no meu orkut e tantas outras coisas e detalhes nas últimas semanas e encontros casuais. Sei também e principalmente que depois dele fingir caminhos errados umas três vezes e de nossa conversa maravilhosa que rendeu mais por causa destes erros, eu podia convidá-lo para subir e fazer com que a noite me trouxesse mais fantasias e histórias e textos. Mas não quis. Não com ele. Não hoje. Não.
Porque eu sabia que a juventude do tal amigo seria apenas anestesia. E mais um precipício. E eu não queria pular.
Subi e só tinha tirado os brincos quando o celular toca. Um outro amigo tinha perdido as chaves de casa e é claro que podia dormir aqui. Chega e eu como um resto de brigadeiro enquanto me lamento e resmungo. Uma velha chata.
Agora o outro amigo ronca. Alto. E amanhã tem pedreiros e mais barulho.
Talvez pular tivesse sido o melhor. Mas sabe, é que foi tanta gente que não valeu a pena...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Porque eu sou loser



O Vencedor Leva Tudo


Eu não quero conversar,
Sobre as coisas que nós passamos
Embora isso me machuque,
Agora é passado
Eu joguei todas as minhas cartas,
E foi o que você fez também
Não há mais nada a dizer,
Nenhum ás a mais a jogar


O vencedor leva tudo,
O perdedor fica menor
Ao lado da vitória,
Está o seu destino


Eu estava em seus braços,
Achando que ali era o meu lugar
Eu achava que fazia sentido,
Construindo-me uma cerca
Construindo-me um lar
Achando que seria forte lá
Mas fui uma tola,
Jogando conforme às regras


Os deuses podem jogar um dado,
Suas mentes são tão frias quanto gelo
E alguém bem aqui embaixo,
Perde alguém querido
O vencedor leva tudo,
O perdedor tem que cair
É simples e está claro,
Por que eu deveria lamentar?


Mas diga-me se ela beija,
Como eu costumava te beijar?
Mas diga-me se é a mesma coisa,
Quando ela o chama?
Em algum lugar bem profundo,
Você deve saber que eu sinto a sua falta
Mas o que eu posso dizer?
As regras tem de serem obedecidas


Os juízes decidirão,
As coisas boas da minha vida,
Os espectadores do espetáculo,
Sempre ficam quietos
O jogo começa de novo,
Um amigo ou amante?
Uma pequena ou uma grande coisa?
O vencedor leva tudo


Eu não quero conversar,
Se isso te deixa triste
E eu entendo,
Você veio me dar um aperto de mão
Peço desculpas,
Se isso faz você se sentir mal
Ao me ver tão tensa
Sem auto-confiança
Mas você compreende
O vencedor leva tudo...
O vencedor leva tudo...


Alguém querido...
Leva tudo...
E o perdedor...
Tem que cair...
Lance um dado...
Frio como gelo...
Bem aqui embaixo...
Alguém querido...
Leva tudo...

Crise existencial

Só agora o barulho constante e irritante dos pedreiros diminuiu um pouco. Tenho pensado inclusive, de tanto que tenho falado destes trabalhadores da construção civil, em mudar o nome desse blog para algo ligado á respeito. Reforma e fúria, o que vocês acham? Bom, falemos disso depois...
Ontem a amiga E. chegou por aqui, acompanhada de um exemplar da espécie masculina muito, muito interessante. Era véspera do aniversário dela e bom, vamos dizer que comemorei com mais que brigadeiro e velas (apesar de termos tido ambos, além de cerveja e risadas).
Hoje me flagrei num estado que variava entre pensativo e melancólico. Talvez porque estivesse chovendo muito, talvez porque apesar de tentar manter minha fleuma diante da vida, muitas vezes sou pega de surpresa com uma espécie de pudor retroativo diante de certas atitudes que resolvo tomar.
Liguei para amiga-mestra e gastei todos os meus créditos em ladainhas confessionais. Balbuciei frases desconexas sobre promiscuidade e culpa. Fui interrompida em meus devaneios auto-fragelatórios, quando ela afirmou que tudo é simplesmente um direito meu. Simples assim. Direito sobre meu próprio corpo. Sobre minha vida.
Aí pensei se valia a pena escrever algo á este respeito aqui. Porque sei que muitas pessoas que conheço vez ou outra dão uma olhada neste blog, e bem, apesar de não mencionar lugares ou pessoas a exposição é muito grande.
Então, passei a analisar seriamente a possibilidade de parar de vez de escrever. Porque meu primeiro intuito ao criar esse espaço, foi sim, confessional. E se não me sinto mais confortável em usá-lo para tal, ele perde seu sentido para mim.
Como blogueira das antigas, sei que é exatamente nestes momentos, que, ou vestimos o personagem que é mais agradável aos que nos lêem ou permanecemos firmes, mesmo questionando os porquês, na nossa verdade.
Não quero precisar usar aqui os filtros que utilizo no cotidiano. No trabalho, no ônibus. Os filtros que agora mesmo, me impedem de jogar ovos podres na cabeça dos pedreiros que voltaram a fazer barulho demais. Quero poder desfiar meus nós e questionar meus porquês.
Já não tenho mais tanta certeza se consigo, posso ou devo fazê-lo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Porque foi bom, amiga!


Amo tú, bebedora de carreteiro.

Seu encargo e minha carga

Foi como se de repente a dor houvesse simplesmente acabado. Ido embora. E em seu lugar, um alegria tímida, novinha, recém-nascida e em tons pastéis.
Três meses. Há três dias. Só hoje me dei conta.
Voltei da feira agorinha, e o porteiro do meu prédio me sorriu e depois de dizer que nunca mais tinha me visto, comenta:
- Gosto das músicas que você escuta logo cedo.
Sorri de volta encantada, porque ele falava de Bach. Subi as escadas, abri a porta e tudo estava em seus lugares. Inclusive eu. Guardei pão e queijo, enquanto esquentava água para um café fora de hora. E penso nessa novidade boa. Nada fora do lugar. Nada mesmo. Nem as horas, que quem as decide sou eu.
E sinto que para você, amiga que amo, eu tenha que ser mais do que eu sou. Me comportar melhor do que agora. Sentir diferente e fazer menos ou mais ou... enfim... ter, que em tempo integral desconstruir essa fantasia de pessoa que não reconheço nas suas críticas e zangas. Não gosto dela, dessa pessoa, e ela não sou eu, saibas.
Meu amor por você não é só mérito teu, ele brota não só desse coração que se expõe, mas de mim inteira, falando e fazendo besteiras. E penso, que talvez, se um dia eu conseguisse alcançar o alto padrão que me exiges, esse sentimento, tal como flor que recebe água em excesso, morreria.
Talvez no fundo, queiras matar é meu reflexo em você. Talvez eu pese em excesso e seja carga em tua vida, não alegria. Sinto muito, então. Mas essas minhas últimas afirmações são só hipóteses.
As verdades absolutas a nosso respeito, deixo à seu encargo.

