sábado, 3 de dezembro de 2011

Abusada (ou da arte de levar foras I)

Trabalho de Robson Xavier
Já levei muitos pés na bunda. Quem me lê aqui sabe, quem me conhece de fato, confirma. No entanto, desde que parei de escrever por essas bandas, justamente por causa de um, venho pensado muito à respeito do assunto. 
Ouxe, se perguntarão alguns, mas não foi porque ela tinha perdido a senha do blogger? Também. É que numa grande cachaça resultante do tal chute no traseiro, resolvi trocar minha senha (versão virtual para mudar radicalmente o corte ou a cor do cabelo). No outro dia não me lembrava mais qual era a porra do código que abria espaço para meus desabafos. Para as mudanças de sentimentos. Freud explica?  
Então tá, durante esse tempo resolvi chafurdar na obsessão. Foram três meses que renderam muitas atualizações de status no facebook na torcida de que "ele" lesse meu desejo, um livro inteirinho com cem poesias de pseudo-amor pro dito cujo, uma total falta de presença masculina na minha cama ou entre minhas pernas. Três meses. Juro. 
O engraçado é que nem a , que escutou madrugadas inteiras minhas teorias de que toda poesia, música ou espirro postado nas redes socais pelo varão escolhido para ser costela das minhas ilusões, era, claro, óbvio e ululantemente para mim, e para quem pedi ajuda para recuperar a tal senha entendeu do que se tratava. Pensou que eu estava falando de um outro blog que trata de uma outra história. 
Enfim, um dia desses, depois de ter passado a madrugada na casa de um amigo, entre vinhos e soluços achei na bolsa uns papéis que me fizeram pensar seriamente em andar com uma placa pendurada no pescoço: Não deem uma caneta à esta mulher que ela vive bêbada! Quando meu consolo foi pensar que podia ser bem pior, que eu podia estar com acesso à internet foi o alarme de loucura iminente, completado quando me flagrei, em outra ressaca desgraçada, numa segunda-feira, pedindo em tom conciliatório ao cachorro da uma outra amiga (animal mesmo, viu?), enquanto ele (o cachorro da minha amiga, não meu amor) mastigava um papel higiênico roubado do cesto de lixo do banheiro:- não me faça perder de vez a fé na humanidade, meu bem! ‎
Para me consolar e claro, dar uma espiadinha no perfil do infeliz (do meu amor, não o cachorro da amiga), voltei à terra indômita do face. Alguém tinha postado algo como "Trabalha na empresa: estou desempregado." Quando se começa a gargalhar histericamente com a desgraça alheia é lógico que está na hora de começar a rezar pra N.S da alopatia pesada. Ou voltar a escrever aqui. Escolhi ambos. E resolvi parar de pirar.
Claro que ainda não consegui rasgar as catorze cartas que escrevi e não enviei (além dos cem poemas), mas já estou bem melhor.  
Uma das coisas que me ajudou foi dar uma reprisada no meu histórico de relacionamentos e saber que ele ainda vai entender o que perdeu. O que perdemos. E antes de você começar a achar que realmente estou dançando o cisne negro, saiba que tenho provas de que isso vai acontecer.
Sério mesmo. Ninguém acredita ou parece prepotência quando eu conto, mas todo cara com que eu me relacionei, acaba descobrindo que eu sou a mulher da vida dele. Desde o meu primeiro namorado é assim. O grande problema é que essa conclusão sempre chega com um atraso de cinco anos. No mínimo. 
E ainda tem homem que reclama quando eu demoro no banho.
E aí que entra a tal arte de levar foras que me refiro no título deste post. Com o passar dos anos me tornei mestra nessa tal arte. E sabe porque, amores e amoras? 
(Momentos de tensão e suspiros de expectativa, por favor!) 
Porque me exponho na vida!!! 
E isso não é ruim, não! É ótimo! É maravilhoso! É lindo! 
Decidi, depois de muito sofrer em silêncio, escondendo amores, que soube depois (vejam que grande merda) eram correspondidos, não guardar verdades ou desejos até que fosse conveniente ou menos arriscado mostrá-los. Claro que dói escutar não. Ah, como pode doer. Tem que ter um ego muito bem estruturado e mesmo assim, muitas vezes rastejei recolhendo caquinhos de orgulho. Há períodos em que fiquei do tamanho de nada e decidi entre cervejas, amigas e ressacas, por semanas, meses ou anos, nunca mais arriscar, nunca mais dizer, nunca mais. Até que. De novo. Outra vez. Porque eu também aprendi que existe o sim, e aqueles que o dizem são os únicos homens que merecem, seja por uma noite ou uma vida inteira, a companhia de uma mulher que, mesmo morrendo de medo, o desejou tanto a ponto de esquecer os clichês acerca do que é um "comportamento aceitável para mocinhas". 
Óvio que estou arrasada, e que como tudo que eu escrevo aqui, falar de coragem pode ser apenas uma forma de esconder a covardia. Em não enviar as tais cartas. Em não dedicar o tal livro. 
Nem sei se ele tem o endereço desse blog, porque talvez, só talvez, se ele tiver, esse post seja apenas uma forma que eu encontrei, de declarar o seguinte para ele, amor da minha vida (por hoje): 
"Bipolar, meu fio? Ah, se sesse!!!! Começo a concordar com quem diz que eu sou é polipolar. Pois é. Abusada. Chata. Metida. Prepotente. Sou mesmo. E ainda te faço um último favor, me justifico: é que já tive demais dessa coisa que você insiste em não me oferecer. E que não é nem isso nem aquilo. Então pode me chamar do que quiser, contanto que não me chames mais. "
Rezemos!

5 comentários:

Clara Gurgel disse...

Uau!! Voltou com tudo,hein?! Adoro essa sua inteligência "agridoce". Bj!

Leonardo Xavier disse...

Algumas vezes eu tenho a impressão que é sempre inútil se declarar... geralmente se a pessoa tá interessada ela percebe o quanto a gente gosta dela.

S. disse...

Será mesmo, Léo? Pensarei à respeito.
Ah, Clara. Que elogio bom! Xero!!!

Marcantonio disse...

A gente fica acostumado a clicar no 'curtir' daquela merda de Facebook. Cadê? Creio que já curti esse texto por partes, lá mesmo.

Sabe que é bom voltar aqui?

caso.me.esqueçam disse...

tem certos blogs que eu leio e que nunca sei o que comentar. esse eh um deles. admiti isso pra lu (porque nunca comento por la) e ela disse que comentario era como abraço. achei bonitinho. dai entao, queria te dar esse abraço aqui. dizer que adorei o post e esses etcs da vida. tou por aqui...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...