Ontem às três da manhã mandei uma mensagem de celular para J. que dizia: “Eu acho que estou desabando. E depois de tantas reconstruções de mim mesma, os alicerces estão comprometidos.” Repeti a mensagem para Lú, com um adendo mais ou menos assim: “Não aguento mais artes. Penso em tentar Odonto, Direito ou sete anos no Tibet, o que você acha?”.
Entre dramas e dramas, a verdade é que estou cansada de verdade. Produzir um trabalho artístico com embasamento e conhecimento teórico, poética linear e clareza de propósito exige de você um mergulhar em águas muitas vezes profundas demais. Voltar à tona e escutar que deve tentar de novo e de novo e de novo, simplesmente toma todas as suas forças.
Desde que comecei o curso que faço agora mudei muitas vezes de direção por conta do convívio com a amiga-mestra. Ela, além de genial, também é minha orientadora. Até aí tudo bem. Só que nesse percurso, vi muitas pessoas com trabalhos medíocres que nunca escutaram ser necessário recomeçar, refazer, redimensionar, repensar. Outras vezes uma solução inteligente era repetida até a exaustão e considerada brilhante mesmo assim. Sempre pensei ser um privilégio participar da vida da amiga-mestra, escutar suas pérolas de sabedoria, ter acesso á sua biblioteca e sua vida, trabalhar e rir com ela. Mas ontem, depois de tentar umas impressões de uns trabalhos em fotografia da minha última série, chamada “algo escrito”, que é meu projeto artístico final e escutar que estas não serviam, o caminho não era esse ainda, eu simplesmente me dei por derrotada.
Não sei onde termina o processo de escutar orientações e ligar a tecla do ctrl+alt+foda-se. Talvez esse seja o meu problema. Talvez eu realmente não seja boa. Não sei... não sei... o negócio é que isso se repete em minha vida again e não só com a amiga-mestra. A grande maioria das pessoas que me cercam simplesmente adoram dar pitacos e elaborar teorias sobre o que devo fazer, produzir, viver, negar. Eu sou uma eterna promessa a ser cumprida e isso parece ter o efeito de fazer com os que convivem comigo, se sintam no direito de exigir sempre mais e mais e mais. Ninguém pergunta o que estou fazendo, o que estou querendo, o que estou sentindo. Eu sempre, para estas pessoas, acordo tarde demais, faço sempre menos do que posso, devo ou necessito.
E cansei, cansei, cansei...
Para vocês, então, em homenagem a essa exaustão, disponibilizo antes de destruir, alguns destes trabalhos, ele tratam de literatura, cartas, palavras, corpo, entre outras coisas. Blogs também. E sim, meu nome completo é Raquel Stanick. E eu sou uma viciada em desmoronamentos.
Título: Uma rosa para Mariana II
Técnica: Fotografia digital
Dimensões: 20x25
Ano: 2010
Título: Uma rosa para Mariana I
Técnica: Fotografia digital
Dimensões: 20x25
Ano: 2010
OBS: Esse trabalho trata do livro Cartas Portuguesas de Mariana Alcoforado. Escrevi uma parte da primeira carta de amor deste em pétalas de rosas (secas) e fotografei.
Título: S/ Título
Técnica: Fotografia digital
Dimensões: 20x25
Ano: 2010
Título: S/ Título
Técnica: Fotografia digital
Dimensões: 20x25
Ano: 2010
OBS: Estes trabalhos são uma brincadeira com as palavras que são inseridas digitalmente dentro de minhas fotografias, formando quase pequeninas poesias concretas.