Na primeira vez que me separei de W. passei um mês inteiro em que chegava do trabalho, tomava três doses de uísque escutando a música acima e chorava e chorava e chorava.
O que eu posso dizer de nossa história?
Esse amor sempre foi muito maior do que eu. E sim, ele também me amou com todas as forças que tinha. Mas nunca fomos parecidos. Eu libertária, ele cercado de convenções. Eu literatura e artes, ele veterinária. Eu livre, ele com medo.
Nos restava tentar, e tentamos e tentamos e tentamos, mas fui eu que comecei a ceder demais. Quando quase não me reconhecia mais, tive que partir novamente. Doía saber que ele pensava que eu nunca o amara por ter feito isso.
Hoje, no advogado, ví que W. sabia que cedo ou tarde eu iria embora. E se protegeu financeiramente de todas as formas que podia. Não há nada que eu possa fazer para provar nossa união estável sem perder muito tempo e muito dinheiro. Nosso divórcio foi homologado há anos e nesta época não fiz questão de divisão de bens. Então é isso... a guerra acabou antes de começar.
Saí completamente desnorteada do escritório de advocacia e passei no banco para verificar meu saldo. Ele tinha depositado 200 reais na minha conta. Seria engraçado se não fosse tão triste.
Peguei o ônibus e desci três paradas depois da minha casa, entrei na loja de material de construção e com uma parte do dinheiro comprei esmalte sintético vermelho, lixa, pincel e thinner.
Estou pintando agora o primeiro móvel que tenho desde que separei, uma cadeira de ferro que ganhei da minha amiga-chefe-mestra, uma mulher que teve todas as páginas de sua tese de mestrado riscadas com a palavra vagabunda pelo ex-marido.
E nesta cadeira que descansarei das lutas que sei que ainda vou enfrentar. Ela será meu símbolo da certeza que posso e vou sobreviver a qualquer coisa. Porque disso eu não tenho dúvidas, eu vou sim sobreviver e este será o primeiro de uma série de objetos, projetos, pinturas, amores, decisões e boas coisas que terei ao longo da minha vida.
E sim, sem querer parecer boazinha (o que não sou), eu o perdôo com todo o amor que ainda carrego dentro de mim. Porque ambos somos culpados e é tudo tão triste que não resta mais o que fazer além de esquecer.
E não se preocupem comigo, no fundo quem ganhou essa guerra fui eu.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Sem querer...
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5 comentários:
Pegando um pontinho do que você falou, sempre achei aquela história que "as diferenças atraem" meio falha nos relacionamentos amorosos. Se elas atraem, são as semelhanças que mantém os dois juntos. Eu e meu primeiro marido éramos o oposto um do outro e foi uma situação extremamente difícil. Todo dia agradeço porque acabou.
Menina, que triste tudo isso. Triste saber que tentar sinceramente não quer dizer que não vá terminar; mais triste ainda é pensar que pra terminar tem que fingir que não é amor e sim ódio. Espero que termine logo, pra você poder colocar tudo isso definitivamente no passado.
Eu não me preocupo com você, eu amo você.
Eu acho terrível a idéia de me imaginar tendo que ir resolver na justiça uma situação com uma pessoa que eu já amei algum dia. Deve ser uma sensação ruim, esta de sentir que não há mais carinho e amizade onde um dia já houve amor.
(As lágrimas) parece uma reprise da minha vida rsrs.. sim minha flor foi vc quem ganhou a guerra!!! bjos até breve ( bem breve )
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