O barulho dos gatos

Gatos miam enlouquecidos embaixo da minha varanda.
Dizem que sexo entre gatos é doloroso. Não comentarei todos os detalhes sórdidos que já me contaram acerca disso, mas toda vez que escuto esse tipo de barulho me dá vontade de discutir com o divino. Como assim? COMO ASSIM, PORRA?
O negócio é que o barulho começou mal eu cheguei em casa, vinda de uma reunião entre amigos. Quando decidida, acendi um cigarro, liguei o computador e resolvi finalmente enfrentar o escrevinhamento de um conto erótico.
É que esboçamos um blog sobre o assunto e bom... enfim... os gatos...
Vocês por acaso já notaram o quanto esse assunto é espinhoso (desculpem-me o trocadilho, mas não resisti). O tal do sexo. Na vera. Na real. Para mulheres.
Então tá... começo o tal conto (com uma trilha sonora de arrasar) e noto que descrever certas coisas (ó eu sendo delicada) me deixava muito, muito constrangida.
Logo eu, Mané? A rainha das piadas politicamente incorretas? A mulher liberada? A que sempre acreditou em sexo como uma das necessidades primordiais do ser humano, igual a comer e dormir?
Pois é, eu, euzinha, não consegui descrever uma trepada sem romantizar. Virei quase uma Nora Roberts no meu texto. Só faltei falar de estrelas e eternidade e olhares que dizem que enfim, fui bem comida, amor. Só por você.
Pois é, eu sou uma farsa.
Os gatos sabem das coisas. Eu não.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eu te amo

Eu tinha quinze para dezesseis anos quando escutei pela primeira vez um “eu te amo” de um homem. Aprendi que apesar de não ser um bom dia qualquer, essa frase, pelo bem que faz, não deve ser economizada. Então, não a uso nem com parcimônia nem com cuidado. Mas nunca a deixo escapar quando não é verdade.
No entanto, aprendi que existem várias formas das pessoas reagirem á esta declaração. Se tornam especiais no meu coração, aquelas que a recebem com simplicidade.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Estranhos

“Não valham dramáticos efeitos, mas o que está depois...”
Conversamos muito. Buscamos títulos juntos. Rimos. Quando fomos nos despedir educadamente, em nome da nossa amizade récem-selada, um beijo que só que acabou horas depois. Quase amanhecendo.
E o dia de hoje foi de sorrisos fora de hora com as lembranças da madrugada.
No entanto, mesmo entre suspiros, não havia a urgência nem a ansiedade que caracterizam a incompletude de uma história para mim. A necessidade preemente de que alguma forma ela dê flores e frutos.
Uma quase calma me tomou. De quem fez o que era certo. Difícil explicar, mas é isso. Foi simplesmente certo e bom e justo o que aconteceu.
E somos os dois, criaturas estranhas. Mesmo assim, era o que tinha que ser desde sempre. Mesmo que não volte a acontecer novamente.

domingo, 18 de julho de 2010

Palavrão para quem merece

Ontem, E., amiga de fé, irmã camarada veio aqui em casa. Tinha acabado o namoro e trouxe um vinho que logo acabou. Fomos comprar outro porque a depressão pedia sedenta mais do líquido rubro.
Na volta para nosso refúgio de resmungos, encontro uma figura, que encomprida meus olhos desde sempre. Com ele sempre me comportei como uma dama. Nossa relação, pois, é baseada apenas em confrontos intelectuais. A única vez em que ele me encontrou bêbada na noite, ao invés de beijá-lo, critiquei um trabalho que ele tinha escrito sobre Walter Benjamim.
Então analisem e concordem comigo, nada que sugerisse que eu era facinha e molinha e tava doida para dar para ele.
Bom, continuando, essa figura, que é filosofo, mora na mesma rua que eu, e sempre nos encontramos, tal como ontem, pelas ruas do meu bairro (aqui é a filial do inferno, saibam!).
Coincidentemente, esse ser vai ministrar um dos cursos no tal evento que estou participando como blogueira.
Não sei porque (claro que eu sei, mas finjam comigo), antes de me afastar, no nosso encontro casual de ontem, virei e perguntei se ele tinha recebido meu e-mail com o endereço do tal blog. Ele disse que não, e eu educada e meiga, disse que o mandaria novamente. Chego em casa e mando o tal endereço junto com uma mensagem fofinha. Cinco minutos depois, quem me adiciona no MSN? Ele mesmo.
Conversa vai, conversa vem. Começa a rolar todo um clima de sedução, ele se insinuando, até que eu cedo e convido: Passa aqui. Ele: claro! Vou corrigir umas provas e ligo quando for.
A minha sorte é que não me animei a trocar de roupa, já que ele tinha me visto e eu não queria passar a idéia que me arrumei apenas em sua homenagem.
Mas é claro que eu esperei. Claro, porque eu sou uma imbecil.
Tú veio? Porque ele não. Agora me digam, eu fiz ou não fiz canga do santo sudário?
Então hoje cheguei a uma conclusão, eu causo uma espécie de efeito nos homens, até nos aparentemente bons, que é fazer emergir o canalha que habita seus corações. A culpa é minha, eu sei. Só pode ser.
E eu juro amiga, que farei o possível para não mandar o filho da puta tomar no cú quando nos encontramos novamente (e é claro que vamos), juro que tentarei seguir seus conselhos de mulher fina.
Mas não sei se conseguirei me controlar.

sábado, 17 de julho de 2010

A depilação só dura quinze dias

Esse vídeo é uma humilde homenagem à Ricardo.
"Dizem que as mulheres não devem transar no primeiro encontro, mas se ninguém marca o segundo, eu vou dar quando?"

Fragilidade

Trabalhei ontem das onze da manhã às três da outra manhã. Na frente do computador. O resultado (um blog institucional de um evento de artes) poderia ter saído em apenas quatro horas se eu não fosse tão metida a cavalo do cão. Mas eu sou. E quis aprender sozinha ao invés de pedir ajuda aos universitários.
Dei breves pausas no trabalho, para fazer café e conversar no msn com a amiga esvoaçante e amore, e ele que ontem cedo não merecia sequer uma poesia, voltou a entranhar-se no meu coração.
Nunca pensei em escutar de alguém que eu parecia uma boneca de porcelana, tamanha minha fragilidade. Gargalhei ao ler isso, mas avaliei que o cabelo desarrumado, as olheiras e a pele branca que a cam me mostrava como reflexo, deviam estar ajudando a causar essa impressão. Impressão errada, claro, porque sou uma mulher forte, decidida e independente, como todos sabem.
Enfim, estávamos eu e amore, concordando quanto à idiotice de nos gostarmos tanto, quando ele recebeu a notícia da morte do avô.
Chorei depois, confesso, tanto por ter visto seu rosto em choque sem sequer poder dar-lhe um abraço, como por minha fragilidade recém-apresentada. E por todos esses outros sentimentos tão esquisitos, que ultimamente tem me tirado o chão e puxado o tapete da minha racionalidade. Por serem eles tão reais, tão reais, mesmo que em termos literais não o sejam. Vejam bem, não sou a favor de escrever e fantasiar a vida ao invés de vivê-la. Preciso de presença e de cheiro e de toque. Sou taurina, pelo amor de dadá, o que quer que isso signifique.
Pensando bobagens, quando finalmente fui deitar, cadê o sono? Tomei um ansiolítico e fantasiei que o endredon era ele e me aninhei. Dormi pesadamente e sem fantasmas até as quatro da tarde de hoje.
E eu não quero entender mais nada.
MIMOS
Alberto Cunha Melo
Eu te amo tanto,
que, se o bem,
todo o bem,
for você dormir,
eu me esqueço de mim
e te acalanto.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Uma poesia para quem não merece

Educação

Para R.

