sexta-feira, 30 de julho de 2010

A cor

Essa é uma música para ser escutada e doída e sangrada e gargalhada e sentida com pele e nervos à flor. Não necessariamente nesta ordem. Como sempre, aí do lado.

A cor do desejo
Ney Matogrosso

A tua boca anda oca

Da minha língua
da minha língua
A minha língua anda à míngua
Sem tua boca
sem tua boca

Exatos são os teus olhos que invadem

E me revelam teu coração
Exata é a cor do teu deserto
A dor do teu deserto
Exatos são teus beijos que me acertam
E a ti revelam meu coração
Exata é a cor do teu desejo
A dor do teu desejo


Para mim a cor do desejo é muita.

Azul-claro para dias de sol morninho, apesar do céu sem nuvens e para sorrisos safados trocados na praia, entre cervejas e amigos.
Azul-caneta, manchado nos dedos da mão, ao escrever cartas que jamais serão enviadas.
Amarelo nos amanheceres com café-da-manhã e beijo leve de dentes escovados e roupa vestida e maquiagem feita.
Verde por causa dos cheiros de jardim e da vontade de colher flores e dançar nua.
Cinza para os que não consigo.
Rosa para os que descarto.
Branco para os que me deixam cega.
Negro quando é preciso, de tanto, apagar as luzes para esquecer onde se está.

Vermelho com você, meu homem.

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