segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Misteriosa
"Há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua.
A tua pele é crua. É crua.
Há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua.
A tua pele é crua. É crua.
Dificilmente se arranca lembrança, lembrança, lembrança, lembrança...
Por isso na primeira vez dói, por isso não se esqueça: dói.
E ter que acreditar num caso sério e na melancolia que dizia:
"Mas naquela noite que eu chamei você... fodia, fodia...""
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Para R.
Não, eu não fiquei com ninguém e nenhum desejo exarcebado de estar com qualquer pessoa me faria pensar nisso. Eu acho...
Eu dancei muito hoje. E Pensei em você. Muito também.
Aí eu cheguei a uma bosta de uma conclusão: O grande erro, eu cometi antes, baby... antes de que? De alguma coisa parecida com "nós"?
A minha maior, maior, maior merda foi não ter feito nada.
O virtual é foda, amor. O virtual foi um pau no meu cú.
Olha, eu me protejo, sabe? Eu sou irônica e má. Mas e quando o que eu só quero é estar junto e morrer nos seus braços, pessoa que sequer conheço?
Mal... Mal...
Sinal que eu não tenho uma vida boa e oh! própria, e idealizo merdas fora do meu alcance? Eu não tenho capacidade de realidade e invisto energia no que...?
Virtualidades?
Será?
Quanto tempo faz?
Quantos filhos seus?
E eu? Quantas histórias?
Só sei que eu queria que isso não tivesse acontecido. Você. E tão longe.
Sei também d0 seu cheiro, eu sei esse cheiro... o nosso. Horrível acreditar, e eu sou a primeira que não quero. Acreditar.
E tipo assim... se eu tirar a roupa você já me sabe sem nunca me ter visto. Porque eu e você não rimamos nem combinamos com vergonha e medo e pudor...
E o meu ódio hoje, é que fazia tempo que eu não sentia isso, essa... intimidade com o desconhecido. Com você.
Eu sou uma imbecil e todas essas coisas de amor e desejo, que acabam brigando com minha terapia e com as vantagens de ser uma mulher madura e calejada....
Foda, foda mesmo... Eu não vou mais sequer querer saber que você existe.
Mas é só você me querer...
Você não é real... repetirei... um dia eu acredito...
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Ponto
Vênus
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Exercício
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Recomeçar
sábado, 19 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Adiantada
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Vida nada fácil
Coelhos
Nazaré
Pois é, como os de casa já sabem, minha balada é no boteco. A seita que fundei junto com a Lú, não me permite freqüentar boates ou barzinhos da moda. Sou devota, sabe comoéqueé. Meu negócio é sentar, conversar, cerveja gelada com preço em conta e amigos por perto. Então acabo sempre por ir aos mesmo lugares.
Destes mesmos lugares existem os três que são os mais-mais. São eles (por ordem de freqüência): Major, Elvis e Nazaré. Vejam bem, é regra clara entre frequentadores assíduos, chamar os botecos pelos nomes de seus respectivos donos.
Vamos começar hoje falando de Nazaré e de seu estabelecimento.
Quando eu estava morando com a amiga-esposa no saudoso cafofo, Nazaré era uma mão na roda. Ficava numa praça há apenas dois quarteirões do nosso apartamento e era (é) aberto até altas horas da manhã. Lá, cansamos de acompanhar as caminhadas dos saudáveis do bairro pela tal praça enquanto tomávamos a saideira vindas de algum outro lugar de perdição.
A dona do bar, a Nazaré em questão é uma figura que merece um documentário. Grossa feito papel de enrolar prego, feia que só a molesta e desaforada até dizer basta. Nossa relação, que hoje é das melhores, não teve digamos... um começo muito auspicioso.
É que, no primeiro dia que tomei da sua cerveja, resolvi namorar com um dos homens que me couberam neste latifúndio, dentro de um carro, na tal praça e a sujeita zangou-se. Disse-me desaforos, gritou e estrebuchou. Eu bêbada e humilde, escutei calada para só no outro dia, de ressaca, prometer nunca mais voltar lá. Mas lembrem que era perto, né? Ficava aberto até de manhã?