Fui ensinada a não falar de boca cheia
e não por os cotovelos na mesa.
Sentei-me ereta por muito tempo,
ganhei da minha mãe, pés de bailarina.
Usei organdi e fui com vovó á igreja.

Então se hoje, por acaso, eu grito,
seja bem educado,
não tape os ouvidos.

Blog, camisola e assombrações

Ontem tive que me obrigar a sair de casa.
Fui ver a amiga-mestra. E foi bom. Conversamos muito. E dando os últimos retoques num projeto, soube-me responsável por criar e alimentar o blog deste evento durante seis meses. Vejam só, que coisa. E recebendo por isso. Jesus salva!
Fui dormir muito tarde quando já em casa tentei dar a primeira cara ao negócio e hoje acordei com fome. Levanto de camisola vermelha (porque sou luxo e glamour) e ao me encaminhar para a cozinha, me deparo não apenas com os velhos e conhecidos pedreiros do prédio ao lado, mas com dois deles na minha varanda. Pois é, estão colocando pastilhas no meu velhinho e decrépito prédio (tipo uma lipo arquitetônica) e escolheram começar por inspecionar minhas plantas (ok, as suas, esposa).
Então agora estou cercada de assombrações literais (não tive tempo de comprar a canela em pau e o "fantasma" se manifestou novamente esta noite) e assombrações de capacete vermelho. Quanto mais eu rezo...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Iniciação aos mistérios

O jardim da minha avó, em Sábados ensolarados, se tornava o território de uma das minhas tias, a quarta das suas cinco filhas.
Ela estendia toalhas e dispunha frascos misteriosos na grama. E eu, brincando com a mangueira, observava encantada seus gestos langorosos e aqueles rituais de amor-próprio tão misteriosos. E quando só de calcinha, aquela mulher grande e sensual, raspava suas pernas com delicadeza, usando muita espuma e risos, eu desejava logo crescer para poder participar daquilo.
Um dia, depois de uma briga entre ela e minha avó, onde eu escutei pela primeira vez a palavra prostituta, minha tia está raspando as pernas e chorando e eu sento ao seu lado e a abraço. Depois de colocar o dedo sobre os lábios, indicando-me silêncio e segredo, ela me depila as pernas com cuidado.
Demorou muito tempo para eu entender o porquê.

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!!!.

Quando decidi pelas férias, um recolhimento auto-imposto estava nos meus planos. Então tenho ficado muito tempo em casa, sozinha. Ou pelo menos é o que eu pensava até dois dias atrás.
Descobri que tenho como convidado no meu apartamento, um fantasma. Não, ele não é dos mais assustadores, é um fantasma delicado e deve ser muito cheiroso, uma vez que é nos perfumes da cômoda ao lado da minha cama, que ele mexe vez ou outra. E os derruba.
Conversei com minha mãe sobre isso, e nós que viemos de uma família que sempre teve que lidar com o sobrenatural, traçamos nossos planos. Não antes de minha precavida mãe testar meu nível de sanidade:
- Não, mãe, não é um amigo imaginário. Sim, as janelas estavam fechadas. Sim, estou tranqüila e bem-alimentada. Não, eu não estava nem estou bêbada. Não, eu não estava dormindo, estava lendo. Não, não houve tremores de terra especificamente no meu bairro. Não, também não houve comunicação à nível plasmático (tá bom, tá bom, essas duas últimas afirmações foram invenções minhas.).
Então munida das informações básicas, minha mãe (socióloga e marxista, acreditem se quiser!) fez lá as orações de libertação dela, seguidas de outras coisas que eu nem contarei aqui, enquanto eu ficava na minha, porque poxa, esse negócio de ficar jogando sal grosso no quarto e acender velas pela casa toda dá um trabalho danado para limpar depois.
Só que o tal do fantasma voltou a se manifestar noite passada. Eu fui é dormir e deixei-o se divertindo com meus vidros e fragrâncias, que tenho mais o que fazer do que ficar me apavorando. Mas isso me fez pensar em montes de histórias familiares. Com carinho e saudades.
Minha bisavó teve quatro filhas, minha avó cinco. Venho, portanto de uma família de mulheres. Um matriarcado cercado de histeria e possessões e receitas para ambos. Mesmo depois de tornar-se evangélica minha avó manteve seu repertório de encantos, tão improváveis quanto funcionais, para casos que iam de verrugas e soluços a aparecimento de espíritos. Depois de começar a fazer terapia e detectar nessas “visagens” que sempre acompanharam minhas tias-avós, tias, mãe e a mim mesma, uma espécie de histeria familiar, acabei por incorporar às minhas histórias engraçadas essas “experiências” familiares com o além.
Mas o realismo fantástico tem lá sua sedução e por mais que seja um sintoma esquizofrênico, esse fantasma cheiroso me chegou como um portador de lembranças de infância, de pensamento mágico e com sabor de tradição familiar. Então pego meu livro de “receitas de família” (comecei a passá-las para o papel, aos dezoito anos, baseada nas lembranças que tenho, já que tudo era passado entre nós de forma oral) e folheio-o. E nele que encontro o texto abaixo:

“Tia Cacilda tinha a receita mais eficaz para “aparecimentos” que não trazem terror ou angústia. Dizia minha tia-avó, que esse fantasma, era o de alguém que a amava e queria mostrar que estava por perto, caso ela precisasse. Então seu segredo era mostrar que estava bem e que “ele” desse seu recado. Compartilhar um chá de canela com o “espírito” era o segredo. Antes de dormir pegue dois paus de canela, ferva-os na mesma água e abafe enquanto se prepara para dormir. Coloque-o em duas xícaras, beba seu chá e deixa a outra xícara onde o espírito tem se manifestado ou aparecido. Você provavelmente sonhará com essa “pessoa” e/ ou receberá o recado que precisa ser dado. Ao acordar beba a segunda xícara do chá, para que o “fantasma” também não sinta mais sua falta e precise voltar.”

Não sei porque, mas quase chorei ao ler isso.
E vou, sim, no mercado central, comprar canela em pau.

