quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Então é... né?

Tirei os vestidos bonitinhos da mochila para que coubessem minhas linhas, agulhas, papéis, tintas e pincéis e... desisti. Então é. Mala de rodinha, e assumidamente uma mulher que não vive sem creme de pentear. Ah, mas eu tentei, né? Peço publicamente perdão à N.S da mulheres de sovaco cabeludo e despidas de vaidades e sigo viagem amanhã com sua benção assim mesmo. Cheia de tranqueiras... e com excesso de peso.

Enfim, estarei durante um mês ou mais no Vale do Capão, como já comentei por aqui... e portanto, fora de área... sentirei falta daqui e de vocês, fofoletes...

Fica então, meus amores e amoras, essa que é minha oração não só de Natal, mas do para sempre. Ou até que digamos em uníssono amém... Sintam-se amados...

"Ao teu encontro, Homem do meu tempo, 
E à espera de que tu prevaleças 
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras, 
Te cantarei infinitamente 
à espera de que um dia te conheças 
E convides o poeta e a todos 
esses amantes da palavra, e os outros, 
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa. 
As coisas serão simples e redondas, justas. 
Te cantarei 
Minha própria rudeza e o difícil de antes, 
Aparências, o amor dilacerado dos homens 
Meu próprio amor que é o teu 
O mistério dos rios, da terra, da semente. 

Te cantarei 
Aquele que me fez poeta e que me prometeu 
Compaixão e ternura e paz na Terra 
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu."
(Hilda Hilst)

E a música é... só vou ficar por lá... mais um pouquinho, ok? Inté!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vontade

Um tal cara ligou às quatro e meia da manhã desses dias. Não atendi porque não vi. Nada demais. E mesmo que visse. Provavelmente não. Ele insiste, depois de termos entre bebedeiras e vontades, que não é isso o que foi. Isso o que? - dá vontade. De perguntar. Vontade de mim? Como a que te faz ligar sempre que bebe? Como a que se infiltra nas ligações atendidas do meu celular vez ou outra?

Ah, eu sei. É só porque ele ri comigo. Se sente. A vontade. Mas só de ligar. E de falar sério. Só falar besteira. De apenas escutar em silêncio minhas baboseiras todas. E rir de novo. E sentir vontade de novo. De comentar o filme. O trânsito ruim. Do seu dia. Da noite de ontem. De escutar uma música e achar minha cara. Lembrar de se lembrar, se por acaso a gente se encontrar, de me contar. De tal artista. A tal piada. Os fatos. Não, eu não sou a tal. Não precisam me lembrar. É, eu sei. Que ele quer ser "apenas" meu amigo. 

Merda! Os homens tem mesmo medo de mim. Aceito e eu também me assusto. Com a covardia. A minha e a alheia.


Aí teve um. Outro. Quarenta e oito horas de anestesia. Mentiras amigas, daquelas antigas. Num quarto de hotel turismo em corpos, garrafas e alegrias. Fez as malas e foi embora. Me deixando com a bagagem de sempre. Tudo de (a)interior. Pesar, saudade, medo. Dor.


E estou doente. Tento me arrastar de volta pra cama, tão vazia. Ela. Eu também. O vazio é uma espera, poetizo.

Mas estar de joelhos não é fácil para ninguém. Nem para pedir, muito menos para apoiar um primeiro pé que sirva de impulso pro corpo inteiro seguir junto com a necessidade de levantar. E continuar sobrevivendo.

Sim, a música é óbvia. Mas quem foi que disse que eu também não era?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O amor é minha religião

"O amor é minha religião. Do tipo que quanto mais posta à prova pela ciência do desprezo, os cálculos de nãos e o ateu cinismo, eu, mulher de fé que sou e sinto, mais e mais e ainda mais acredito."
Escrito em papel na casa de E. entre vinho, amigas, ironia e esperanças. Hoje.

