sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sério?

Ontem, quando já era hoje, ele me deixou em casa. Um rapaz com nome estranho e mãos grandes. Nos beijamos e tal, e como quando eu era adolescente, fiquei de amasso dentro de um carro na porta de casa. Fui um pouco mais longe claro, que ter mais de trinta anos e já ter lido O segundo sexo tem suas vantagens.
Não trocamos telefones nem promessas. Não marcamos nada.
Mesmo assim, ou talvez por isso, acordei rindo sozinha e contei para minha mãe o porque das buzinadas escandalosas as cinco da manhã. Cotovelos e pernas demais, querida Mamãe. Ela riu comigo. Porque sabem, mulheres livres, normalmente tem mães que já o foram (e ainda são) bem antes delas.
Aí sobrou mote para ficar pensando em liberdade e escolhas. E sexo. Um pouco mais tarde, comentei com que parece que ficamos mais soltas e vivas e sim, sexuais, quando não pretendemos levar adiante a relação com o parceiro de lubricidades.
E isso me pareceu de uma burrice tão, tão grande, não é mesmo? Porque se mostrar com tesão, gostando de dar e receber prazer poderia ser um impecilho para o rapaz "te levar a sério"? O que porra é afinal ser levada a sério?
Dia desses, um ex comentou com uma amiga minha que um cara havia comentado com ele que tinha ficado surpreso por ele ter "me levado à serio.". Vejam que beleza, que coisa linda e cheia de graça são esses garotos e seus comentários. O engraçado é que o autor de tal pérola sobre mim para esse ex, foi um cara que já se sentiu no direito de colocar minha mão no seu pau sem nem ter me beijado antes.
E sou eu a pessoa que não deve ser levada a sério? Conta outra, prezado rapaz. Ah sim, esqueci, é que eu sou fácil.
Então tá. Como escrito lindamente no post abaixo, mulher livre é sinônimo de mulher fácil.
Eu, hein?
Olha, na verdade eu me acho bem dificil, sabe? Bebo demais, falo palavrão em excesso e sou dona das minhas opiniões e vontades. Quer maior dificuldade que essa?
Um outro que teve a coragem de "me levar a sério", achava que eu devia me comportar melhor, usar roupas mais "decentes", me conter, diminuir, virar sombra, já que ele, um rapaz digno, trabalhador e de boa família havia me validado com o casamento. Virou ex-marido.
Outra vez, neste mesmo blog, escrevi sobre ter negado ir para cama com alguém e a tristeza regada a enlatado americano e pipoca decorrente dessa decisão de mulher séria. Uma menina quase me parabenizou e disse que eu havia feito o "correto". Uma mulher, vejam bem...
E não adianta negar, muitas de nós, somos em parte responsáveis por manter estigmas machistas. Confesse que já chamou (ou pensou) como puta uma mulher que assumiu sua sexualidade sem grandes dramas.
Eu hoje, me flagrei envergonhada, porque é sim também validar machismo, se conter na cama (ou no carro ou na praia ou na escada ou... enfim, vocês entenderam) para ser levada à sério. E eu já o fiz, assumo. Tentarei não repetir essa burra atitude. Porque adivinha quem perdeu, baby?
E outra coisa, se for para tentar me tornar em algo que eu não sou, por favor, não me levem à sério mesmo.
Grata.
Sem mais.
Por enquanto.

3 comentários:

Leonardo Xavier disse...

Eu acho que você está certíssima S., seja o que você realmente é. Só mudo se você sentir uma necessidade interna de mudar.

Menina no Sotão disse...

Se importa se eu deixar aqui apenas o meu sorriso como impressão? Qualquer coisa mais seria desnecessária. Será que vais entender? Esse será meu desafio. rs
bacio

Lília disse...

Incontáveis vezes eu calei meus sentimentos e fechei as minhas pernas pra ser vista como uma pessoa séria e sabe o que eu ganhei e ganho nisso tudo? apenas noites e noites sozinha. Morro de inveja de mulheres de atitude como vc.

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