Resisti o quanto pude, envergonhada dos meu atos e ainda tendo os gritos recebidos ecoando em meus ouvidos. A amiga-esposa foi decisiva para que eu, enfim, cedesse.
- Vamos- ela insistiu.
- Vou nada, mulher!- respondi
- S, veja bem, eu tenho um amigo que já flagrou Nazaré transando dentro do banheiro do próprio bar. Ela tava só fazendo charminho contigo.
- Sério?
- É, parece que o cara não pôde pagar a conta.
Já estava rindo ao imaginar a cena quando a amiga-esposa complementa:
- Coitado do meu amigo, demorou meses para se recuperar emocionalmente do choque com o visto.
Gargalhei e fomos. Nossa paz foi selada nesse mesmo dia. Quando Nazaré estava quase ensaiando dar outro escândalo comigo, a amiga-esposa me defende com uma piscadela cúmplice para ela e a frase:
- A gente sabe né, Naza, como são essas coisas?
Depois disso, Naza calou e nos serviu mais uma cerveja. Nunca mais tocou no assunto.
Vivemos felizes e em harmonia durante muito tempo. Ela chegou a ser quase que carinhosa conosco, nos tratava bem, ria feliz quando chegávamos, o que para os que a conhecem sabe tratar-se de um feito digno de medalha.
A comida em Nazaré é um capitulo a parte. Você pode escolher entre galinha e carne, acompanhada de macaxeira ou inhame. Só. Tem prato ou quentinha de cinco, sete e dez reais. A comida é boa, apesar (ou talvez por isso) de Nazaré não ser... digamos... muito higiênica.
A prova dos nove tivemos no dia que a amiga-esposa, que é fina e meiga e luxo e glamour, mas tem uma tara alimentar secreta com pés de galinha, pediu-os a Nazaré junto com nosso prato de cinco reais de galinha com macaxeira.
- Tem mais não, fia. O último pé eu servi praquela mesa ali.- comunicou-nos Nazaré apontando para a mesa ao nosso lado.
- Tá bom, trás mesmo sem o pé o prato de macaxeira com galinha.- respondeu a amiga-esposa conformada.
Passa um tempinho e Nazaré chega a nós com um sorriso vitorioso e o nosso prato. Milagre! Havia um pé de galinha nele! Quando Nazaré se afastou rebolando em suas carnes (e só então) olhamos uma para a outra primeiro e lentamente em seguida, para a mesa ao lado. Estava vazia. Nazaré havia nos servido o pé de galinha que não havia sido consumido na mesa que primeiramente frequentara!
Agora, como eu já disse por aqui, ela é braba, senhoras e senhores, ela causa medo. Então quando volta para pegar nosso prato, pergunta olhando nos olhos da amiga-esposa:- Gostou?
Quem era doida de ter coragem de responder que não.
Nos conformamos com nossa triste sina, comentando bebadamente depois:
- É, amiga, isso é que ecologia! E depois vem esses caras de ONGs falar em reaproveitamento...
- Eles tem que conhecer Nazaré!
- Ô se tem!!!
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Cuidado
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Lindo!
Imortalidade
Ganhei esse selinho da borboleta amada e para merecê-lo precisava responder a seguinte pergunta: Com quantos anos você queria ser Imortal e viver a Eternidade?
Encafifei-me esses dias com a tal da pergunta, pensei um bocadinho, mais um pouco, outro tanto e minha primeira resposta, que não seria como a da amiga, acabou se tornando a mesma. Imortalidade: Passo!
A questão é que apesar do nome deste blog ser e ele tratar de mudanças, eu amo muito quem me cerca e faço o possível para conservar essas pessoas por perto. Meus amigos o sabem. Ligo, quero saber, faço questão e charminho.
Não que tenha medo de despedidas e perdas e reconstruções, o que fatalmente acompanharia uma decisão pela imortalidade, again e again, século após século, não é isso. É porque meu corpo não acompanharia-me mais. E eu acharia injusto com as pessoas que escolhi compartilhar a vida, tal como eu a conheço, estagnar numa idade fisicamente, enquanto envelhecia-me a alma, não podendo comparar rugas, que para mim, antes de serem desastres estéticos, são histórias contadas na pele.