Visto temporário

"No temporal da revolução
os baús de enxovais
preciosos das raparigas casadoiras
naufragaram.
Ainda hoje me consolo
com as leituras de Marx.
E, no entanto,
perdi meu enxoval."
Maria Alexandre Dáskalos

Vez ou outra, fico tentada a reler com mais atenção o que escrevo. E me senti casadoira e romântica e imbecil ao reler o post anterior.
Foi como se nele eu me justificasse pelo fato de fazer o que quero e sentir o que sinto e transar com quem transo. E quando quero. Como se nele um romantismo imbecil adquirido ancestralmente, servisse-me de visto temporário para a minha atual liberdade.
Neste tal visto imaginário e literário, carimbei minhas desculpas: “porque é só por enquanto”,” não farei mal a mim nem a ninguém durante muito tempo”,"só enquanto o homem que irá me “apaziguar” aparecer”. “Desculpem-me”. “Perdoem-me”.” Entendam-me”. “Aceitem-me”.
E não é nada disso. Não é porra nenhuma disso. Não tenho a mínima vergonha de ser o que sou, nem tampouco do que quero. E de como. E de quando. E de quem.
Não me imagino varrendo casa nenhuma, com fita no cabelo, feliz da vida, enquanto um homem meu dorme. Ora bolas, estaria na cama com ele. Torcendo para que meu amor acordasse antes e me preparasse café forte.
Mas tampouco me furtaria de lavar chão, roupa, prato e alma, se meu homem os lavasse comigo. Mas nunca apaziguada. Nunca.
Então estamos entendidos?
Agora, por favor, me expliquem...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Amo até a barata

Ontem, um amigo descobriu esse blog. Me questionou acerca da paixão por uma pessoa específica. Usou um nome, ó pecado dos que nada sabem!
Falei-lhe brevemente, ao telefone, coisas bobas sobre licença poética e liberdade. Mas a verdade é que sou sim, apaixonada. Pelo mencionado e pelo que o mencionou, pelos que leio e pelos que me lêem, pelos que abandonei e pelos que me abandonaram. Pelos esquecidos e pelos que nunca cheguei a tocar o rosto com as mãos. Pelos que tiraram minha roupa e me fizeram verter sangues e lágrimas e pelos que apenas discuti sobre meu livro favorito. Por esses dias, tenho inclusive, muito desejado morrer de tanto desejo por alguém que me devora com olhares e poucas palavras. De longe.
Por todos eles, sou sim, apaixonada, dentro da minha medida, que nunca é pouca ou vã. E tão loucamente o sou, que por eles danço tango e pinto a boca e os olhos e me embriago e escrevo.
Enquanto isso, peço ao divino esperançosa e humildemente, que um dia surja aquele que me faça acordar de manhã, prender o cabelo com fita e varrer a nossa casa enquanto cantarolo bobagens. Porque desde que ele esteja perto de mim, todos os outros também estarão.
E finalmente, eu estarei inteira e apaziguada nesse amor absoluto.

Para o Zé
Adélia Prado
Eu te amo, homem, hoje como toda vida quis e não sabia, eu que já amava de extremoso amor o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos de bordado, onde tem o desenho cômico de um peixe — os lábios carnudos como os de uma negra. Divago, quando o que quero é só dizer te amo. Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrinha como florinha amarela, desejandoas finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne de que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto: “Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros”.Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível. Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece, tira de mim o ar desnudo, me faz bonita de olhar-me, me dá uma tarefa, me emprega, me dá um filho, comida, enche minhas mãos. Eu te amo, homem, exatamente como amo o que acontece quando escuto oboé. Meu coração vai desdobrando os panos, se alargando aquecido, dando a volta ao mundo, estalando os dedos pra pessoa e bicho. Amo até a barata, quando descubro que assim te amo, o que não queria dizer amo também, o piolho. Assim, te amo do modo mais natural, vero-romântico, homem meu, particular homem universal. Tudo que não é mulher está em ti, maravilha. Como grande senhora vou te amar, os alvos linhos, a luz na cabeceira, o abajur de prata; como criada ama, vou te amar, o delicioso amor: com água tépida, toalha seca e sabonete cheiroso, me abaixo e lavo teus pés, o dorso e a planta deles eu beijo.
O texto acima foi extraído do livro “Poesia Reunida”, Editora Siciliano – São Paulo, 1991, pág.99.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sob o sol

Ontem na reunião geral do trabalho, numa atitude sábia, porém impensada, solicitei minhas férias. Dez dia apenas.
Mesmo assim, acordei agradecida pela decisão meio que repentina de dar-me direito ao ócio. Não que eu não tenha me dado ao luxo do nada fazer esses meses, mas é que sempre a preguiça era acompanhada por uma pitada de culpa que estragava tudo que eu planejava não estar fazendo.
Então hoje me levantei da cama apenas para comer, ir ao banheiro e comprar cigarro. As garrafas de água me cercam, os lençóis estão desarrumados e não tenho planos nem obrigações. E foi nesse clima de entrega à mim mesma, que tomei a decisão mais importante da minha vida nós últimos anos.
Mas vamos começar pelo começo.
Minha mãe e eu sempre sonhamos com a Itália. Era lá que eu iria fazer meu curso de Artes, planejávamos. Mas fui professora, depois virei executiva, casei, separei, casei de novo, enfim, o meu sonho acabou sendo esquecido pelos caminhos, o meu e os alheios.
Dia desses a amiga-esposa foi para lá. Lá ainda se encontra. E eu nem, nem... Aí hoje me dei conta, lendo um livro que a Borboleta me deu, que sim, é isso. Eu ainda quero. Muito.
E o melhor. Eu posso.
Não um poder que o dinheiro (que não tenho) me daria, mas o poder de grandes decisões que só a liberdade dá. Não tenho o que me prenda à lugar nenhum, assustadora e deliciosa sensação essa...
O arrebatamento que senti com esse pensamento foi tamanho, que tive que ir comprar cigarro. E tive medo, assumo, de escrever sobre isso. Porque dessa forma eu estaria dando corpo à um desejo tão preemente e devastador quanto escondido. Mas aí está. O desejo e as letras.
E os planos.
Acabarei meu curso e vou. No máximo em dois anos.
Porque sim.
Alguém tem um motivo melhor?

Para a menina com uma flor

Conhecer você, minha linda, embora isso tenha sido desde sempre, foi como comer brigadeiro na TPM. Real e figurativamente.
Foi mostrar-me em verdades e mentiras e mesmo assim, só escutar bondades. Tantas que me assustei. Porque você é mesmo uma menina com uma flor, pelo menos a que te dei com todo o carinho que sobra na minha alma cínica, naquela primeira noite tão especial.
Ontem, ao me despedir não respondi o teu "eu te amo". Repito-o agora. E que ele ecoe e faça com que voltes ou com que eu vá ao seu encontro.
Sempre. E todos os dias.
Amo você, saiba.
E que os meus silêncios não tenham sido sobrecargas. E que minha presença não tenha sido pesada. E que a mala que carregas na vida seja sempre cada vez mais leve.
Quanto ao seu destino, nem queria te contar, mas ele é todo cheio de campos de girassóis e grandes amores que plantei para você.
Acredite.
O resto não interessa.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

De livros (Parte I)

