quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sede

Sempre me prego como uma pessoa sem preconceitos. Mas não, não sou. Tenho minhas frescuras, minhas idiossincrasias, sim, tenho meus preconceitos. O verniz intelectual do qual pretensamente me revisto, por exemplo, sempre me fizeram ter um certo pé atrás com louras gostosas e maquiadas, forró e pagode. Não necessariamente nesta ordem. Mas imaginar essas espécimes num desses locais sempre me deu motivo para franzir a testa e bater na madeira. Paguei minha língua e quase quebro os dedos.
Esses últimos dois dias passei na casa da amiga E. que é amiga de S.. Elas são louras, gostosas e maquiadas. Foram elas que na Terça me levaram para um forró num bairro afastado das minhas alternatividades conhecidas. Chega outra amiga de S. Também loura, também gostosa e também maquiada. A banda desconhecida de forró tocando alto outras bandas conhecidas de forró. Daquelas que sempre me fizeram arrepiar com cara de nojo. Depois do desconforto inicial, resolvi relaxar e meus piores pesadelos acabaram se transformando num noite divertidíssima, onde enxerguei através das camadas de pancake e olhei nos olhos apesar do rímel e vi pessoas lindas também por dentro. Me encantei pelas delicadezas, pelos cuidados e pelas risadas altas naquelas bocas cheias de gloss. Dancei com homens que com certeza nunca devem ter ido numa exposição. Sim, eu me diverti horrores. De verdade.
Ontem foi a vez de irmos num pagode. Todas nós apertadas no carro de S. carinhosamente apelidado de Ford Káralho. Sim, você leu corretamente. Pagode. Outra loira linda e outra surpresa. C. conversou comigo sobre crises de pânico e depressão e me emocionou quando ofereceu ajuda e apoio quando e se eu precisasse. Nem um certo stress no final da noite impediu que hoje eu sorrisse ao lembrar o quanto dancei e me diverti nas duas noites.
Não que eu pretenda mudar minhas preferências musicais, não creio que corro risco de trocar Chico Buarque por Saia Rodada ou Alexandre Pires, mas não prometo não mais beber desta água. E agradeço a todas as louras gostosas e maquiadas que (re)conheci estes dias por terem me tornado alguém um pouco menos pretensiosa. Porque preconceitos (qualquer que sejam eles) não levam ninguém a lugar nenhum, muito menos mata sede de alegria, amizade e gargalhadas.

4 comentários:

Caminhante disse...

Amei! Só não digo que nutro os mesmos preconceitos porque já dancei muito num forró também!

Leonardo Xavier disse...

Eu tive essa sensação ao ir a um show de João do Morro perto da UFPE, eu confesso que sempre tive meus pré-conceitos com pagode, mas achei o show do sujeito uma experiência válida e divertida. Eu acho que talvez seja muito uma questão de não se levar certas coisas a ferro e fogo.

Luciana Nepomuceno disse...

Eu gosto de samba e forró pé-de-serra, serve? Ah e adoro loiras com lindos olhos pintados. Uma das melhores amigas e querida cunhada é uma boneca loura e rosa que come com a mão, topa qq coisa e é uma das mais carinhosas pessoas que já vi.

Unknown disse...

Eu sempre achei que a festa é feita pelas pessoas que estão com a gente e não pela música ou o ambiente.Eu me divirto até em show da Gretchem.Mas não pretendo ir a algum não heheh.

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