Acredito na sabedoria da natureza. Não questiono o que vem depois da vida no corpo tal como eu o conheço, porque também acredito que seja lá o que for, será justo e bom ou necessário. Ou não será nada, realmente não importa. Mesmo.
Só sei que sempre pensei na morte assim. Necessária. Apenas mais uma etapa da vida.
O que já temos, o que já nos coube, já é um milagre e um presente.
Então, não obrigado, mas não quero a eternidade. Até porque, imodestamente, acho que serei uma velhinha bem legal e fofinha, toda trabalhada na cadeira de balaço, crochê e biscoitinhos para as visitas.
"Move-te. Desperta.
Há homens à tua procura.
Há uma mulher, que sou eu.
A Terra mora na Via-Láctea
Eu moro à beira de estradas
Não sou pequena nem alta.
Sou muito pálida
Porque muito caminhei
Nas escurezas, no vício
De perseguir uns falares
Teus indícios.
Move-te. Tua aliança com os homens
Teu atar-se comigo
Tem muito de quebra e dessemelhança.
Muitos de nós agonizam.
A Terra toda. Há de ser quase
Brinquedo adivinhares
Onde reside o pó, onde reside o medo.
Não te demores.
Eu tenho nome: Poeira.
Move-te se te queres vivo."
Hilda Hilst
Refresco
Tudo que eu faço, alguém em mim que eu desprezo, acha o máximo.
Paulo Leminski
A outra S. tinha me chamado para sair. Pega um ônibus, me disse, que a gente se encontra na rua tal. Peguei. Já á caminho da tal rua, ligo para sabê-la. Celular desligado. Não desespero. Ligo para A. e marcamos de nos encontrar no bar de sempre.
Sabia que chegaria antes dela e no caminho comprei uma revista para aguentar a espera. Falo com dois conhecidos no bar, peço a minha cervejinha me preparo para ler, quando eles me chamam para sentar com eles. Eu estava cansada e estressada, não estava me achando uma companhia legal, mas fui. Ah, que conversa boa! Falamos sobre as redes sociais, escrita, construção de personagens e de personalidade. A. finalmente chega com Demo. Thá, a amiga psicóloga logo depois. Meu celular toca. É a outra S.
Larguei todos na mesa e fui encontrá-la, porque me pareceu pelo seu tom de voz que ela estava precisando de alguém um pouco mais... sóbrio. Quando dei por mim, estava numa mesa com um monte de homens casados curtindo seu “vale-night” (acho podre esse termo, mas...). Fechei a cara. Até que fui relaxando. E conversando.
Tarde da noite, um deles acabou vindo me deixar em casa. No caminho, paramos num boteco para a última cerveja. E tome falar de casamento, assunto que já estávamos discutindo antes. Falei que não concordava com essas saídas masculinas que varam a madrugada, porque eu, quando era casada, sofria com as longas demoras de W.
E além de não dormir a noite, torcendo para que o marido não morra num acidente, essas saídas normalmente pelo código vigente não-escrito só são restritas aos homens na relação. O papel da mulher, como eu disse antes, é fica em casa desesperando.
Foi quando me dei conta que mesmo em desacordo com meu código moral, naquele momento eu estava colaborando para que alguma mulher, em algum lugar sentisse as agonias que eu já sentira. A sensação não foi agradável, mas a conversa e a companhia eram. Não, eu não fiquei com ele. Mesmo assim.
Lembrei da história da pimenta: no dos outros...
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Fuga
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Insônia
Nomes
Recado
Proposta
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Signo
Descobri que meu grande problema são os aquarianos. Seis, simplesmente seis dos caras que fiquei ou tentei ficar ou algo do gênero ou nem isso nos últimos tempos (e claro, não deram certo, senão eu não estava aqui reclamando) tem feito aniversário por esses dias. Fazer o que se os astros não mentem jamais?