Já havia comentando quando a Caminhante fez sua a sua lista que gostaria de fazer a minha. Então ele também fez a sua, e hoje, ao voltar do trabalho, escutando boas músicas (Bach e chuva) cumpro com o que prometi somente para mim mesma.
No meu caso, não vou colocar links, mas deixar que vocês procurem estes livros pelo mundo (o virtual e o real) apenas caso se interessem (não, não vou facilitar). Também falarei apenas de alguns dos meus livros preferidos. Como são muitos, dividirei essa lista em partes.
Essa primeira lista são sobre os livros que me falaram sobre aprender e amar. E sobre aprender a amar (e desamar) também.
A caixa preta de Amós Oz- Se a caixa-preta de uma avião que cai guarda os segredos que levaram à sua queda, a caixa preta de que o autor trata aqui é aquela onde se escondem os detalhes do fim de uma relação amorosa. Comprei na época em que estava me separando pela primeira vez e foi tão devastador quanto irritante lê-lo. É visceral, apesar do autor usar a relação que findou pata tratar de guerras outras que não a entre homem, mulher e os frutos de seu envolvimento.
Metaformose de Paulo Leminski- Tenho épocas de paixão devastadora por certos autores. Leminski sempre me encantou por seus haicais geniais e sua poesia vinda do umbigo. Então houveram dias em que junto à esta paixão havia meu interesse por mitologia grega. Não lembro como encontrei esse pequenino (apenas em tamanho) livro de Leminski, cujo subtítulo é “uma viagem pelo imaginário grego”. E fica para vocês uma frase apenas: “Que nume monstruoso me condenou a ser apenas uma metade? A metade de uma lenda, outra metade perdida nos labirintos da memória?”
Dona flor e seus dois maridos de Jorge, o Amado- Esse cara simplesmente mudou minha forma de me ver como mulher. Tendo sido criada por uma avó evangélica que via qualquer vontade como pecado e tinha poder de veto sobre o que eu lia, foi aos treze anos, já morando com minha mãe, que o descobri e claro, me apaixonei. Esse livro específico trata (para mim) da divisão entre desejo, mesmo que destrutivo e convenções sociais, que toda mulher cedo ou tarde enfrenta. Mas não apenas isso. Como nada no Jorge é apenas.
Cem anos de solidão de Gabriel García Marqués- Não tenho palavras, quem as tem todas é esse livro.
O cheiro de Deus de Roberto Drummond- Convencida por Gabriel Gárcia que o realismo fantástico era delicioso e me convinha, me aventurei com esse livro, convencida também por um namorado numa época distante. Roberto Drummond é também autor de Hilda Furacão. Esse livro tem lobisomens que comem rosas, mulher branca que vira mulher negra em determinadas noites, personagens masculinos com nome de uísque. E não vou falar o que é o cheiro de Deus, porque vocês tem que lê-lo, mas posso adiantar que esse momento (o da revelação do odor divino) é uma das passagens mais lindas e que descreve com a força de punhaladas na alma, amor e ódio, fome e desejo, sanidade e loucura, que já li em toda minha vida.
Mulheres que correm com os lobos de Clarisse Pinkola Estés- Um livro de uma autora que é terapeuta Junguiana só pode ser uma leitura chata, mas surpreendentemente é um livro delicioso que muda tudo dentro de você. Um calhamaço de trocentas páginas do qual eu e minhas amigas ao comentar, nos referimos como “a Bíblia”.
Morangos mofados de Caio Fernando Abreu- "Mas te investigo, te busco, te suspeito cúmplice de mim, não dele, porque a tua ajuda é a única que posso esperar, então insisto sempre se me entendes, e volto a perguntar então, me entendes? assim, me entendes, tu? agora, me entendes, ou nunca?"

Breve outra lista. Ou não.

A coragem de ser bicho


E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.

Pintura de Egon Shiele/ Texto de Caio F. Abreu

Azedume

Ontem me chateei, tava com um sono sem fim e fui aquela que queria voltar para casa. Meu celular longe e indisponível e a amiga leãozinho (que se recusou a ser citada aqui como amiga advogada) brigando comigo, dizendo que eu gosto de dar trabalho aos outros pelo fato de tê-lo esquecido de novo.
E eu querendo o abrigo dos meus lençóis. Claro que, nesse clima, acabei comendo demais, e ao me flagrar devorando a última batata frita de um enorme prato, me dei conta que as coisas não estavam assim tão bem como me pareciam no dia anterior. Porque se peço batata frita como tira-gosto as coisas não andam coloridas no meu mundo.
Não que haja motivos. É mais uma sensação de incompletude generalizada. De cansaço diante do espelho. Borboleta volta hoje para casa e talvez seja a perspectiva da solidão que esteja me atormentando. Ou então o cotidiano, esse inimigo da contínua diversão, que já começa a se infiltrar entre os planejamentos da minha semana.
Como tento bravamente não cansar, resolvi que mais uma mudança é necessária. A partir de hoje serei um mulher séria e sã. Não mais beberei, nem serei irresponsável. Me tornarei lúcida, confiável e madura.
Façam suas apostas (como se vocês se importassem, né?).
Sim, tô azeda!

domingo, 11 de julho de 2010

Entre a fé e a falta de razão (uma fotonovela baseada em fatos reais). Parte III

Porque não tenho amiga besta e o agarrado que foge é melhor do que uma camiseta "estive em tal lugar e lembrei de você.". Mate suas amigas de inveja, pessoa que esvoaça.

No shopping, achamos esse mimo. Como este blog também é luxo e glamour, indicamos a compra para maconheiros ricos, porque o conjunto custa R$ 449,00. Mas dividem no cartão.

Entre a fé e a falta de razão (uma fotonovela baseada em fatos reais). Parte II

Começe pelo fim...

Eu, borboleta, amiga advogada, o bar, as cervejas e a sinuca. O resto da noite virou lenda.


Borboleta toda trabalhada na unha "soy quenga, pero no mucho". Reparem no brinco temático.


O mar que não tem cor, de acordo com borboleta. Humildemente concordei, mas estava chovendo, vejam bem...



Quando quase estavámos nos convencendo a entrar para a ordem das carmelitas descalças, o santo do pau oco nos observa e milagre! diz: "Amadas, vão tomar uma cerveja. Ah, se eu pudesse..."

Entre a fé e a falta de razão (uma fotonovela baseada em fatos reais). Parte I

Começe pelo fim...


E mais igreja (com um toque de verde).


Mais igreja.



Primeiro dia e primeira igreja e eu ainda trabalhada no interesse.




"Eu ouço vuvuzelas"

Bom, a final da copa do mundo está rolando nesse momento e “eu ouço vuvuzelas” (piada interna). Também me sinto como quem foi atropelada por um trem. Borboleta me acompanha nessa sensação (ou eu a acompanho?), com sua garganta fechante.
Estaremos somatizando?
Ontem desistimos do chá de fralda e fomos comer no shopping com o dinheiro que eu usaria para comprar as fraldas do tal chá. Pensamos em encarar um cinema, mas era tal a quantidade de adolescentes barulhentos que assustadas, resolvemos ir beber.
Fomos para o bar que era o local marcado para o encontro da borboleta com o agarrado que foge (post anterior) e houve cerveja e conversas e risos. O agarrado que foge quase que não vinha, mas veio e seguimos para um outro bar, onde rimos mais e bebemos mais e conversamos mais e onde eu fiz a borboleta experimentar a cachaça da terra.
Viemos para casa e o agarrado que foge libertou nosso almoço de hoje do congelador. E olhou meu bujão de gás para detectar vazamentos. E abriu o vinho. Enfim, um fofo. Não acho que Borboleta agradeceu devidamente, mas que posso eu fazer, não é?
Um homem para casar, o agarrado que foge.
Em nenhum momento meu celular tocou. E descobri agora que o perdi ontem. De novo! Ato falho que me entrega?
Então hoje tô meio assim, meio assado. Queimei o pé enquanto cozinhava. Cólica. Ressaca. Enfim... daqui a pouco me animo. Acho.