O amor desliga o despertador porque não tem hora para acordar. Também dorme raramente e antes dos seus poucos cochilos me arranca as máscaras e os cabelos. 
Me faz falar a verdade, mesmo entre parênteses e entrelinhas. É principalmente sussurro e sopro entre as pernas. Me despe do não, me mostra inteira, em total desrespeito. Por isso amor, mesmo no escuro, é claro, desassossego. E no entanto paz extrema de estar bem. Amor é pro outro, mas principalmente comigo. Também.
Pensei que não o conhecia, mas sempre que nos cruzamos por aí, ele encomprida os olhos, me espia. Eu me benzo, digo amém. Finjo que não tropeço, desacelero o passo. Por receio de cair, sucumbir, morrer de. Confesso.
Ah, esse bicho doido, fez de mim caça e algoz. Morde-me os calcanhares, arranca-me da letargia e do meu fingido desprezo, sucumbe a meus pés, exige, sangra, me estraçalha o coração. Não me deixa nem um pedaço. 
Me ensina a acreditar na intuição, a esquecer o não. A não morrer na praia. De fome. De medo. No entanto amor é calma. No desespero.
Falo dele em bares, bebo-os em copos e corpos, me embriago só de sabe-lo. Mais, ai de mim, amor é alcool, volátil. Quando tento capturá-lo em fogo de desejo, evapora e deixa-me. De ressaca. Nua em pelo.
Leio-o em livros, choro por seus fins em palcos, concordo em filme seu conselho. Amor é um espetáculo. Que tem sempre bis. Amor é cansaço. De exposição e aplauso.
Amor é recomeço.

Medo e estrada

Eu só queria te fazer feliz. No meio da estrada, no meio do mundo. Como se diz: eu acho que poderíamos... Você sabe, eu sei... mas tem o silêncio... calar a boca é o mínimo que devemos ao cinismo. E à todas essas coisas sem nome que nos obrigam a permanecer assim. Mesmo. Nos somos a geração dos que morrem de medo... do tipo de gente que seria feliz para sempre como na música de Renato Russo. Ai Ele morreu e nós também, meu bem...antes mesmo de termos começado a acreditar um no outro.

Curta e grossa

Não quero mais amor, muito menos compromisso. Nem festas, nem sexo, nem isso, nem aquilo. Nada de mais. Nem de menos. Do que eu preciso? Apenas que nasça logo esse meu dente siso. 
E o comentário abaixo é mais um oferecimento da série "Das vezes que precisamos nos valer do direito de sermos baixas e vulgares" 
- Você me cozinhou mas foi outro que comeu.

E tenho dito!

Possível

"Um pouco de possível, senão sufoco." 
Deleuze 

Tenho escrito de forma muito fragmentada. E é no facebook, seja pelo feedback instantâneo, pela possibilidade de sacar a opinião de gente que me conhece in loco, por poder espezinhar algumas outras pessoas ou simplesmente pela minha necessidade umbiguistica de me expor, que as ideias vão se organizando até acabarem se transmutando num post como esse. 
O fio condutor desses dias: "amores possíveis". 
Que são muitos. 
E sim, eu acredito em duendes. 
A questão é que nesse mundo virtual muita gente acaba por vestir a carapuça das atualizações de status alheias.
Eu então, que adoro um vestido emprestado, nem se fala...
Mas olha, sério... eu já amei, fui apaixonada ou pasme, apenas transei com outras caras além dele. Acredite, eu já levei pés na bunda que doeram bem mais. Eu leio os mesmos autores, escuto as mesmas bandas e cantores, danço nas tamancas, borro o delineador, rabisco em guardanapos soluços e impropérios bem antes de qualquer história que possa ser chamada de "nossa". E não, não me tornei uma "feminista amarga" apenas porque ele não me quis. 
Na verdade nem sei se sofri por não ter sido desejada e sim porque naquela hora, em pleno processo criativo (que rendeu um livro de pseudo-poemas e uma exposição, a minha primeira individual) eu simplesmente precisava de algum referencial além dos "fantasmas dos Natais passados". Algo como esse twitter de relação, 140 caracteres de frases batidas, que mesmo em grande parte também imaginada, tinha qualquer coisa de aporte nas lembranças de uma realidade qualquer. 
Mesmo que pouca. Mesmo que doída.
E eu não poderia magoar ninguém que estivesse perto. Ou que já estivera na minha cama.
O que acabou acontecendo, vejam que merda (e que eu só me dei conta quase agora), foi uma puta de uma elaboração de todo um processo de perda, não deste amor fajuto e vão, mas da minha própria capacidade de acreditar nele. No tal desse sentimento. 

Mas sempre existem as possibilidades.
E as mudanças.
E o ontem... em que era muita gente cool para pouca referência bibliográfica na parte que me cabia naquele latifundio. E eu que nem com óculos de leitura me enxergo mais nas citações de Clarice, porque não choro, muito menos encolhida, fiquei foi dançando pequenininho, numa timidez que não estava escrita. Torcendo para que um outro avistasse em mim qualquer coisa além das aspas.

E a música é... duas notas, maestro...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Dia de chorinho.

Pelo que foi, se foi, poderia ter (s)ido.
Pelas perdas tão profundas da amiga.
Por conquistas superficiais e tão minhas.
Por ter vivido.
De tanto amor que esbanjo.
Pelo tanto que guardo.
Por causa do mau e do bom bocado.
Pelas levezas insustentáveis.
Pelo fardo.
Por isso.
Por nada.
Por tudo.

