Lembram que dia desses eu estava tentando escrever um conto erótico? Pois bem, espero que não fiquem chateados de colocá-lo por essas bandas, mas quero saber de meus três leitores, o que acham do meu futuro como libertina literária. Ei-lo, pois.
Chuva
Querido M.
Espero que esteja tudo bem com sua terceira esposa (ou é a quarta?). Como é mesmo o nome dela? E os filhos todos, como vão?
Resolvi te escrever, porque ainda nos lembro. Muito. Deve ser por causa do excesso de vinho e uísque barato dos últimos longos anos e a proximidade dos quarenta. Ou porque tenho trepado muito pouco ultimamente. Este seria, entre risos, seu veredito final, tenho certeza.
Enfim, essas lembranças são principalmente sobre sua delicadeza e insistência em certos carinhos tão seus. Daqueles do tipo que depois de algum tempo sendo feitos, me deixavam pronta para enfrentar banheiros em bares cheios ou ruas escuras em locais ermos . Carinhos que até hoje se por acaso repetidos em meu corpo por outro alguém, me levam de volta ao tempo de nós dois.
Por exemplo, quando mesmo entre amigos e cervejas, pegavas minha mão, e exploravas em círculos minha palma, com um língua lenta e morna e molhada e tesa. Eu gostava de ver seus olhos abertos, divididos entre me fitar de soslaio e prestar atenção à conversa das pessoas na mesa que estivéssemos.
A resposta da minha mão, quando me era devolvida, longos minutos depois, era pegar no teu pau por cima do jeans sujo que estivesses usando. E ele sempre estava duro, como se com tua língua tivesses lido que meu futuro próximo era foder contigo noite adentro.
Gostava também quando com tua unha comprida de violonista coçavas engraçado por trás do meu joelho, um sinal de que logo depois, irias com uma leve pressão de dedos apertando minha coxa até enfiar teu dedo na minha boceta molhada. As calcinhas foram abolidas, os vestidos se tornaram meu uniforme na nossa batalha diária. Alguém chegou a vencê-la, querido?
Encontrei a Ana dia desses num boteco aqui na cidade louca, e ela me lembrou que foi você que me fez beijá-la a primeira vez. Disso eu não lembrava, mas ainda sinto o gosto do riso que te acompanhava quando eu acordava em nossa cama e puta da vida, expulsava a mulher que por acaso estivesse conosco. E então, quando eu voltava para o quarto e começava a quebrar coisas, você me derrubava no chão e prendia minhas mãos e sufocava meus gritos com um beijo agressivo e antes de se meter entre minhas pernas com brutalidade, comentava que eu havia adorado cada momento com a tal desconhecida. Eu sempre acreditava em você. E gozava. E gozava. E gozava.
Enfim, lembro principalmente quando você correu atrás de mim numa rua alagada, no meio de uma chuva infernal, quando decidi que aquele estado de eterna ânsia e desejo só poderia acabar nos matando. Lembro quando eu finalmente cansei e sentei naquele banco de praça e você estava lá logo depois, e me obrigou a sentar no seu colo e me comeu agarrando meus seios com força e puxando meus cabelos com raiva. E quando me sabias preste a gozar, me empurrou para longe de ti e de volta à minha decisão. E me deixaste sozinha.
Desde então, nunca mais parou de chover, querido.
Daqui a três dias estarei de volta à nossa cidade, e marquei com alguns de nossos velhos amigos no mesmo velho local. Se puderes aparecer, te prometo minha mão em cima da mesa, novamente à espera de tua língua. Irás?
P.
4 comentários:
Gosto de encontros e não digo mais que minhas asas ficaram de uma cor só...vermelhinhas!
Ah S., eu acho que é uma história de amor, talvez um pouco peculiar, mas que tem a sexualidade natural nos relacionamentos adultos. Eu gostei, porque o texto me pareceu sincero e, honestamente, nada vulgar.
Vou com o Xavier um conto erótico-sentimental com gosto de proibido, nunca duvidei do teu potencial.
Afff, que amei!! Andava meio descrente desse tipo relaçao/loucura/tesao... Tu conseguiu ser excitante e real, sem vulgarizar. Nao p'ara nao!!!
bjin e sucesso sempre!
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