quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vinho demais?

Mandei uma mensagem para um imbecil propondo vinho, filme e conversa amena. Ele não respondeu. Liguei. Ele não atendeu o celular. Peguei meu rolo de pintura recém-adquirido, abri a garrafa de vinho e comecei a embranquecer meu quarto amarelo e lilás. Chamei-o de filho da puta várias vezes na solidão dos móveis cobertos por jornal. Resolvo então ligar para o amigo do menino abusado. Conversamos durante três horas, como sempre, desde que nos conhecemos. Filosofia, sexo, risos, livros, faxinas, nós mesmos, mais risos. Desligo com um sorriso de orelha a orelha ao imaginá-lo lavando roupa.
Meu amigo.
Fico baixando episódios da segunda temporada da série preferida nos intervalos da secagem das paredes que pinto. Me olho no espelho, estou completamente pintada também, branco vitiligo nos braços, pernas, pés, rosto, cabelo.
De repente me dou conta, a única pessoa que eu faria questão que estivesse comigo agora e que eu não me importaria em mostrar-me como estou (inclusive riríamos disso) era o amigo do menino abusado. Pego o celular e não ligo.
Meu amigo.
O coração bate forte.
Ele não faz meu tipo, ora bolas, é só solidão misturada com frustração, falo sozinha no espelho.
Me assusto com a resposta do meu coração.
Vinho demais?

4 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

É, parece que estamos as duas contempladas por Paulinho da Viola: "meu coração tem mania de amor".

Emilly Moura disse...

Acontece nas melhores familias (risos).

ps: gosto da forma como vc retrata o cotidiano em seus textos.

Bjos e queijos

Luciana Nepomuceno disse...

Estou na torcida com muito, muito carinho...

Leonardo Xavier disse...

Vinho e carência não me parecem ser bons conselheiros para ninguém... fica a dica!

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