Só um chorinho
por aquilo
que pouquinho.
 

 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Continuamos lindos!

No meio da minha obsessão esqueci de escrever sobre o Rio. Que não foi Janeiro e sim Setembro. E que teve a e o Rafa como paisagens preferidas dentre tantos cartões-postais. Mas falo do Rio de Setembro meio que como desculpa, porque hoje me dei ao desfrute de ler, verdadeiramente voltar a ler os blogs destas pessoas que primeiramente conheci por aqui (em blogsville, como diz o Rafa), para só então encontrar pessoalmente. Enfim, não sei se é coincidência ou apenas um processo natural de mudança, mas notei hoje, ao voltar a encontrá-los em letras e linhas, alternando susto e suspiros, detalhes que não me eram mais familiares. 
Que a Lú tem escrito bem menos sobre si (?) e muito (mas também lindamente) sobre cinema. Que o Rafa quase parou de escrever e tem voltado a fazê-lo, aos pouquinhos, também agora, no momento em que pretende juntar os trapinhos com uma pessoa deliciosa que também tive a alegria de encontrar na minha estada por lá. 
E finalmente, que nenhum de nós escreveu um post que tratasse só e sobre nosso encontro.
Não posso dizer o quanto a Lú e o Rafa influenciaram minha vida, minha forma de escrever e as mudanças ocorridas desde que o tenho feito por aqui. Por isso minha surpresa ao notar que desde o Rio em Setembro, algo inexoravelmente mudou para cada um de nós. Que ninguém, creio eu, ainda conseguiu entender muito bem. Ou se entendeu não ousou comentar.
Claro que essa é uma opinião minha e só posso falar por mim. Talvez eu esteja apenas imaginado coisas, mas a sensação que tenho é que durante muitos meses, estivemos imersos em vendavais interiores particulares demais para entender o que estava acontecendo um com o outro além de olhando dentro de nós mesmos. 
Talvez um refletindo o outro, medos e terrores e sonhos, num complicado jogo de espelhos, ao nos encontrarmos, todos juntos, acabamos nos reconhecemos foi apenas em... nós próprios. 
Não sei...sei que os amo, de uma forma naufraga e estranha e estrangeira. No entanto tão próxima e porto e irmã. Que não se explica nunca muito bem. Mas que um hora se diz. Como agora. Ou nunca. Talvez, como sempre, eu só esteja falando de mim mesma, mesmo que fale deles.
Sei não... só sei que foi assim...   


Óbvio!

Quando te dá vontade de dançar I'm Surviver em boite gay é sinal que vocês já está pronta pra outra.
Da série: mulher é tudo bicho óbvio!

Prioridades

A amiga-esposa* está morando no Vale do Capão. Vou visitá-la nessas férias. Não sabe onde é isso? Pesquisa no google e morra de inveja.
Já pesquisou? Eu já disse que vou visitá-la nessas férias?
Me lembro dela todos os dias. Tenho sentido falta. De tanta coisa. Pequenas e grandes. Tipo... como quando ela me contava uma história, meio séria, meio rindo, meio sei-lá-o-quê, como essa:
- Estava muito infeliz. Muito. Aí eu queria me matar, sabe? Queria muito, mas tinha um jogo de handball naquela tarde e não dava tempo.
tinha-um-jogo-de-handball-naquela-tarde-e-não-dava-tempo.
Sinto uma falta escandalosa das prioridades dessa mulher!

*Amiga-esposa (para os iniciantes aqui) é assim conhecida não por ser minha companheira de cama, mas por termos, entre muitas histórias juntas e anos de amizade, também dividido um apartamento.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Abusada (ou da arte de levar foras I)

