sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mulher é desdobrável 2 – ou – Puta?, presente!

Esse texto é, além de bem escrito, uma aula para muito babaca machista que infelizmente ainda existe por aí. "Roubado" lá do Blogueiras feministas. Aproveita e dá uma passadinha por lá depois....


A última vez que escrevi aqui, falei de como o fardo feminista andava pesado. Ou de um lado somos mal humoradas e mal amadas, ou de outro fáceis e destruidoras da família tradicional. (Ai, cansei. Meus ombros estão doendo)

Vamos lá, então. Ao final terminei citando uma frase de Simone de Beauvoir sobre essa mulher livre e seu fardo. ”Na França, principalmente, confunde-se obstinadamente mulher livre com mulher fácil”. E essa a segunda sina do feminismo – apesar de ter a sensação que o número pode ser ainda maior…

A estrutura do patriarcado sustenta-se, entre outras coisas, na repressão do desejo feminimo. Nossa cultura não só objetifica a mulher como também a infantiliza, tudo com uma mesma mensagem interna: o corpo feminino é uma propriedade de todos, menos da própria mulher. E aí vem o carimbo de que falei: uma feminista, ao defender a “retomada” do corpo feminimo para si mesma, torna-se o inimigo, a libertária…a puta (ok, desculpem o exagero da palavra, mas vamos lá, sem imposições da linguagem da mocinha, como bem já disse aqui a babslopes).

A cultura machista precisa repetir a mensagem de que o corpo feminino é um objeto, para a admiração e deleite de todos, ou melhor, para o controle masculino. Essa objetificação inferioriza – e eu nem precisava dizer isso, óbvio, se a mulher é um objeto… o que mais dizer? Com isso, no entanto, não me refiro apenas ao fato de transformar a mulher em um enfeite, um meio de vender de cerveja a carros; a questão vai além. A objetificação e a infantilização garantem o controle masculino sobre o desejo e o prazer femininos. E as feministas, de novo, no caminho. Ora, uma mulher que defende que o desejo feminino tem ou pode ter os mesmos contornos do tão proclamado, comentado, institucionalizado desejo masculino, só pode ser uma… puta! Afinal, o patriarcado não pode aceitar essa mulher libertária dona do próprio nariz… e do próprio orgasmo. “Como, então, continuar controlando essa mulher que já sabe os caminhos do próprio corpo e dele se reconhece, agora, dona?” pensa o patriarcado. “Daqui em diante, diremos que mulheres assim querem destruir a família, a moral, os bons costumes. Mulheres assim querem viver promíscua e irresponsavelmente e depois é só fazer um aborto” (porque né, uma mulher que defende o aborto já sai de casa pensando: vou transar por aí e qualquer coisa, tiro. Claro)

Então se defender que meu corpo é meu, que meu desejo deve depender apenas da minha livre decisão e não das imposições da falsa moralidade do patriarcado é ser puta: presente! E se você acha que isso retira o prazer masculino da conquista, da sedução… eu só posso dizer que você deveria conhecer mais feministas em sua vida e somar a ela um pouco mais de criatividade e prazer de verdade: essa conquista que se mistura a dominação, inferiorização e controle, está tão fora de moda, rapaz…

E se ao ler tudo isso você pensou: puta! Obrigada, você acabou de validar cada uma das minhas palavras acima.


2 comentários:

Leonardo Xavier disse...

Eu ficaria, muito feliz se um dia as pessoas parecem de querer impor um estilo de vida aos outros.

Menina no Sotão disse...

É tão fácil dar ao outro uma alcunha, um rótulo por causa de seus atos. Eu confesso que não tenho tempo para me preocupar com as atitudes alheias. E acho que as mulheres são donas de seus corpos e devem fazer com eles o que melhor lhe convêm. Eu tenho vinte e poucos anos (quase trinta) e convivi durante anos com aquela pergunta desagradavel "já esta namorando?" e qdo a resposta não era a esperada perguntavam imediatamente qual era o problema comigo? hahahahahaha
Conheci o meu namorado aos 21 anos, nos envolvemos, ele me conquistou e estamos juntos desde então. Ele é meu primeiro namorado, homem e amante. Gosto disso, mas isso é pra mim e não para as outras e outros.
Pra mim, na minha concepção pessoal: putas são aquelas mulheres que estão com um homem e se envolvem com outros ou outras porque pra mim deve ser um por vez e se sabe de antemão que quer se divertir, seja sincera e tá valendo. Mas isso sou eu. Não digo ao vento qual deve ser sua direção. Não mesmo. Muito bom o seu post e sinceramente não a vejo como feminista, até porque eu confesso que já cansei do discurso feminista. rs
bacio

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