quarta-feira, 7 de julho de 2010

Guerra

- Porque você não me avisou antes?
- Estou avisando agora.
- E as minhas contas desse mês?
- Arrume um emprego. Eu não tenho que trabalhar para pagar seu aluguel.
Depois do telefonema num orelhão de esquina, eu comecei a chorar descontroladamente no meio das pessoas em pleno centro da cidade. Uma amiga me tapa os olhos e ao escutar entre soluços o que tinha acontecido, me oferece conforto na forma de um emprego de dois horários. Telemarketing. Começo a planejar mentalmente o trancamento do meu curso.
Vou para casa da amiga-mestra-chefe que já imaginava que isso ia acontecer. Choro mais. Mil telefonemas. O advogado indicado pelo primo, com muita delicadeza, me convence que é um direto meu, pelo menos de acordo com a legislação Brasileira. Marco um encontro para o outro dia. Hoje.
Me sinto menos puta, o que o ex-marido tinha me convencido via Embratel que eu era. E interesseira. E sem coração. E irresponsável. E que nunca o amei. E que merecia passar fome, sede e frio por isso, ora pois. O que eram quinze anos, se eu o larguei?
Choro mais um muito quando a comadre liga e diz que vai segurar minha onda seja lá o que eu decidir fazer e que o irmão dele também está do meu lado. Me oferece uma grana que vai receber na sexta. Mais lágrimas.
Não consigo fazer mais nada. Venho para casa.
Dou um jeito no pescoço de tanta tensão e a amiga chamada de emergência chega em minha casa com miojo, vinho e massagem. Coloca os pingos nos is. Todos, menos eu, esperavam isso acontecer, ela esclarece. Ele quer sim, me magoar. Como sempre. Me sinto burra, todos menos eu, o conheciam.
Então choro descontroladamente por mais alguns minutos.
Como sempre esse homem consegue me atingir e apenas duas taças de vinho depois, me encolho em posição fetal e me escondo num sono de doze horas. Como sempre fiz quando ele nunca chegava ou quando me fazia sentir menos. Quando me convencia que eu só valia algo por estar com ele.
Acordo e a amiga está ao meu lado. Aliso seu cabelo, agradecida e faço café para nós. Me dou conta que não foi um pesadelo.
Agora estou indo para meu estágio de 300 reais e depois vou encontrar o tal advogado. Meu primo, policial federal, ficou de passar na minha antiga casa e pegar meus documentos, que ainda se encontram por lá.
Sim, caros amigos, a guerra começou.

3 comentários:

Unknown disse...

Sei bem como é isso querida, passei por uma dessas parecida a diferença é que se tem 2 crianças, mais vai tudo se resolver, se precisar de mais uma no seu batalhão pra enfrentar essa guerra, tuh sabe que pode contar comigo.
Força amiga qualquer coisa estou aqui
bjos bjos bjos

Luciana Nepomuceno disse...

Uma guerra, sim, e eu na trincheira, ao se lado, é só dizer como e onde. Bjs carinhosos

Caminhante disse...

Menina, que situação triste. Não se sinta tão burra, quem está envolvido nunca consegue ver com clareza mesmo. Espero que dê tudo certo, estaremos torcendo por você.

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