Trabalho de Robson Xavier
Já levei muitos pés na bunda. Quem me lê aqui sabe, quem me conhece de fato, confirma. No entanto, desde que parei de escrever por essas bandas, justamente por causa de um, venho pensado muito à respeito do assunto. 
Ouxe, se perguntarão alguns, mas não foi porque ela tinha perdido a senha do blogger? Também. É que numa grande cachaça resultante do tal chute no traseiro, resolvi trocar minha senha (versão virtual para mudar radicalmente o corte ou a cor do cabelo). No outro dia não me lembrava mais qual era a porra do código que abria espaço para meus desabafos. Para as mudanças de sentimentos. Freud explica?  
Então tá, durante esse tempo resolvi chafurdar na obsessão. Foram três meses que renderam muitas atualizações de status no facebook na torcida de que "ele" lesse meu desejo, um livro inteirinho com cem poesias de pseudo-amor pro dito cujo, uma total falta de presença masculina na minha cama ou entre minhas pernas. Três meses. Juro. 
O engraçado é que nem a , que escutou madrugadas inteiras minhas teorias de que toda poesia, música ou espirro postado nas redes socais pelo varão escolhido para ser costela das minhas ilusões, era, claro, óbvio e ululantemente para mim, e para quem pedi ajuda para recuperar a tal senha entendeu do que se tratava. Pensou que eu estava falando de um outro blog que trata de uma outra história. 
Enfim, um dia desses, depois de ter passado a madrugada na casa de um amigo, entre vinhos e soluços achei na bolsa uns papéis que me fizeram pensar seriamente em andar com uma placa pendurada no pescoço: Não deem uma caneta à esta mulher que ela vive bêbada! Quando meu consolo foi pensar que podia ser bem pior, que eu podia estar com acesso à internet foi o alarme de loucura iminente, completado quando me flagrei, em outra ressaca desgraçada, numa segunda-feira, pedindo em tom conciliatório ao cachorro da uma outra amiga (animal mesmo, viu?), enquanto ele (o cachorro da minha amiga, não meu amor) mastigava um papel higiênico roubado do cesto de lixo do banheiro:- não me faça perder de vez a fé na humanidade, meu bem! ‎
Para me consolar e claro, dar uma espiadinha no perfil do infeliz (do meu amor, não o cachorro da amiga), voltei à terra indômita do face. Alguém tinha postado algo como "Trabalha na empresa: estou desempregado." Quando se começa a gargalhar histericamente com a desgraça alheia é lógico que está na hora de começar a rezar pra N.S da alopatia pesada. Ou voltar a escrever aqui. Escolhi ambos. E resolvi parar de pirar.
Claro que ainda não consegui rasgar as catorze cartas que escrevi e não enviei (além dos cem poemas), mas já estou bem melhor.  
Uma das coisas que me ajudou foi dar uma reprisada no meu histórico de relacionamentos e saber que ele ainda vai entender o que perdeu. O que perdemos. E antes de você começar a achar que realmente estou dançando o cisne negro, saiba que tenho provas de que isso vai acontecer.
Sério mesmo. Ninguém acredita ou parece prepotência quando eu conto, mas todo cara com que eu me relacionei, acaba descobrindo que eu sou a mulher da vida dele. Desde o meu primeiro namorado é assim. O grande problema é que essa conclusão sempre chega com um atraso de cinco anos. No mínimo. 
E ainda tem homem que reclama quando eu demoro no banho.
E aí que entra a tal arte de levar foras que me refiro no título deste post. Com o passar dos anos me tornei mestra nessa tal arte. E sabe porque, amores e amoras? 
(Momentos de tensão e suspiros de expectativa, por favor!) 
Porque me exponho na vida!!! 
E isso não é ruim, não! É ótimo! É maravilhoso! É lindo! 
Decidi, depois de muito sofrer em silêncio, escondendo amores, que soube depois (vejam que grande merda) eram correspondidos, não guardar verdades ou desejos até que fosse conveniente ou menos arriscado mostrá-los. Claro que dói escutar não. Ah, como pode doer. Tem que ter um ego muito bem estruturado e mesmo assim, muitas vezes rastejei recolhendo caquinhos de orgulho. Há períodos em que fiquei do tamanho de nada e decidi entre cervejas, amigas e ressacas, por semanas, meses ou anos, nunca mais arriscar, nunca mais dizer, nunca mais. Até que. De novo. Outra vez. Porque eu também aprendi que existe o sim, e aqueles que o dizem são os únicos homens que merecem, seja por uma noite ou uma vida inteira, a companhia de uma mulher que, mesmo morrendo de medo, o desejou tanto a ponto de esquecer os clichês acerca do que é um "comportamento aceitável para mocinhas". 
Óvio que estou arrasada, e que como tudo que eu escrevo aqui, falar de coragem pode ser apenas uma forma de esconder a covardia. Em não enviar as tais cartas. Em não dedicar o tal livro. 
Nem sei se ele tem o endereço desse blog, porque talvez, só talvez, se ele tiver, esse post seja apenas uma forma que eu encontrei, de declarar o seguinte para ele, amor da minha vida (por hoje): 
"Bipolar, meu fio? Ah, se sesse!!!! Começo a concordar com quem diz que eu sou é polipolar. Pois é. Abusada. Chata. Metida. Prepotente. Sou mesmo. E ainda te faço um último favor, me justifico: é que já tive demais dessa coisa que você insiste em não me oferecer. E que não é nem isso nem aquilo. Então pode me chamar do que quiser, contanto que não me chames mais. "
Rezemos!
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