sábado, 10 de julho de 2010

A borboleta e a cidade

Amores e amoras, estou muito surpresa com a capacidade de manter-se sóbria da borboleta amada. Porque eu não consegui. Se bem que não posso dizer que tentei.
Peguei-a na rodoviárias às sete. Ela esqueceu o celular no táxi que nos trouxe (e a sua gigante mala) em casa. Chegamos, empresto uma sandália para sujeita, que só usa salto e, portanto só os trouxe, e saímos serelepes, trabalhadas na vontade de cultura para turistas e na necessidade de encontrar o tal celular passeante.
Igrejas e ladeiras e mais igrejas e mais ladeiras e outra igreja. E lindas vistas. Dez da manhã, quase nos convertendo, resolvemos tomar a primeira cerveja. Quando achamos o taxista e o celular anão de jardim, já estávamos na quarta (ou era a quinta?).
Enfim... tomamos mais uma para comemorar o fato de termos encontrado o objeto que toca e vibra e fala e pegamos um ônibus que nos trouxe para casa, parando antes no Carrefour para comprar adivinha o que? Quem gritou cerveja, acertou!
Então borboleta conhece o F. (amigo do (eca!!!) menino abusado), e a amiga advogada. Eu quebro uma taça (sinto muito, esposa!) quando resolvo acabar meu relacionamento virtual entre lágrimas e cerveja (claro!) e vou, deprimida, arrasada e de vestido florido para a nossa peregrinação “Há bares que vem para o bem!” junto à amiga advogada e a borboleta amada.
Sinuca, mais cerveja, risadas, cerveja, eu agarro um cara no corredor do banheiro. Amiga advogada diz que o agarrado que fugira, tava era dando em cima da borboleta. Então tomo um uísque no balcão para lamentar os cães que habitam o inferno, enquanto borboleta e amiga advogada se divertem com tacos e bolas.
Sei que eu acordei hoje e tinha um homem na minha cama. Fiz um café e a noite deve ter sido muito boa, porque eu o cedi à figura masculina que surge na porta da minha cozinha. Ainda bem que sou uma bêbada de bom-gosto, penso, agradecida.
Borboleta diz que nós conversamos muito e que ela achava que eu já o conhecia, tal o grau de intimidade entre nós. Pelo pouco que lembro, não tenho motivos para estar arrependida, muito pelo contrário.
Ela também chegou a conclusão que eu me saboto e portanto, será a responsável pela triagem das minhas palavras cruéis. Amiga advogada ao saber dessa intenção vai dar uma gargalhada, eu sei, porque pobre das pessoas que já tentaram fazer isso...
E agora a borboleta amada e inocente está toda trabalhada no Black porque vamos a um chá de fraldas (programa de índio eu sei, mas tem cerveja e feijoada) e de lá seguiremos para outra peregrinação etílica e sim, pedi desculpas ao agarrado que fugiu através da borboleta, que ligou para o sujeito e marcou de encontrá-lo mais tarde. Porque amiga minha tem que ser sabida. E ela está de férias e, portanto, liberada dos seus padrões pré-estabelecidos para homens.
E eu dei meu telefone para o homem que acordou na minha cama, e gostaria bastante que ele ligasse (por favor, divino, eu prometo, prometo me tornar uma pessoa melhor se ele ligar!!!!), que como já dito aqui não sou boba de fazer coisas boas apenas uma vez.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Louca e baratinha

Pois é, estava eu voltando do supermercado, cheia de sacolas (sacrifício por amor à borboleta linda que tá chegando amanhã, oba!) quando o celular toca. É amiga advogada. Segue-se o seguinte dialogo (editado!):
- Que post tú deletou tão rápido, que nem deu tempo de ler?
- Um que eu escrevi beba, pedindo perdão a W. Amiga-Esposa acabou me esculhambando nos comentários.
- Ainda bem que eu não li, faria o mesmo. Iria perguntar se você não tinha esquecido de agradecer o fato dele não ter te estrangulado, serrado e jogado pros cães.
Sim, amiga advogada se referia ao caso Bruno. Claro que ela, dona de um senso de humor muito particular, deve ter morrido de achar graça da piada. Eu não.
Porque sei que o que escrevi ontem é uma decorrência dele ter agido como sempre agia quando éramos casados. A resposta é automática de minha parte. Fazer com que eu me sinta tão mal comigo mesma, com o que sou, com o que penso, com o que visto ou como eu ajo, que qualquer mínimo gesto de carinho ou respeito é considerado uma dádiva quase divina.
Ontem mamãe me ligou dizendo que ele tinha ido pessoalmente deixar os documentos e a grana na casa dela. Esse foi o ato desencadeador de uma série de chicletinhos mentais mastigados com muito vinho.
O resultado desse reflexo condicionado é sempre desastroso para mim. Apesar de ter me feito entender os motivos, nem os oito anos de terapia lacaniana conseguiram que eu deixasse de me sentir culpada pelas merdas que os outros fazem comigo. Principalmente os homens.
Foda assumir, mas esse é um fato, faz parte dos meus defeitos, do lixo interno que preciso jogar fora. Tenho até melhorado, conseguido dizer mais nãos para quem me faz mal, mas sou condescendente demais, imbecil demais com os homens que gosto. Os que gostei e posso gostar um dia também servem. Uma merda, amigos, uma grandíssima merda.
Enfim... assumir isso aqui é fazê-lo principalmente para mim. Talvez, quem sabe, isso ajude a não repetir os mesmos velhos erros de me vender baratinho, por qualquer fungada no cangote ou pegada mais quente. Porque se sou tão amada por minhas amigas, a ponto delas se incomodarem em me dar esporros quando me desvalorizo, eu tenho que me convencer desse valor por mim mesma.
“E quem nunca pecou que atire a primeira pedra”- disse o homi!

Post anterior deletado

Post anterior deletado por motivo de esporro bem dado e merecido da esposa.
PORRA! EU TAVA BEBA!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sem querer...



Na primeira vez que me separei de W. passei um mês inteiro em que chegava do trabalho, tomava três doses de uísque escutando a música acima e chorava e chorava e chorava.
O que eu posso dizer de nossa história?
Esse amor sempre foi muito maior do que eu. E sim, ele também me amou com todas as forças que tinha. Mas nunca fomos parecidos. Eu libertária, ele cercado de convenções. Eu literatura e artes, ele veterinária. Eu livre, ele com medo.
Nos restava tentar, e tentamos e tentamos e tentamos, mas fui eu que comecei a ceder demais. Quando quase não me reconhecia mais, tive que partir novamente. Doía saber que ele pensava que eu nunca o amara por ter feito isso.
Hoje, no advogado, ví que W. sabia que cedo ou tarde eu iria embora. E se protegeu financeiramente de todas as formas que podia. Não há nada que eu possa fazer para provar nossa união estável sem perder muito tempo e muito dinheiro. Nosso divórcio foi homologado há anos e nesta época não fiz questão de divisão de bens. Então é isso... a guerra acabou antes de começar.
Saí completamente desnorteada do escritório de advocacia e passei no banco para verificar meu saldo. Ele tinha depositado 200 reais na minha conta. Seria engraçado se não fosse tão triste.
Peguei o ônibus e desci três paradas depois da minha casa, entrei na loja de material de construção e com uma parte do dinheiro comprei esmalte sintético vermelho, lixa, pincel e thinner.
Estou pintando agora o primeiro móvel que tenho desde que separei, uma cadeira de ferro que ganhei da minha amiga-chefe-mestra, uma mulher que teve todas as páginas de sua tese de mestrado riscadas com a palavra vagabunda pelo ex-marido.
E nesta cadeira que descansarei das lutas que sei que ainda vou enfrentar. Ela será meu símbolo da certeza que posso e vou sobreviver a qualquer coisa. Porque disso eu não tenho dúvidas, eu vou sim sobreviver e este será o primeiro de uma série de objetos, projetos, pinturas, amores, decisões e boas coisas que terei ao longo da minha vida.
E sim, sem querer parecer boazinha (o que não sou), eu o perdôo com todo o amor que ainda carrego dentro de mim. Porque ambos somos culpados e é tudo tão triste que não resta mais o que fazer além de esquecer.
E não se preocupem comigo, no fundo quem ganhou essa guerra fui eu.