Resultado da combinação entre: Touro e Aquário | |
O aquariano tem horror a espaços fechados, especialmente decorados como se fossem o cenário de um dos filmes de Zefirelli. O touro vibra se puder acordar e passar o dia trancado num destes ambientes. O aquariano não tolera nem a pergunta de praxe "como foi o seu dia?" porque, afinal, ninguém tem nada a ver com o que ele andou fazendo durante o dia. O touro vai querer um cronograma detalhado das atividades do parceiro das 7:30 às 22 horas. O carro ideal de um touro é um Rolls Royce, do aquariano uma espaçonave Pionner, se possível com freio de aterrisagem em Marte. Todo revolucionário, porém, tem uma certa queda pelos conservadores. E vice-versa. |
Quando me apaixono
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Desejo
Que desenhos e rictus na tua cara
Que sombrio te tornas se repito
O sinuoso caminho que persigo: um desejo
Sem dono, um adorar-te vívido mas livre.
E que escura me faço se abocanhas de mim
Palavras e resíduos. Me vêm fomes
Agonias de grandes espessuras, embaçadas luas
Facas, tempestade. Ver-te. Tocar-te.
Cordura.
Crueldade.
em «Do Desejo» - Hilda Hilst
Sério?
Mulher é desdobrável 2 – ou – Puta?, presente!
A última vez que escrevi aqui, falei de como o fardo feminista andava pesado. Ou de um lado somos mal humoradas e mal amadas, ou de outro fáceis e destruidoras da família tradicional. (Ai, cansei. Meus ombros estão doendo)
Vamos lá, então. Ao final terminei citando uma frase de Simone de Beauvoir sobre essa mulher livre e seu fardo. ”Na França, principalmente, confunde-se obstinadamente mulher livre com mulher fácil”. E essa a segunda sina do feminismo – apesar de ter a sensação que o número pode ser ainda maior…
A estrutura do patriarcado sustenta-se, entre outras coisas, na repressão do desejo feminimo. Nossa cultura não só objetifica a mulher como também a infantiliza, tudo com uma mesma mensagem interna: o corpo feminino é uma propriedade de todos, menos da própria mulher. E aí vem o carimbo de que falei: uma feminista, ao defender a “retomada” do corpo feminimo para si mesma, torna-se o inimigo, a libertária…a puta (ok, desculpem o exagero da palavra, mas vamos lá, sem imposições da linguagem da mocinha, como bem já disse aqui a babslopes).
A cultura machista precisa repetir a mensagem de que o corpo feminino é um objeto, para a admiração e deleite de todos, ou melhor, para o controle masculino. Essa objetificação inferioriza – e eu nem precisava dizer isso, óbvio, se a mulher é um objeto… o que mais dizer? Com isso, no entanto, não me refiro apenas ao fato de transformar a mulher em um enfeite, um meio de vender de cerveja a carros; a questão vai além. A objetificação e a infantilização garantem o controle masculino sobre o desejo e o prazer femininos. E as feministas, de novo, no caminho. Ora, uma mulher que defende que o desejo feminino tem ou pode ter os mesmos contornos do tão proclamado, comentado, institucionalizado desejo masculino, só pode ser uma… puta! Afinal, o patriarcado não pode aceitar essa mulher libertária dona do próprio nariz… e do próprio orgasmo. “Como, então, continuar controlando essa mulher que já sabe os caminhos do próprio corpo e dele se reconhece, agora, dona?” pensa o patriarcado. “Daqui em diante, diremos que mulheres assim querem destruir a família, a moral, os bons costumes. Mulheres assim querem viver promíscua e irresponsavelmente e depois é só fazer um aborto” (porque né, uma mulher que defende o aborto já sai de casa pensando: vou transar por aí e qualquer coisa, tiro. Claro)
Então se defender que meu corpo é meu, que meu desejo deve depender apenas da minha livre decisão e não das imposições da falsa moralidade do patriarcado é ser puta: presente! E se você acha que isso retira o prazer masculino da conquista, da sedução… eu só posso dizer que você deveria conhecer mais feministas em sua vida e somar a ela um pouco mais de criatividade e prazer de verdade: essa conquista que se mistura a dominação, inferiorização e controle, está tão fora de moda, rapaz…
E se ao ler tudo isso você pensou: puta! Obrigada, você acabou de validar cada uma das minhas palavras acima.