segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Possível

"Um pouco de possível, senão sufoco." 
Deleuze 

Tenho escrito de forma muito fragmentada. E é no facebook, seja pelo feedback instantâneo, pela possibilidade de sacar a opinião de gente que me conhece in loco, por poder espezinhar algumas outras pessoas ou simplesmente pela minha necessidade umbiguistica de me expor, que as ideias vão se organizando até acabarem se transmutando num post como esse. 
O fio condutor desses dias: "amores possíveis". 
Que são muitos. 
E sim, eu acredito em duendes. 
A questão é que nesse mundo virtual muita gente acaba por vestir a carapuça das atualizações de status alheias.
Eu então, que adoro um vestido emprestado, nem se fala...
Mas olha, sério... eu já amei, fui apaixonada ou pasme, apenas transei com outras caras além dele. Acredite, eu já levei pés na bunda que doeram bem mais. Eu leio os mesmos autores, escuto as mesmas bandas e cantores, danço nas tamancas, borro o delineador, rabisco em guardanapos soluços e impropérios bem antes de qualquer história que possa ser chamada de "nossa". E não, não me tornei uma "feminista amarga" apenas porque ele não me quis. 
Na verdade nem sei se sofri por não ter sido desejada e sim porque naquela hora, em pleno processo criativo (que rendeu um livro de pseudo-poemas e uma exposição, a minha primeira individual) eu simplesmente precisava de algum referencial além dos "fantasmas dos Natais passados". Algo como esse twitter de relação, 140 caracteres de frases batidas, que mesmo em grande parte também imaginada, tinha qualquer coisa de aporte nas lembranças de uma realidade qualquer. 
Mesmo que pouca. Mesmo que doída.
E eu não poderia magoar ninguém que estivesse perto. Ou que já estivera na minha cama.
O que acabou acontecendo, vejam que merda (e que eu só me dei conta quase agora), foi uma puta de uma elaboração de todo um processo de perda, não deste amor fajuto e vão, mas da minha própria capacidade de acreditar nele. No tal desse sentimento. 

Mas sempre existem as possibilidades.
E as mudanças.
E o ontem... em que era muita gente cool para pouca referência bibliográfica na parte que me cabia naquele latifundio. E eu que nem com óculos de leitura me enxergo mais nas citações de Clarice, porque não choro, muito menos encolhida, fiquei foi dançando pequenininho, numa timidez que não estava escrita. Torcendo para que um outro avistasse em mim qualquer coisa além das aspas.

E a música é... duas notas, maestro...

Um comentário:

Leonardo Xavier disse...

Pode parecer viagem minha mas algumas vezes eu penso que o amor é mais uma invenção daquele que ama do que algo presente na pessoa amada. E talvez algumas das nossas perdas sejam do mesmo jeito, mais uma invenção nosso do que uma perda em si.

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