Guerra

- Porque você não me avisou antes?
- Estou avisando agora.
- E as minhas contas desse mês?
- Arrume um emprego. Eu não tenho que trabalhar para pagar seu aluguel.
Depois do telefonema num orelhão de esquina, eu comecei a chorar descontroladamente no meio das pessoas em pleno centro da cidade. Uma amiga me tapa os olhos e ao escutar entre soluços o que tinha acontecido, me oferece conforto na forma de um emprego de dois horários. Telemarketing. Começo a planejar mentalmente o trancamento do meu curso.
Vou para casa da amiga-mestra-chefe que já imaginava que isso ia acontecer. Choro mais. Mil telefonemas. O advogado indicado pelo primo, com muita delicadeza, me convence que é um direto meu, pelo menos de acordo com a legislação Brasileira. Marco um encontro para o outro dia. Hoje.
Me sinto menos puta, o que o ex-marido tinha me convencido via Embratel que eu era. E interesseira. E sem coração. E irresponsável. E que nunca o amei. E que merecia passar fome, sede e frio por isso, ora pois. O que eram quinze anos, se eu o larguei?
Choro mais um muito quando a comadre liga e diz que vai segurar minha onda seja lá o que eu decidir fazer e que o irmão dele também está do meu lado. Me oferece uma grana que vai receber na sexta. Mais lágrimas.
Não consigo fazer mais nada. Venho para casa.
Dou um jeito no pescoço de tanta tensão e a amiga chamada de emergência chega em minha casa com miojo, vinho e massagem. Coloca os pingos nos is. Todos, menos eu, esperavam isso acontecer, ela esclarece. Ele quer sim, me magoar. Como sempre. Me sinto burra, todos menos eu, o conheciam.
Então choro descontroladamente por mais alguns minutos.
Como sempre esse homem consegue me atingir e apenas duas taças de vinho depois, me encolho em posição fetal e me escondo num sono de doze horas. Como sempre fiz quando ele nunca chegava ou quando me fazia sentir menos. Quando me convencia que eu só valia algo por estar com ele.
Acordo e a amiga está ao meu lado. Aliso seu cabelo, agradecida e faço café para nós. Me dou conta que não foi um pesadelo.
Agora estou indo para meu estágio de 300 reais e depois vou encontrar o tal advogado. Meu primo, policial federal, ficou de passar na minha antiga casa e pegar meus documentos, que ainda se encontram por lá.
Sim, caros amigos, a guerra começou.

terça-feira, 6 de julho de 2010

É crime!

Alguém já assistiu o filme “É Proibido Fumar?”
Então me contem o final porque o dvd deu pau na melhor parte.
Nessas horas eu concordo que pirataria é crime.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Certas alegrias

Bom, o negócio é que, como falei para amiga, eu tenho certa tendência à bipolaridade, tal qual a esposa.
Então, depois da tristeza depressiva e quase suicida de ontem, hoje acordei com a “molesta”. Depois de cinco horas na frente do computador em casa, esboçando meu esboço de trabalho de conclusão de curso, numa tempestade de idéias, voumimbora trabalhar, e lá se vão mais quatro horas organizando idéias alheias em outro PC.
Chego em casa e separo uma pilha de livros referentes aos trabalhos (o meu e o dos outros) e tiro o sutiã para respirar melhor. A única taça de vinho da noite (de uma garrafa esquecida na geladeira) está ao meu lado e estou surpreendentemente bem. Bem mesmo. Quase radiante.
E me dou conta, se existe algo que ninguém, nem nenhum acontecimento podem me tirar é a alegria que sinto diante de um desafio intelectual. Amém!

Mulheres eclipsadas

“O que não se sabe é sempre uma outra pessoa. Essa estranha perspectiva: o outro revela inclusive o que não se sabe sobre si. Casada com a sua própria impossibilidade, permanecia o desejo de ser lembrada.
Sozinha, sabia demais. Assim faltou espaço pra mais, nada.”
Bom, acordei cedo, com a mente fervilhando. Aí tentei com bravura e muito café, organizar meus pensamentos serelepes e bagunçados.
O resultado está aqui: Mulheres eclipsadas
Estou começando a escrever as primeiras considerações e a tentar destrinchar o problema-chave, mas a primeira idéia da tese é analisar a obra de mulheres artistas, e o porque de permitirem-se ser “traduzidas” e “expostas” não através de seu próprio trabalho (considerando a arte como forma de revelar-se ao mundo), mas pelo olhar dos seu amantes e maridos, pintores famosos.
Então é isso, o blog servirá para trocar idéias e para jogar os textos soltos de outros e os meus próprios.
Querendo ajudar...

domingo, 4 de julho de 2010

Desde sempre

Pedi com força, ajoelhada no chão recém-lavado da cozinha, a deuses e deusas antigos como o mundo, que me tragam conforto assim, como as carícias de um grande amor.
Fraquejo e temo. Não sou tão forte assim.
E o desejo agora e de cafuné e rede da casa da avó. De ver aquela mangueira da minha infância, que acolhia balanços feitos com corda e inocência.
Mas aí me lembro que desde muito cedo tenho ânsias e terrores, e mesmo ali, no antigo ninho, onde o mundo ainda me parecia um lugar aprazível, eu suava frio e chorava sem motivo.
Então porque hoje que tenho todos os terrores do mundo, como fantasmas a me assombrar, as lágrimas que lavam essa angústia que carrego desde sempre, não chegam?

Música politicamente incorreta



Aumenta o som, porque "Bom é quando faz mal", de Matanza.
A banda foi-me indicada por amore. Depois ninguém sabe porque eu sou louquinha por ele...

Eu sou sua preferida, eu sei. Vem logo, pois...

sábado, 3 de julho de 2010

Retificações

E a partir de hoje, esse personagem maldito, outrora nomeado menino abusado (atual filho da puta dos infernos), não mais frequentará nenhum espaço na minha vida, entre eles este blog. Esse ser do mal já rendeu histórias demais e eu cansei minha beleza morena, serelelepe e cacheada. Assim seja!
E a amiga lembrou-me que não mandei o homem-teflon tomar no cú, quem tomou foi eu. Enfim...

