segunda-feira, 28 de junho de 2010

Antropofagia

Acho graça nas coincidências. Morro de rir para não chorar. Conversando com aquela que flana, falei que meu próximo post seria acerca das idéias que constroem a respeito desta que vos escreve. Eu as persigo como um cachorro atrás do próprio rabo. Quando canso, vou roer, pouquinha e acabrunhada, o osso da verdade acerca de mim. Aquela escondida depois das tantas outras. A que só eu sei. E não conto fácil.
Eu me construí artista, principalmente porque a minha versão como musa não deu lá muito certo. Eu queria. Tentei de verdade. Fiquei muito tempo brincando de pousar para muitos, até que resolvi fazer algo a respeito destas visões distorcidas, nas quais eu não me reconhecia.
Então é isso, amiga. É para isso que escrevo, é por isso que pinto, costuro e bordo. Para que cessem todas essas vozes que me contam, nem que seja por alguns poucos minutos.
Para que de alguma forma, eu consiga gritar além dos risos que ecoam quando conto minhas piadas, dos olhares que me inventam quando me fantasio com decotes e saias curtas. Escrevo para me sobrepor às idéias pré-concebidas, que tentam me matar cada vez que me apresento distinta do que desejam.
Paro para escrever este post anunciado. Antes, porém, faço algumas visitas.
Um poeta que gosto, por pura invenção minha, se apropriou (também hoje) de um texto de Quintana que trata exatamente disto. Porque o amor inventado surge da invenção do objeto deste, não é mesmo?
Ela também falou sobre isto de alguma forma. Ah, as entrelinhas e as verdades...
Bom, tenho andado por esses dias bem apaixonada por um cara lá das bandas de longe. Eu o inventei e ele a mim. Foi essa porra de invenção que me impediu de dormir de conchinha ontem com carnes e ossos. Que me fez entristecer com as camisinhas espalhadas pelo quarto quando acordei sozinha pela manhã. Que me exaure porque corresponder a tanto é muito. Eu não consigo. Nunca o quis. Mas quero, quero, quero...
Porque essa idéia de mim é tão sedutora que tal qual Narciso, a paixão no fundo, é pela minha própria imagem refletida em suas mensagens diárias.
Escrevo porque a história é sempre outra. Nunca a mesma.
- Decifra-te ou me devoro.

9 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

parece que andamos sempre em casa de espelhos, meio tontas, com risco de espatifá-los e trazer-nos 7 anos de azar. Mas não reparando bem, nos sues olhos também posso ver as vitrines, te vendo passar na avenida, cada clarão é como um dia atrás de outro dia. Então é isso: passas em exposição. Passamos.

Unknown disse...

eu sou Poeta

S. disse...

Deco!!!! Bem vindo querido!!!

S. disse...

Borboleta, somos todos seres tão, tão estranhos... rsrsrsrs.
Eu quero derramar poesia no chão. Eu quero!!!!

Luciana Nepomuceno disse...

Vamos derramar poesia e descobrir que era leite e, ao invés de chorar, riremos tanto que acordaremos o sol...que acha?

Fred Caju disse...

Deu até fome esse post. Mas, com o perdão, não vou entrar nessa de derramar poesia pelo chão. Vou como João Cabral: "com mão certa, pouca e extrema: / sem perfumar sua flor, / sem poetizar seu poema".

Unknown disse...

vc tb é Poeta

caso.me.esqueçam disse...

sera que somos nohs mesmas no blog? eu as vezes acho que sou, mas sera que alguem poderia dizer que me conhece porque ler meu blog todos os dias? sei la...

gostei do novo visual do blog. ;)

Ultra disse...

carnes e ossos? conta tudo!

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