domingo, 8 de maio de 2011

Ópera bufa

"Eu não estava quebrado, foi só uma interpretação, uma versão daquele ato final. Um sonho curto, ruim e mesquinho dentro do meu sonho maior, longo e aberto - apelidado de vida real, existência, a lucidez com suas esquinas e possibilidades. Eu não me quebrei, só atribui importância demais à oscilação momentânea da minha autoestima, valor demais a mim mesmo, pior, ao objeto dessa dependência psicologicamente física. Uma versão demasiado dramática do meu abandono. Fiz da minha vida uma ópera, um livro." Gabito Nunes

É uma puta de uma sacanagem o que tenho feito comigo. Me saboto sim, verdade, mea culpa, mea máxima culpa, assumo. Coloco o pé na frente, me dou rasteira, enfio-os pelas mãos.

Mas continuo seguindo, caralho, sou quase uma propaganda de uísque. Claro que com a licença poética do meu jeito desmantelado, trôpego, caindo pelas tabelas. Mas sigo, porra. De olhos delineados e cachinhos sapecas. Sempre.

Só que burramente tenho me contentando em não exigir a poltrona da janela. Tô perdendo a vista, baby. Vê que auto-pilantragem, paguei caro pelo lugar e deixei que uma mexicana dramática o ocupasse.

Como disse, eu me saboto. It´s my life, senhoras e senhores.

E a ficha inventou de cair, no meia de uma dose de cana com abacaxi e do trago no rolúidi quase inda agora. Porra, que pretensão a minha, querer me dar ao direito de sofrer por quase-amores. Imaginá-los tamanho extra G esses jeans de anoréxicas emocionais.

E eu, uma jovem senhora, tenho que prezar meus cabelos brancos tingidos de Chocolate Imédia Excellence by L´oreal Paris e parar de querer morrer todo dia as seis da tarde ou se o telefone não tocar e se tocar e não for ele. Até porque pedi meu celular no meio de uma boite noite dessas. Neste mesmo dia, sem cigarro, sem grana e sem vergonha na cara eu chegava na área de fumantes, e falava: “Eu podia tá roubando, eu podia tá matando, eu podia tá me prostituindo, mas eu só estou aqui pedindo um cigarrinho a vocês...”

Vou é usar a cara de pau que me veio de brinde ao nascer e pedir meu lugar de volta a tal mexicana rapariga. Porque essa viagem é minha. E tenho dito.

Rezemos, irmãos e irmãs!

6 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

Adoro o código semidecifrável que você usa pra fazer - do texto - meio prosa, meio poesia, meio delírio (tá, nunca fui boa em matemática)...e encantar sempre. Na janela, claro, e boa viagem.

Leonardo Xavier disse...

Amém!

Marcantonio disse...

Porra, não importa se é tudo verdade ou não, é um texto do cacete! Cê tava inspirada!

"Imaginá-los tamanho extra G esses jeans de anoréxicas emocionais."

Phoda.

Beijo.

Rafa disse...

Senhor, escutai a nossa prece!

Eu já te disse que te entendo com a minha vida?

Bj

Belos e Malvados disse...

Este texto é tão a minha cara em tantos aspectos, que nem te conto. Chega doi.

Menina no Sotão disse...

Hoje eu estou naqueles dias, sabe? Tudo zen: zen vontade de ler, de ser, de estar, permanecer. Vamos oras, só não sei pra qual deus. Tem uma lista aí? Na dúvida a gente apela pra todos. rs
bacio

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