Um longo post para um longo final de semana

Uma das minhas melhores amigas chegou aqui em casa na Quinta. Tava mal e queria conversar. Eu com um vinho recém-adquirido que planejara tomar sozinha, esperando o freezer descongelar, toda trabalhada na piniqueirice, recebo ligação de outra amiga. E do menino abusado e do seu amigo. Quatro garrafas de vinho e doze cervejas depois, nossa festa para cinco já tinha me proporcionado muitas gargalhadas, uma conversa bêbada com a borboleta querida (com direito a cam e tudo), e uma viagem para lá de Marrakesh. Acabamos a noite no bar pé-sujo amado, e claro, que eu, que perco tudo, desta vez exagerei. Alguém viu minha chave por aí?
Longe do meu colchão próprio, fomos dormir na casa do menino abusado, onde muito comportada e ajuizadamente, fiquei longe das mãos do sujeito. Acordo ressacada bem na hora do jogo que nos tirou a esperança do hexa. Passo grande parte do segundo tempo dentro de um táxi, que me leva à casa da minha mãe e à cópia das chaves de casa. Quando retorno para frente da televisão, o Brasil já tinha se lascado. Sofri. Mas a promessa do rubacão da amiga salvou meu coração entristecido. Venho para casa e a única chave que a minha Mãe não fizera a cópia era a do cadeado que me deixava longe do meu celular, do meu computador, dos meus shampoos, das minhas calcinhas e roupas, enfim, da minha vida. Apelo para o porteiro super-herói que munido de martelo e afins, assassina o cadeado maldito.
O menino abusado e o amigo vem para cá, a amiga também. Mais cerveja. E mais. Amigo querido liga e nos incentiva a ir para o Centro, onde haveria show. Um amigo da amiga também liga (vamos chamá-lo de FinancialMan) e quer me conhecer, afinal soubera da minha inteligência e charme. Combino com o menino abusado que se eu não me desse bem com FinancialMan, dormiríamos juntos (Afinal, sou uma mulher precavida). Despacho-o e à seu amigo, marcando de encontrá-los no Centro depois. Me arrumo num estilo vestido-branco-puta e balanço meus cabelos cacheados quando vejo que FinancialMan é uma delícia. A noite prometia.
Mas como sempre digo, o inferno é cheio de cão. E começa agora.
FinancialMan é rico e prepotente e mandão. Quer determinar minhas palavras e minha noite. Enfim, se emputece quando conto do acordo que eu fizera com o menino abusado. Mas pelo menos, baixa um pouco a bola. Mas jura pela filha mortinha que não me beijaria. Nos beijamos. Mas ele se vinga quando chegamos no bar, afirmando de cinco em cinco minutos para o menino abusado que eu sou apaixonada por ele.
Meia-Noite, FinancialMan acaba enchendo o saco do estilo alternativo do Centro da cidade, sem seus amados seguranças e vai embora para uma boate, depois de nos fazer jurar que vamos encontrá-lo depois.
Chegam os cães. Todos eles.
O artista que foi o amor da minha vida me arrodeia e eu fujo. Para dar de cara com Homem-Teflon. A essa altura da noite a bebida já havia liberado a maldade do meu coração. Pergunto a Homem-Teflon porque ele não atendera meu celular e discurso sobre consideração, respeito e carinho. Mando-o tomar no cú e vou me esconder numa barraca com a amiga e um conhecido dela que elogia meus peitos. Agradeço e resolvo voltar para o bar.
Um coroa, amigo do menino abusado tinha chegado. Onze telefonemas de FinancialMan e muitas cervejas depois, resolvemos finalmente ir para a tal boate. O pessoal espera do lado de fora enquanto procuro por FinancialMan no meio do barulho e da fumaça. Ele diz que vai encontrar-nos lá fora. Não vai. Liga para a minha amiga e diz que não é palhaço para ser um homem de fim de noite.
Decidimos ir para o pé-sujo amado, onde enquanto o menino abusado tentava transar com o pé da mesa, dou de cara com o Homem-Teflon. Considerando que a noite foi cheia de emoções demais, vou ao banheiro chorar, e quando volto para a mesa, o menino abusado, depois de dar em cima da amiga, tinha ido embora.
O coroa amigo do menino abusado nos deixa em casa, depois de contar-nos que o palhaço tinha mandado ele se virar para pagar a conta. Eu já tinha avisado que estava sem grana depois de bancar cerveja para todo mundo e o imbecil tinha dito para eu não me preocupar. Cão dos infernos!!!
Quando chegamos em casa, o menino abusado liga e pergunta se ainda pode vir dormir aqui. Não contarei as palavras de baixo calão que utilizei na minha resposta, mas digamos que o fim do mundo será menos barulhento que o som da minha voz. Fui dormir e aqui me encontro, depois desse longo final de semana, e de um telefonema internacional da esposa (adoro!), tomando coca-cola e comendo frango frito.
A amiga ainda está aqui e quase agorinha me solta essa: - Tá, não vou mentir, eu até tomaria uma cervejinha agora...Medos, muitos medos.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Cadê meu terninho?

Ricardo, que quando aparece por aqui (e se digna a comentar) sempre me faz rir, desta vez pegou pesado. Com que eu trabalho?
Que pergunta!!! Logo num momento tão delicado... Porque ontem, estava eu às voltas com planilhas e datas (eu trabalho com produção e elaboração de projetos na área de cultura e artes, querido) quando me dei conta. Merda, virei uma burocrata! E só ganho dinheiro ao bel-prazer dos que financiam “essas coisas” no nosso País.
E claro, a minha amiga-mestra-chefa nunca me deixa sozinha com meus dilemas, começou a me pressionar acerca dos meus planos para um futuro mestrado. Eu gaguejando, e ela me olhando com aquela cara de “especifique, por favor!”. Então ontem acabou sendo um dia de pensar no que ser quando crescer.
Mas não é tão simples quanto parece...
Tenho trinta e cinco anos e moro nesta cidade há mais de dez. Vim para casar, que eu sou (ou era) uma mocinha direita. Profissionalmente fui bem-sucedida aqui, ganhava bem, mas trabalhava em algo que detestava. Então joguei tudo para o alto, inclusive a estabilidade financeira, para me aventurar novamente na universidade e na vida. Mudei de foco.
E veio a minha separação.
Hoje, neste apartamento com cara de “garota de vinte anos sai de casa e vai morar sozinha”, sem meu sofá e sem meu lindo jardim de casada, e ás voltas com infiltrações na parede do meu quarto, pergunto se fiz o que era certo.
Porque sempre me imaginei aos trinta e cinco anos como uma mulher de terninho, carro zero, plano de previdência privada e sapatos poderosos. Meu atual visual riponga, sandálias de amarrar e o ônibus que encaro todo dia, mostram-me que minhas previsões não foram acertadas.
Quanto ao mestrado, quero fazê-lo, mas não aqui. E o tema que escolhi para desenvolver continua confuso na minha cabeça. Quero viajar mas não tenho dinheiro. O cigarro acabou. E eu tenho que lavar a louça e o banheiro.
E ontem foi um dia de exaustão. Fui dormir sete da noite. Acordei agora sonhando que era demitida de uma loja que vendia jeans. Não, eu não to legal.
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