Quando decidi pelas férias, um recolhimento auto-imposto estava nos meus planos. Então tenho ficado muito tempo em casa, sozinha. Ou pelo menos é o que eu pensava até dois dias atrás.
Descobri que tenho como convidado no meu apartamento, um fantasma. Não, ele não é dos mais assustadores, é um fantasma delicado e deve ser muito cheiroso, uma vez que é nos perfumes da cômoda ao lado da minha cama, que ele mexe vez ou outra. E os derruba.
Conversei com minha mãe sobre isso, e nós que viemos de uma família que sempre teve que lidar com o sobrenatural, traçamos nossos planos. Não antes de minha precavida mãe testar meu nível de sanidade:
- Não, mãe, não é um amigo imaginário. Sim, as janelas estavam fechadas. Sim, estou tranqüila e bem-alimentada. Não, eu não estava nem estou bêbada. Não, eu não estava dormindo, estava lendo. Não, não houve tremores de terra especificamente no meu bairro. Não, também não houve comunicação à nível plasmático (tá bom, tá bom, essas duas últimas afirmações foram invenções minhas.).
Então munida das informações básicas, minha mãe (socióloga e marxista, acreditem se quiser!) fez lá as orações de libertação dela, seguidas de outras coisas que eu nem contarei aqui, enquanto eu ficava na minha, porque poxa, esse negócio de ficar jogando sal grosso no quarto e acender velas pela casa toda dá um trabalho danado para limpar depois.
Só que o tal do fantasma voltou a se manifestar noite passada. Eu fui é dormir e deixei-o se divertindo com meus vidros e fragrâncias, que tenho mais o que fazer do que ficar me apavorando. Mas isso me fez pensar em montes de histórias familiares. Com carinho e saudades.
Descobri que tenho como convidado no meu apartamento, um fantasma. Não, ele não é dos mais assustadores, é um fantasma delicado e deve ser muito cheiroso, uma vez que é nos perfumes da cômoda ao lado da minha cama, que ele mexe vez ou outra. E os derruba.
Conversei com minha mãe sobre isso, e nós que viemos de uma família que sempre teve que lidar com o sobrenatural, traçamos nossos planos. Não antes de minha precavida mãe testar meu nível de sanidade:
- Não, mãe, não é um amigo imaginário. Sim, as janelas estavam fechadas. Sim, estou tranqüila e bem-alimentada. Não, eu não estava nem estou bêbada. Não, eu não estava dormindo, estava lendo. Não, não houve tremores de terra especificamente no meu bairro. Não, também não houve comunicação à nível plasmático (tá bom, tá bom, essas duas últimas afirmações foram invenções minhas.).
Então munida das informações básicas, minha mãe (socióloga e marxista, acreditem se quiser!) fez lá as orações de libertação dela, seguidas de outras coisas que eu nem contarei aqui, enquanto eu ficava na minha, porque poxa, esse negócio de ficar jogando sal grosso no quarto e acender velas pela casa toda dá um trabalho danado para limpar depois.
Só que o tal do fantasma voltou a se manifestar noite passada. Eu fui é dormir e deixei-o se divertindo com meus vidros e fragrâncias, que tenho mais o que fazer do que ficar me apavorando. Mas isso me fez pensar em montes de histórias familiares. Com carinho e saudades.
Minha bisavó teve quatro filhas, minha avó cinco. Venho, portanto de uma família de mulheres. Um matriarcado cercado de histeria e possessões e receitas para ambos. Mesmo depois de tornar-se evangélica minha avó manteve seu repertório de encantos, tão improváveis quanto funcionais, para casos que iam de verrugas e soluços a aparecimento de espíritos. Depois de começar a fazer terapia e detectar nessas “visagens” que sempre acompanharam minhas tias-avós, tias, mãe e a mim mesma, uma espécie de histeria familiar, acabei por incorporar às minhas histórias engraçadas essas “experiências” familiares com o além.
Mas o realismo fantástico tem lá sua sedução e por mais que seja um sintoma esquizofrênico, esse fantasma cheiroso me chegou como um portador de lembranças de infância, de pensamento mágico e com sabor de tradição familiar. Então pego meu livro de “receitas de família” (comecei a passá-las para o papel, aos dezoito anos, baseada nas lembranças que tenho, já que tudo era passado entre nós de forma oral) e folheio-o. E nele que encontro o texto abaixo:
Mas o realismo fantástico tem lá sua sedução e por mais que seja um sintoma esquizofrênico, esse fantasma cheiroso me chegou como um portador de lembranças de infância, de pensamento mágico e com sabor de tradição familiar. Então pego meu livro de “receitas de família” (comecei a passá-las para o papel, aos dezoito anos, baseada nas lembranças que tenho, já que tudo era passado entre nós de forma oral) e folheio-o. E nele que encontro o texto abaixo:
“Tia Cacilda tinha a receita mais eficaz para “aparecimentos” que não trazem terror ou angústia. Dizia minha tia-avó, que esse fantasma, era o de alguém que a amava e queria mostrar que estava por perto, caso ela precisasse. Então seu segredo era mostrar que estava bem e que “ele” desse seu recado. Compartilhar um chá de canela com o “espírito” era o segredo. Antes de dormir pegue dois paus de canela, ferva-os na mesma água e abafe enquanto se prepara para dormir. Coloque-o em duas xícaras, beba seu chá e deixa a outra xícara onde o espírito tem se manifestado ou aparecido. Você provavelmente sonhará com essa “pessoa” e/ ou receberá o recado que precisa ser dado. Ao acordar beba a segunda xícara do chá, para que o “fantasma” também não sinta mais sua falta e precise voltar.”
Não sei porque, mas quase chorei ao ler isso.
E vou, sim, no mercado central, comprar canela em pau.
5 comentários:
Depois conte!
Faço minhas as palavras de Caminhante: depois conte, conte!
Acho que prefiro deixar meus fantasmas lá onde eles estão. Já basta lidar com as coisas desse mundo.
Conta, conta!!!!!!!!!!!!!!
S., eu acho que eu sou tão descrente nesses lances de espíritos e manifestações de um outro mundo... Enfim, mas se você crê, boa sorte aí nessa tentativa de se livrar desse seu hospede inconveniente.
^^
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