quinta-feira, 5 de maio de 2011

Correspondência


Caro,

Me ensinaram desde pequena que o que era meu estava guardado. A essa altura da minha vida, desconfio que só podem ter esquecido onde. Mas fico brava não, e sigo empinando nariz e tomando cerveja demais e espalhando gargalhadas escandalosamente, fingindo que não morro cada vez que descubro que não era nada disso.

Porque não foi, sabe? Não conosco.

Por esses dias, comecei a rabiscar, sonhando alto, a planta baixa da minha futura casa. Muita madeira para aquecer, muito vidro para ver-verde do lado de fora. E um quarto. Só.

Pensei: Sou feliz.

Pensei mais: Quem precisa da presença de outro, tantos que somos.

Ainda: Nem dou conta de mim...

O travesseiro riu como se fosse você, bem da minha cara.

Mas minha vingança foi terrível, vingança de mulher desnudada. Matei-o afogado.

Amor, S.


5 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

Virou tendência. Afoguei todos os meus, aproveitei a banheira cheia afoguei lençóis, colchas, almofadas...só não consegui afogar as mágoas. Quede babylon, amiga, quede?

Rafa disse...

I'm done com essa coisa de amor... Bj

Alexandre Henrique disse...

Tava off line neste texto. Tadinho do travisseiro ahsuhuashuheuhsu

Belos e Malvados disse...

Tanto que somos. E ainda é pouco.

Menina no Sotão disse...

Você me deu uma idéia para o que fazer com um personagem que anda me atormentando aqui. Vou praticar. rs
bacio e bom fim de semana

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